Sejamos claros: o défice público de 6.02% do PIB em 2005, hoje conhecido, é um claríssimo mau resultado.
Por duas razões:
1. Desde logo, porque o défice de 2004 (descontando receitas extraordinárias) se tinha situado em 5.2% do PIB – logo, objectivamente, qualquer valor acima deste, é negativo. Ou seja, andámos para trás em termos de consolidação orçamental.
2. Mas o pior, mesmo, é que este valor de 6.02% foi conseguido com o recurso a aumento de impostos (e que aumento!). Ou seja: sem este "auxílio", o resultado teria sido ainda mais negativo.
E convém não esquecer que esta “ajuda” (o aumento de impostos), o que veio provocar, para além da continuar a financiar um sector público gastador e ineficiente, foi uma deterioração da confiança, um agravamento das condições da economia, e contribuir para a subida do desemprego.
Ora, perante este quadro, pergunto: como é que é possível que alguém se mostre satisfeito com este resultado?!...
5 comentários:
1. Entre 2004 e 2005 existe uma diferença: Em 2004 não houve aumento da função pública e em 2005 houve e foi orçamentada pelo governo do PSD.
2. O eng Socrates está a prometer eliminar alumas teias de aranha. O que é bom. Mas no grosso não vai, nem programáticamente o quer,mexer: Saúde, Educação, etc.
Está apenas a pô-las a dieta forçada. O efeito rebound será devastador.
Porque é da natureza das coisas que estes sectores se alarguem.
Menos Estado significa privatizar estes sectores (com lógicas sociais e não apenas de mercado puro. Aquilo a que chamo Estado de mercado social)
António Alvim
É absolutamente inacreditável que ninguém entenda que a economia portuguesa está em processo de colapso.
Caro vizinho Miguel Frasquilho, tento responder a um pergunta que me parece pouco interessada em ser respondida:
Pela primeira vez um governo fixou uma meta, estabeleceu os meios (e tanto quanto sabemos respeito-os!) e cumpriu com os objectivos (ainda que as regras tenham mudado - vide decisão do EUROSTAT quanto ao momento de contabilização da despesa em material militar, um tema que ameaça dar muito que falar e que desconfio vossa excelência irá minimizar).
Face ao passado recente e aos níveis de descredibilização a que o poder executivo tinha chegado este é por sí um evento que merece ser relevado.
Quanto ao resto (o que falta cumprir) cá estaremos para fazer o julgamento.
Deixe-me que lhe pergunte: se o défice de 2006 for inferior ao de 2005 isso é bom? Será apenas bom se respeitar a fasquia já assumida ou será preciso conseguir fazer mais para achar que é justo haver motivos para alguma satisfação?
Sempre que o leio neste tom julgador não consigo deixar de pensar: é preciso ter lata, muita lata mesmo.
Se pensar bem, lá no fundo, é por ex-governante como vossa excelência e com as responsabilidades que teve terem a lata de escrever agora o que escrevem (e particularmente em relação a estes números) que este tipo de acontecimentos justificam alguma satisfação.
Cumprimentos.
Caro Rui MCB,
Quanto à "sua" lata, estamos conversados, uma vez que escreve sobre factos que, obviamente, desconhece. Quando algum dia quiser saber algo sobre a minha passagem pelo Governo - que aliás, como se recordará, foi bem curta, excatamente um ano, e por alguma razão assim terá sucedido... - sugiro que não faça insinuações e me questione. Claro, de forma privada.
Talvez lhe seja mais útil.
Cumprimentos,
Miguel Frasquilho
Olá olá caro Miguel, como é possível que alguém se mostre satisfeito com este resultado? Bom, possível, já se verificou que é. Agora, como?... Se respondermos qualquer coisa como "perturbações ao nível da psyche", isto serve como demonstração de uma relação causal?
Caro Rui MCB,
As coisas que eu lhe podia contar sobre o EUROSTAT... mas enfim seria uma uma perda de tempo. De qualquer forma, permita-me elucidá-lo um pouquito sobre gestão de projectos.
Qualquer projecto, seja ele qual for, estabelece objectivos e estabelece os meios para os alcançar. No entanto, estas não são os únicos items a ter em consideração quando se compõem um projecto, há outros que são tão ou mais importantes do que a definição dos objectivos, mas adelante rocinante que eu não me posso esticar muito.
A definição de objectivos e a definição dos meios são sempre independentes das regras financeiras e/ou contabilísticas a aplicar, ou seja, os objectivos de uma projecto nunca podem mudar em função das regras financeiras.
Por isso, a questão da classificação das despesas de material militar (ou outras despesas quaisquer) não são mais do que uma falsa desculpa para justificar o eventual incumprimento de objectivos. A Comissão muda as regras financeiras anualmente e quem trabalha com eles sabe disso há muito tempo.
Quanto às latas. Olhe, pois deixe-me que lhe diga que ainda bem que alguém a tem e ainda bem que não contém "Lichis". Para além disso, é do conhecimento geral que uma coluna vertebral saudável, não é compatível com longas estadias em funções governativas (o mesmo se passando com o grau de inteligência).
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