O mote foi lançado por Mário Soares no início desta semana: se Cavaco Silva ganhar as próximas eleições presidenciais "aceitará a sua legitimidade desde que sejam limpas". Questionado sobre o que poderia tornar menos limpas as eleições presidenciais, elaborou vagamente sobre a comunicação social.
No início e no fim do debate na RTP1, deu para perceber um pouco mais o que poderá tornar menos limpas as próximas eleições: o modelo dos debates não está ajustado ao estilo e à estratégia de Mário Soares, ele gostaria que os jornalistas lhe fizessem outras perguntas que não as que fazem e que os ataques feitos a Cavaco Silva foram por culpa dos jornalistas - "andam sempre a fazer perguntas sobre CS!".
O que Mário Soares está a tentar passar é uma tese muito simples: há uma coligação 2CS (Cavaco Silva + Comunicação Social) que está a limitar a liberdade de expressão do candidato Mário Soares. Ele não consegue levar a campanha e os debates para o estilo e ambiente que o poderiam favorecer, detesta as regras dos debates que o limitam, não quer defender as suas ideias, apenas pretende levar o adversário a cometer erros. Desta vez ainda não houve nenhum incidente que possa dramatizar.
Por isso considera o risco de estas eleições não serem limpas.
Pelo contrário, para mim, o problema de Mário Soares é o de que estas eleições estão a ficar limpas de mais.
3 comentários:
Insípidas até, estimado Professor! Não percebo porque é que toda a gente se escandaliza agora com o facto de um político querer um debate mais vivo, onde a retórica se sobreponha ao debitar de lugares comuns. Ou percebo...
Devo lembrar-lhe que algures neste blog o vi defender algo semelhante sobre a vivacidade do debate político entre políticos (penso que se falava dos debates na AR), em que até achava natural que os factos, no decurso de um debate, fossem ligeiramente «alterados».
Caro Professor Justino
Tendo Cavaco avançado contra Soares, não acha que se colocou em posição de poder ser forçado a deixar?
Caro Professor Justino
Não deixarei de ver o expresso, como sugere. A estratégia de deixar o adversário a falar sózinho funciona, em parte, como se viu hoje, em que, sem deixar de enquadrar as questões colocadas por Louçã, Cavaco teve a habilidade bastante para nunca lhe responder directamente. Mas, como diz, Soares está "suicidário" e parece-me que está naquele ponto em que crê, firmemente, que se arrasar Cavaco ao ponto da humilhação, ganhará as eleições. O que se viu hoje com Louçã é um vago e pequeno sinal do que Soares fará, duvidando eu que a estratégia utilizada hoje por Cavaco baste. A crispação de Soares e estas referências a eleições limpas, com a sombra da ameaça que lhes associou, fazem-me temer algo pior do que um crescendo de acusações e insultos por parte de Soares e seus seguidores.
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