A história recente da gravata tem a ver com os mercenários croatas que, ao serviço do rei de França, no decurso da Guerra dos Trinta Anos, usavam curiosos xailes de vários tipos ao redor do pescoço.
Rapidamente, os franceses aderiram “à moda croata”, espalhando-a pelo mundo. Daqui, a designação “cravate”, oriunda da expressão “à la croate”, transformando-a num símbolo de cultura e de elegância.
Hoje em dia, é ainda muito utilizada, sobretudo em determinadas circunstâncias, mas há os que se opõem ao seu uso, quer por uma questão de gosto pessoal ou, então, por motivos ideológicos. É certo, e sabido, que determinadas correntes esquerdistas, invariavelmente, se recusam a colocar aquele adereço que, nas suas opiniões, são típicas da “burguesia” e dos “direitistas”.
Tive a oportunidade de constatar, aquando da minha passagem no Parlamento, que certos deputados não usavam gravata, facto que lhes devia ser particularmente gratificante, sobretudo no decurso do Verão, em que o maldito ar condicionado teimava em não funcionar, impedindo neutralizar os calores dos holofotes e dos debates. Mas, também, havia alguns que, não sei se por manifesta falta de gosto, ou com intenção provocatória, faziam preceder, nas suas entradas tardias, garridas gravatas, tipo amarelo torrado com bolas vermelhas, descansando em camisas azul eléctrico.
Também há os que, não gostando nada destes adereços, têm, por motivos sociais, que os usar em certos momentos. Mas encontraram uma solução universal para o efeito. Usam sempre a mesma gravata, sacando-a do bolso do casaco, onde permanece em períodos variáveis de hibernação. Dão-lhe uma ou duas esticadelas e colocam-na à volta do pescoço, e, assim que termina a cerimónia, passa imediatamente para o seu recanto. Anda nestas bolandas uma vida inteira.
Social e profissionalmente muitos homens têm que a usar, muitas vezes por imposição das administrações, mas, ao longo dos últimos tempos, tem sido possível descartá-la às sextas-feiras.
As empresas da “Nova Economia” foram as principais responsáveis pelo abandono dos códigos de vestuário, aliviando a tensão dos dias precedentes, prevendo o desejado fim-de-semana, e possibilitando uma interacção mais intensa entre todos. Estamos a falar do “Casual Friday”, verdadeira moda que nasceu nos finais da década cinquenta e cultivada em muitas empresas.
Claro que a facilitação introduzida também levou os que têm interesse nos negócios das roupas a “exigirem” o regresso à tradição, demonstrada pela afirmação recente do porta-voz do Círculo de Economia: - “Voltamos à gravata!”-, numas jornadas realizadas na Catalunha.
Por vezes, estes problemas até sobem aos tribunais, como aconteceu no Reino Unido, onde o uso de quase verdadeiras fardas era uma tradição exigida aos súbditos de Sua Majestade. Considerando uma forma de discriminação, face às mulheres, acabaram por ganhar na justiça o direito a usar as roupas que mais lhes convém.
Se avançarmos para a análise das criticas ao seu uso, na maioria das vezes por questões ideológicas, podemos dar mais alguns argumentos tais como o facto de contribuir para a perda de visão (aumentando a pressão intra-ocular) ou, no caso dos médicos, poderem contribuir para transmitir microrganismos aos doentes. Levar com uma gravata de um médico pode ser perigoso! Mas há mais vantagens, nomeadamente a nível ambiental. Não usar gravatas pode contribuir para a redução do aquecimento global. De facto, os japoneses foram convidados a trocar o ar condicionado pelo não uso de gravatas e de casaco no local do trabalho, sujeitando-se, no entanto, a trabalhar com 28, ou mais, graus centígrados. Curiosamente, esta medida foi proposta pelo próprio primeiro-ministro japonês que deu o exemplo, num pais onde foi assinado em 1997 o famoso Protocolo de Quioto. A medida, numa escala de 1 a 10, situa-se no 6, é de aplicação imediata, e acompanha-se de boa sensação com um elevado 9. O que é certo, é que num Verão, foi possível reduzir a emissão de CO2 em 71.700 toneladas!
Entre nós, já começamos a ver alguns dirigentes políticos de direita, em público, sem gravata. Não sei se é por quererem contribuir para o não aquecimento global ou se é devido ao aquecimento que as palavras e actos desencadeiam entre os beligerantes. Mas também não é preciso chegar ao ponto de andar a alardear os pelos do peito...
Rapidamente, os franceses aderiram “à moda croata”, espalhando-a pelo mundo. Daqui, a designação “cravate”, oriunda da expressão “à la croate”, transformando-a num símbolo de cultura e de elegância.
Hoje em dia, é ainda muito utilizada, sobretudo em determinadas circunstâncias, mas há os que se opõem ao seu uso, quer por uma questão de gosto pessoal ou, então, por motivos ideológicos. É certo, e sabido, que determinadas correntes esquerdistas, invariavelmente, se recusam a colocar aquele adereço que, nas suas opiniões, são típicas da “burguesia” e dos “direitistas”.
Tive a oportunidade de constatar, aquando da minha passagem no Parlamento, que certos deputados não usavam gravata, facto que lhes devia ser particularmente gratificante, sobretudo no decurso do Verão, em que o maldito ar condicionado teimava em não funcionar, impedindo neutralizar os calores dos holofotes e dos debates. Mas, também, havia alguns que, não sei se por manifesta falta de gosto, ou com intenção provocatória, faziam preceder, nas suas entradas tardias, garridas gravatas, tipo amarelo torrado com bolas vermelhas, descansando em camisas azul eléctrico.
Também há os que, não gostando nada destes adereços, têm, por motivos sociais, que os usar em certos momentos. Mas encontraram uma solução universal para o efeito. Usam sempre a mesma gravata, sacando-a do bolso do casaco, onde permanece em períodos variáveis de hibernação. Dão-lhe uma ou duas esticadelas e colocam-na à volta do pescoço, e, assim que termina a cerimónia, passa imediatamente para o seu recanto. Anda nestas bolandas uma vida inteira.
Social e profissionalmente muitos homens têm que a usar, muitas vezes por imposição das administrações, mas, ao longo dos últimos tempos, tem sido possível descartá-la às sextas-feiras.
As empresas da “Nova Economia” foram as principais responsáveis pelo abandono dos códigos de vestuário, aliviando a tensão dos dias precedentes, prevendo o desejado fim-de-semana, e possibilitando uma interacção mais intensa entre todos. Estamos a falar do “Casual Friday”, verdadeira moda que nasceu nos finais da década cinquenta e cultivada em muitas empresas.
Claro que a facilitação introduzida também levou os que têm interesse nos negócios das roupas a “exigirem” o regresso à tradição, demonstrada pela afirmação recente do porta-voz do Círculo de Economia: - “Voltamos à gravata!”-, numas jornadas realizadas na Catalunha.
Por vezes, estes problemas até sobem aos tribunais, como aconteceu no Reino Unido, onde o uso de quase verdadeiras fardas era uma tradição exigida aos súbditos de Sua Majestade. Considerando uma forma de discriminação, face às mulheres, acabaram por ganhar na justiça o direito a usar as roupas que mais lhes convém.
Se avançarmos para a análise das criticas ao seu uso, na maioria das vezes por questões ideológicas, podemos dar mais alguns argumentos tais como o facto de contribuir para a perda de visão (aumentando a pressão intra-ocular) ou, no caso dos médicos, poderem contribuir para transmitir microrganismos aos doentes. Levar com uma gravata de um médico pode ser perigoso! Mas há mais vantagens, nomeadamente a nível ambiental. Não usar gravatas pode contribuir para a redução do aquecimento global. De facto, os japoneses foram convidados a trocar o ar condicionado pelo não uso de gravatas e de casaco no local do trabalho, sujeitando-se, no entanto, a trabalhar com 28, ou mais, graus centígrados. Curiosamente, esta medida foi proposta pelo próprio primeiro-ministro japonês que deu o exemplo, num pais onde foi assinado em 1997 o famoso Protocolo de Quioto. A medida, numa escala de 1 a 10, situa-se no 6, é de aplicação imediata, e acompanha-se de boa sensação com um elevado 9. O que é certo, é que num Verão, foi possível reduzir a emissão de CO2 em 71.700 toneladas!
Entre nós, já começamos a ver alguns dirigentes políticos de direita, em público, sem gravata. Não sei se é por quererem contribuir para o não aquecimento global ou se é devido ao aquecimento que as palavras e actos desencadeiam entre os beligerantes. Mas também não é preciso chegar ao ponto de andar a alardear os pelos do peito...
3 comentários:
Caro Prof. Massano Cardoso
A gravata sempre foi um distintivo de elegância e uma singular peça de adorno pessoal. Algo que justificará o que um homem sofre com um "nó" permanentemente no pescoço? Que mágicos poderes poderá ter esta espécie de talismã?
A gravata foi o centro de atenção de modas masculinas e selectas. Uma canção de extracção popular rezava assim, num tom algo vulgar:
"Com bengala e cartola,
quem me dera
até às tantas poder
cortejar as moças
e usar gravata,
para não mostrar o pescoço, que é coisa grosseira".
Mas é preciso reduzir as emissões de CO2, não é? Então, há que acabar com as gravatas ao pescoço, não é? Se não for a bem, então cria-se um novo imposto e pronto, acaba-se com o "nó" no pescoço!
Será que esta ideia agradaria ao nosso Ministro das Finanças?
Fantástico como de algo tão banal como uma gravata se consegue fazer um post interessante.
Gostava ver o Prof. Massano Cardoso (desculpe a ousadia, mas no blog é assim que se referem à sua pessoa) escrever sobre mulheres ou sobre a capacidade de sonhar :)
E eu a pensar que para defender o ambiente tudo era sacrificios ... aí está uma bela notícia.
Não deixa de ser uma boa arma (a gravata) numa discussão de casal, senão veja-se o que aconselha um conhecido médico americano:
"Os casais mais ambiciosos podem aprender a controlar o ritmo cardíaco durante uma discussão agitada, sentindo o pulso na artéria carótida, por baixo da mandíbula, na direcção do lóbulo da orelha (os praticantes de ginástica aeróbica aprendem a fazer isto com toda a facilidade). Contando as pulsações durante quinze segundos e multiplicando por quatro, obtém-se o ritmo em pulsações por minuto. Fazê-lo quando se está calmo fornece a linha base; se o ritmo sobe mais que, digamos, dez pulsações por minuto acima deste nível, é sinal de que está a ocorrer um início de inundação. Quando isso acontece, o casal deve fazer um intervalo de vinte minutos, em que os dois se manterão afastados um do outro para se acalmarem antes de retomarem a discussão. Embora um intervalo de cinco minutos possa parecer suficiente, o tempo real de recuperação fisiológica é mais lento, a ira residual gera mais ira; a espera mais prolongada dá ao corpo mais tempo para recuperar da excitação original.
Para os casais que, compreensivelmente, acham estranho estar a controlar as pulsações no meio da discussão, é mais simples ter um acordo prévio que permita a qualquer dos parceiros declarar uma trégua aos primeiros indícios de inundação em si mesmo ou no cônjuge. Durante este período de "desconto", pode ser útil praticar qualquer técnica de relaxação ou fazer exercícios de aeróbica para ajudar os parceiros a recuperar do sequestro emocional"
Já não se discute como antigamente, o que uma boa gravata não faria! HILARIANTE!
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