Subsiste uma grande confusão entre pensionistas e pensões. O número 3,5 milhões de pensionistas foi notícia nos últimos dias, com vários jornais a chamarem a atenção que Portugal tem 3,5 milhões de pensionistas.
Para uma população com 10,5 milhões de pessoas muito mal estaríamos se tivéssemos apenas 67% de crianças e jovens e população activa.
A actual estrutura da população é bem diferente: 1,5 milhões de crianças e jovens, 6,9 milhões de população activa e 2,1 milhões com mais de 65 anos. As projecções para 2060 apontam para que as pessoas com mais de 65 anos pesem no total da população 35%.
O que temos é uma situação muito diferente: pagamos 3,6 milhões de pensões. Este número inclui as pensões pagas pela Caixa Geral de Aposentações e pelo Sistema Previdencial da Segurança Social e inclui pensões de velhice, pensões de invalidez e pensões de sobrevivência.
Este dado mostra-nos que há mais pensões do que pensionistas, o que reflecte que há pensionistas que recebem mais do que uma pensão. É comum que um pensionista receba uma pensão de reforma e que sendo viúvo (viúva) receba uma pensão de sobrevivência.
As entidades oficiais não publicam nem o número de pensionistas, nem como se repartem as pensões pelos pensionistas. Uma falha de informação que caracteriza a falta de transparência em relação a informação relevante sobre os sistemas de pensões e a realidade económica e social que representam.
Segundo a Comissão Europeia (The 2015 Ageing Report) o número de pensionistas ascendia em 2013 a 2,5 milhões. Este relatório projecta para 2060 2,8 milhões de pensionistas, um número ainda assim inferior aos "actuais" 3,5 milhões de pensionistas noticiados no espaço público.
Se relacionarmos os 2,5 milhões de pensionistas com os 3,6 milhões de pensões concluímos que a relação pensão/pensionista é igual a 1,42.
Pensões e pensionistas não são a mesma coisa. Faz toda a diferença, não são apenas números estatísticos, dizem respeito a pessoas e retratam uma realidade socioeconómica...
2 comentários:
Mais um oportuno esclarecimento, cara Margarida, em área que a querida Amiga é uma referência de conhecimento e competência.
Dr. Tavares Moreira
Obrigada pelas suas palavras muito amigas.
Estamos cheios destes "pequenos e criativos" problemas que vão contaminando os "grandes e verdadeiros" problemas!
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