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domingo, 18 de dezembro de 2005

Delos, onde era vedado nascer e morrer!...


Esculturas de Delos
A minha Nota de ontem sobre o Prefeito de Biritiba, que proibiu os seus munícipes de morrer, fez-me lembrar uma viagem, há uns anos, pelas ilhas gregas.
Nessa viagem, estive em Delos, ilha sagrada, onde era proibido nascer e morrer.
Dessa ilha pequena e pedregosa emanava uma sensação de encanto que me deixou uma recordação única e profunda.
Delos constituiu para mim um local mágico, um daqueles poucos lugares onde se sente algo de estranho e indescritível.
Talvez pela paisagem, em que a rudeza do ambiente natural contrastava com a beleza das esculturas, dos templos e dos teatros que enchiam a ilha.
Talvez também pela sua carga histórica, que recordei no local.
Na ilha de Delos nasceram Apolo e Diana, filhos de Júpiter e de Latona.
O nascimento de Apolo é uma das descrições mais interessantes da mitologia grega.
Juno, a primeira esposa de Júpiter, nunca engraçou muito com Latona.
Vendo-a grávida, obteve da deusa Terra a promessa de que esta a impediria de achar lugar onde pudesse dar à luz.
Entretanto, Neptuno, vendo que a infeliz deusa não encontrava abrigo onde quer que fosse, comoveu-se e fez sair do mar a ilha de Delos. Sendo essa ilha flutuante, não pertencia a Terra, que assim não pôde nela exercer o seu poder supremo.
O seu carácter sagrado adveio-lhe dessa característica única e de nela ter nascido Apolo.
E, em homenagem a Apolo, ninguém mais pôde nascer ou morrer na ilha.
Nos casos em que não foi possível evitar esses acontecimentos, todos os habitantes eram obrigados a sair por vários anos, de modo a purificá-la e possibilitar o seu retorno.
Delos era uma cidade aberta e tolerante, que permitia o culto de todos os deuses e de todas as religiões conhecidas.
Esta universalidade foi ao ponto de se erguer um templo ao deus desconhecido!…
A Delos afluíam naturalmente muitos devotos e muitas peregrinações de todo o mundo grego e bárbaro.
E ainda hoje, em zona distinta dos templos e dos teatros e junto ao mar, se podem ver as ruínas da zona comercial e dos estabelecimentos onde se atendiam os turistas e devotos daquele tempo.
Era uma ilha sagrada para os gregos, e para mim, foi um local mágico e único!...

2 comentários:

Massano Cardoso disse...

Gostei imenso do texto e do seu sentido e significado. Não deixa de ser curioso a forma como os deuses encontravam soluções políticas para os seus problemas. Aquela do Neptuno ter feito emergir uma ilha flutuante, sobre a qual a deusa Terra não tinha jurisdição, fez-me recordar as soluções e a criatividade dos políticos actuais. Não há dúvida de que os deuses foram criados à imagem e à semelhança dos homens.

Anónimo disse...

Um pouco mais eficientes, talvez...