Confesso-me comovido por esta onda de nacionalismo a propósito da entrada em pleno vigor do acordo ortográfico. Gostaria que aproveitássemos este tocante momento de afirmação do mais puro portuguesismo para protestar também:
a) contra o abandono da lingua portuguesa por muitos dos nossos dirigentes políticos, que não perdem oportunidade de mostrar a nossa universalidade em (quase sempre mau) inglês, mesmo quando discursam para plateias em pleno território luso;
b) contra a utilização de expressões estranhas à nossa língua comum - que, recordo, é o português - desde logo pelo legislador que povoa a lei de termos para os quais existem palavras e expressões denotativas na nossa língua;
c) contra o ensino, em especial o ensino superior, em língua que não o português, designadamente quando ministrado por professores portugueses;
d) contra o incumprimento da lei que determina a tradução para português de rótulos, instruções ou manuais do que por cá se consome, e contra a absoluta falta de fiscalização dessa legislação por parte das entidades pagas para o efeito;
e) contra o exibicionismo bacoco a que se dedicam alguns responsáveis pela difusão da cultura nacional, que não se poupam aos briefing ou aos target...
... and so on.
5 comentários:
Completamente de acordo, caro Ferreira de Almeida. Embora me mova num meio em que é moda a utilização de expressões em inglês, confesso que, embora dominando o palavreado, raramente deixo de utilizar as palavras portuguesas, só não o fazendo quando ainda não encontrei a palavra exacta que traduz a ideia veiculada pela expressão inglesa.
Acontece que a nova tecnocracia e a burocracia que dominam as instituições europeias, e também os reguladores, todos os dias criam novas expressões, talvez para fazerem prova de existência.
Caro Zé Mário
Enfim, tristes figuras de parolos engravatados.
Há que referir ainda a adesão (ou intenção de aderir) de Portugal à Patente Europeia Unificada, deixando de ser obrigatória a tradução para português do texto das patentes. Acontece assim que passamos a ter textos com valor legal em Portugal mas escritos numa língua estrangeira. De notar que a Espanha e a Itália negaram a sua adesão. Portugal continua a não defender a sua língua.
Muito bem, caro Freire de Andrade. A essa rendição nos referimos num post dedicado ao assunto, a propósito da posição contra corrente assumida por alguns dos senhores deputados, e, de entre eles, o Dr, José Ribeiro e Castro (post de 10 de abril).
Como é que se pode defender o uso da Língua Portuguesa se pessoas de Alta responsabilidade : "...falam oralmente" e dizem "... nunca fiz nem fazerei"?
Duarte V. marques
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