Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 6 de abril de 2009

As tristes campanhas do Freeport

Em resposta imediata às alegadas pressões na Procuradoria para arquivamento do Processo Freeport, logo surgiu nos media a ideia e está a ganhar força a campanha de que a última coisa que Sócrates quereria era que o processo fosse arquivado.
Trata-se de um enorme sofisma.
É que, se Sócrates é inocente, e não há provas de que teve um comportamento ilícito, o processo deve ser mesmo arquivado, queira Sócrates ou não. Não pretender o arquivamento, caso seja inocente, é atitude masoquista, além de perfeitamente irracional e incompreensível.
E não pretender o arquivamento, caso haja indícios de culpa, é também masoquista, irracional e incompreensível. A não ser para um indivíduo com alto sentimento de ética, sentimento esse todavia incompatível com os actos ilícitos anteriormente praticados.
Pelo que a campanha que aí está de que a última coisa que Sócrates quereria era que o processo fosse arquivado é uma campanha primária que, em vez de defender Sócrates, o está a condenar, para além de ser um duplo atentado, à justiça e à inteligência.
Para evitar mal entendidos, queria declarar que não sei se Sócrates é factualmente inocente, conivente ou culpado no Processo Freeport; como tal, para mim, continua inocente até quem de direito decidir. Sem pressões nem campanhas, sejam elas pró ou contra. Como seria próprio de um Estado de direito. E, vá lá, também, de gente decente, que não queira jogar em dois carrinhos: o de fazer pressões para arquivar e, simultaneamente, o de negar que seja conveniente e se queira arquivar.

Sem comentários: