Cumprimos a rotina anual. Agora que os filhos estão crescidos, para justificar o retorno já não vale o que entre nós sempre repetíamos: o sol e o mar são indispensáveis para os miúdos. A verdade é que, apesar de haver sol e praia noutras paragens, por mais que confessemos o nosso cansaço pela frequência de muitos anos daquele sítio, ali comparecemos. Pelo menos uma fiel semanita em cada verão.
O que nos atrai?
Não já os longos areais por onde passeávamos muitas vezes sem encontrar mais do que meia dúzia de banhistas. Agora a frequência espalha-se pelos quilómetros da praia, deixando no areal todo o tipo de descartáveis, convertendo os passeios em vigilantes gincanas.
Também não a certeza de uma água do mar cristalina e impoluta como o era há não muito tempo. Pelo contrário, avoluma-se a desconfiança sobre se, a despeito das informações que o INAG divulga sobre a qualidade da água, quando começa o Agosto e a população triplica, as efluências dos esgotos não vão para onde nunca deveriam ir...
Muito menos nos atrai aquele ambiente único de umas tantas moradias de classe média, garbosamente ajardinadas contribuindo com os seus cadinhos de verde para a sensação de frescura que saboreávamos em noites verdadeiramente tropicais. De há uns anos para cá transformou-se este canto outrora esquecido do Algarve em pouso de pato-bravo. E agora o mau gosto e a fealdade imperam, e têm compradores, debruçando-se sobre a praia onde antes existia, na adjacência, uma fileira alva-azul de casas tradicionais.
Muito menos o asseio das ruas e muito em especial dos sítios de deposição de lixos que exalam permanentemente um odor de peste! Em plena época alta, no Algarve que pretende competir com os melhores destinos turísticos!
No fundo o que nos leva aquele sítio, uma semanita que seja, é o desejo do reencontro de velhos amigos, alguns deles feitos ali, naquela vizinhança de toldos ou à mesa do bar de praia onde, durante horas, jornais estendidos e cafézinho à frente - uma vez por outra, quando o calor é demais, umas "bejecas" fresquinhas - endireitamos o País, encontramos soluções para a guerra, para a escalada dos preços do petróleo, despedimos treinadores e contratamos jogadores, desfenestramos ministros, cascamos nos figurões estivais, eu sei lá que mais!
Mas é também o dia do grão com galinha que nos reune a uma mesa numa tradição de muitos anos. E é a jornada de pesca a 5, 6, 7 milhas da costa, quando num barquito juntamos as esperanças (sempre estimuladas pelo optimismo interesseiro do mestre!) de ser desta vez que um de nós apanhará aquela corvina de 15 quilos, regressando tantas vezes com meia dúzia de carapaus e um ou outro sargo, uma ou outra bica de tamanho nada escandaloso (este ano, para gaúdio do Zé Arménio, foi a excepção, a corvina alimentou umas famílias...). Mas sempre com a satisfação, misturada de cansaço, de um dia bem passado entre estórias, anedotas e gostosas picardias.
São também os reencontros dos miúdos que ali se fizeram amigos, agora companheiros nocturnos de bares e discotecas, alimentando recordações aos pais (mais às mães, em boa verdade) que não sabem disfarçar nostalgias das infâncias ali passadas.
- Bom, isto aqui já cansa. Para o ano vamos finalmente procurar novo destino que variar só faz bem.
- Pois! Isto já não é o que era!
...
- Não sei. Apesar de tudo para os miúdos é importante. E é a oportunidade de encontrarem os seus amigos de praia. E não devemos descurar isso. Qualquer dia cada um irá à sua vida e então sim, será altura de mudar de sítio.
- É! Uma semana. Não mais. Combinamos com o Zé e a Zita para coincidirmos com a vinda deles. Mas não mais do que uma semana que isto já não é nada do que era!
O que nos atrai?
Não já os longos areais por onde passeávamos muitas vezes sem encontrar mais do que meia dúzia de banhistas. Agora a frequência espalha-se pelos quilómetros da praia, deixando no areal todo o tipo de descartáveis, convertendo os passeios em vigilantes gincanas.
Também não a certeza de uma água do mar cristalina e impoluta como o era há não muito tempo. Pelo contrário, avoluma-se a desconfiança sobre se, a despeito das informações que o INAG divulga sobre a qualidade da água, quando começa o Agosto e a população triplica, as efluências dos esgotos não vão para onde nunca deveriam ir...
Muito menos nos atrai aquele ambiente único de umas tantas moradias de classe média, garbosamente ajardinadas contribuindo com os seus cadinhos de verde para a sensação de frescura que saboreávamos em noites verdadeiramente tropicais. De há uns anos para cá transformou-se este canto outrora esquecido do Algarve em pouso de pato-bravo. E agora o mau gosto e a fealdade imperam, e têm compradores, debruçando-se sobre a praia onde antes existia, na adjacência, uma fileira alva-azul de casas tradicionais.
Muito menos o asseio das ruas e muito em especial dos sítios de deposição de lixos que exalam permanentemente um odor de peste! Em plena época alta, no Algarve que pretende competir com os melhores destinos turísticos!
No fundo o que nos leva aquele sítio, uma semanita que seja, é o desejo do reencontro de velhos amigos, alguns deles feitos ali, naquela vizinhança de toldos ou à mesa do bar de praia onde, durante horas, jornais estendidos e cafézinho à frente - uma vez por outra, quando o calor é demais, umas "bejecas" fresquinhas - endireitamos o País, encontramos soluções para a guerra, para a escalada dos preços do petróleo, despedimos treinadores e contratamos jogadores, desfenestramos ministros, cascamos nos figurões estivais, eu sei lá que mais!
Mas é também o dia do grão com galinha que nos reune a uma mesa numa tradição de muitos anos. E é a jornada de pesca a 5, 6, 7 milhas da costa, quando num barquito juntamos as esperanças (sempre estimuladas pelo optimismo interesseiro do mestre!) de ser desta vez que um de nós apanhará aquela corvina de 15 quilos, regressando tantas vezes com meia dúzia de carapaus e um ou outro sargo, uma ou outra bica de tamanho nada escandaloso (este ano, para gaúdio do Zé Arménio, foi a excepção, a corvina alimentou umas famílias...). Mas sempre com a satisfação, misturada de cansaço, de um dia bem passado entre estórias, anedotas e gostosas picardias.
São também os reencontros dos miúdos que ali se fizeram amigos, agora companheiros nocturnos de bares e discotecas, alimentando recordações aos pais (mais às mães, em boa verdade) que não sabem disfarçar nostalgias das infâncias ali passadas.
- Bom, isto aqui já cansa. Para o ano vamos finalmente procurar novo destino que variar só faz bem.
- Pois! Isto já não é o que era!
...
- Não sei. Apesar de tudo para os miúdos é importante. E é a oportunidade de encontrarem os seus amigos de praia. E não devemos descurar isso. Qualquer dia cada um irá à sua vida e então sim, será altura de mudar de sítio.
- É! Uma semana. Não mais. Combinamos com o Zé e a Zita para coincidirmos com a vinda deles. Mas não mais do que uma semana que isto já não é nada do que era!
2 comentários:
"Pois! Isto já não é o que era!"
Frase típica mas que tem haver com a idade, em que se olha para as coisas de forma diferente, ou não?
Também Mar Isa, também...
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