Houve um tempo, tempos difíceis, em que fazer o exame da 4ª classe era um triunfo e uma alegria para os alunos, pais e professores.
Hoje, pelo que fui ouvindo nos telejornais e, sobretudo, enquanto me deslocava no carro, numa dita "grande entrevista" da Antena 1, os exames dos meninos são uma fonte de angústia e preocupação, paras os paizinhos, para os educadores e professores, para os especialistas, para os psicólogos e sociólogos, para as associações de professores de portugês e matemática, enfim, creio que para todo o mundo e arredores. A repórter só conseguiu encontrar gente preocupada com o stress dos meninos, com a sobrecarga de estudo e trabalho que atinge as crianças, sem tempo para brincar, aliás drama esse muito repisado, especialistas perturbados com a estupidez dos exames, ou com os programas escolares, ou com o trauma resultante da exigência de objectivos, como saber escrever um conjunto de palavras sem erros. Protestou-se quanto aos programas de matemática preverem o cálculo de fracções, tarefa notoriamente imprópria e contrapoducente para mentes de tão tenra idade. E lembrar-me eu que, na terceira classe do meu tempo, essa matéria era plenamente contemplada e todos os cadernos de estudo apresentavam problemas com fracções. Ah, e pasmai, gentes, invocaram-se mesmo erros científicos em alguns programas da 4ª classe como óbice ao exame.
Bom, e a RDP a apelidar de educadores todos os entrevistados, naturalmente seleccionados pelo mais rigoroso respeito pelo mais objectivo critério jornalístico.
Quando interrogado, pouco, pouquinho, o Secretário de Estado da Educação, muito politicamente correcto, lá ia contestando a onda, mas de forma tão fraquinha, tão fraquinha...admitindo até tudo rever se...
Psasmai, mesmo, oh gentes!...
3 comentários:
Pasmai, realmente, caro Pinho Cardão. Pasmai com a forma como nestes curiosos tempos se confundem crianças com o mais frágil cristal da Boémia.
Educar um filho na Europa dos tempos que correm é tarefa inglória. É pena...
Depois do que sei por experiência própria, este modelo de exames é uma calamidade: 1 - Desde Março que nada se faz a não ser "treinar" para os exames de Português e Matemática; 2 - Uma semana sem aulas para "receber" os exminandos; 3 - São as escolas e os seus professores que estão em avaliação e não os alunos.
Os exames só fazem sentido numa prática rotineira de fim de ciclo e não em pleno Maio. têm pelo menos um m~es de avanço e deveriam ser realizados na própria escola, com vigias escolhidos por sorteio.
Do oito ao oitenta. Não há muito diabolizava-se toda e qualquer avaliação. Hoje rodeia-se de dramatismo o que deveria ser um episódio normal da vida escolar. Verdadeira esquizofrenia.
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