1. O petróleo parece estar de regresso à ordem do dia, com a acentuada subida do seu preço que nos últimos dias se verifica, antecipando uma subida da respectiva procura que a esperada recuperação económica – há meses sinalizada pelos mercados financeiros - deverá propiciar.
2. Não é apenas por esse motivo, contudo, que o petróleo regressa à ordem do dia, mas também pelos comentários de Nouriel Roubini, professor de economia na New York University - hoje mundialmente famoso pela capacidade que demonstrou em prever a crise dos mercados financeiros bem como a recessão económica que se lhe seguiu - que associa a subida do preço do petróleo a uma nova recessão...após uma fugaz recuperação em 2010.
3. Com efeito, em comentários divulgados este fim-de-semana, Roubini adianta que a fase da recuperação económica deverá estar iminente, podendo mesmo iniciar-se ainda em 2009...mas será de curta duração, devendo ser seguida duma nova recessão em 2010/11.
4. Os principais factores da nova recessão, segundo Roubini, serão dois: (i) a subida dos preços do petróleo e (ii) os elevados défices orçamentais das economias mais desenvolvidas.
A conjugação destes factores produziria uma subida dos preços e dos juros, pondo termo a uma frágil recuperação...será a tese de Roubini.
5. Pode bem acontecer que o preço do petróleo continue a subir na 2ª metade deste ano e em 2010, impulsionado pelas expectativas de recuperação económica - nada de surpreendente, dir-se-á.
6. Também parece plausível que os défices orçamentais dos Estados membros da OCDE venham a registar níveis muito elevados em 2009 e especialmente em 2010 - no caso da zona Euro arrasando os limites do famoso PEC, agora em situação de arquivamento até mais ver...
7. Que da conjugação destes factores se deva inferir o fim da recuperação lá para o final de 2010 – pondo assim termo a uma breve fase de recuperação - não sendo obviamente impossível parece no entanto envolver um grau de audácia apreciável...
8. Para tal acontecer seria necessário que os preços no consumidor subissem mesmo muito e que as taxas de juro (longo prazo, sobretudo) disparassem para níveis susceptíveis de “assustar” os bancos centrais e os forçassem a abandonar a política monetária acomodatícia a que com tanto afã se têm dedicado...e prometem não abandonar enquanto não houver sinais consistentes de retoma.
9. Não serei eu no entanto a desdizer Roubini e não me parece que haja muita gente disponível para o contraditar...não só pela capacidade de previsão que tem demonstrado mas também porque o cenário que ele sugere não será de todo implausível...
3 comentários:
Um facto afecta a credibilidade de todo o economista que faça previsões. Nunca nenhum previu uma não-crise.
Temos de reconhecer uma notável excepção, caro Tonibler, seu nome tem como letras iniciais...RR. Só que a previsão da não crise revelar-se-ia...terrivemente crítica!
Caro Tavares Moreira,
Apesar do enorme respeito que tenho por todas as estrelas do firmamento, o RR não previu uma não-crise, falhou na previsão de uma, apesar disso não parecer afectar o brilho com que irradia o nosso parco conhecimento deste tipo de fenomenologia. E, falta um traque recorde das falhas do Roubini que, se calhar anda há 20 anos a tentar prever crises do tipo "para o ano é que é!!!...", ao bom estilo do saudoso Prof. Zandinga, também ele professor e estrela.
Enviar um comentário