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domingo, 26 de abril de 2009

Clube das Virgens

Hoje, no jornal Público, uma donzela, de sua graça Margarida Menezes, dá uma entrevista. O aspeto mais interessante da entrevista assenta, não no facto de andar a propalar aos quatro ventos a sua virgindade, mas, na fundação de um clube de virgens. Bom, nos tempos que correm, em que há uma propensão para o fascismo da vulgaridade, acaba por ter destaque de primeira página quem se arvora ou caia naquela parte da curva em que mergulham os mais raros, neste caso as mais raras. Ser-se virgem por opção, por motivos religiosos ou por quaisquer outros motivos, é uma realidade que não me compete criticar. Não é uma questão de ser a favor ou contra. A donzela está à espera do seu príncipe encantado a fim de poder-lhe entregar aqueles “centímetros quadrados”, e faz muito bem se é isso que deseja. Mas daí a andar a criar um clube de virgens, parece-me um pouco excessivo. Não vejo quaisquer vantagens, nem mesmo nas célebres correntes evangélicas, sobretudo norte-americanas, que convidam os jovens a serem virgens até casamento. A interpretação que fazem é que deverão manter o hímen íntegro ou o pénis ignorante dos prazeres do sexo vaginal. Tais comportamentos não impedem de ser mais achacados a outros problemas, nomeadamente doenças sexuais transmissíveis, e procurar, em alternativa, o sexo oral e o sexo anal. Enfim, esta coisa de virgindade é muito mais complexa e não é passível de ser reduzida apenas a uma única prática, neste caso sexo vaginal.

Há uns anos, num determinado contexto particular, uma senhora procurou-me para dar a notícia de que a filha estava grávida e que ia casar-se. Nada de especial, pensei eu. No entanto, a senhora não se ficou por aqui. Denotava uma certa ansiedade, revelando a necessidade de explicar mais detalhadamente o que se tinha passado. Foi então que afirmou que, apesar de estar grávida, a filha era virgem. Acentuou esta explicação como quem que diz, não foi desflorada, é pura, muito pura, ninguém a penetrou, ela quer chegar virgem ao casamento. E, esquecendo-se de que era estudante de medicina, lá foi dizendo que tinham feito aquilo nas coxas e ... Bem, aqui comecei a corar, julgo eu, e tossindo nervosamente lá interrompi o discurso, desviando o mais rapidamente a conversa de forma a ser poupado com mais detalhes. Já tinha conhecimentos suficientes nessa altura para saber que os espermatozoides são piores que lobos esfomeados e, assim que podem, atiram-se de cabeça sobre o primeiro óvulo que possam encontrar. Alguns são mesmo muito atrevidos! Este caso foi o primeiro de muitos outros que pela vida fora fui encontrando, virgens que ficavam muito admiradas por terem engravidado.

Face ao exposto questionei-me se a donzela não teria tinha elaborado alguns estatutos. E elaborou mesmo! Segundo o art.º 2, “O Clube das Virgens, é completamente alheia a todas as manifestações de caráter Político, Desportivo e Racial, não tem fins lucrativos e visa a união e convívio de todas as Mulheres que fizeram a opção de o serem, ou / e por razões que a cada uma diz respeito ainda não sentiram vontade de deixar de o ser…pretende-se: O convívio entre Mulheres Virgens; Troca de ideias; Troca de experiências; Debates; Participar em iniciativas organizadas pelo Clube das Virgens; Organização de desfiles «miss clube das virgens»; Angariação de Fundos para Instituições de Solidariedade Social e ajuda Humanitária.” Ainda procurei o que acontece quando deixam de ser virgens, mas nada! Podiam ao menos criar o estatuto de “virgem honorária” e de “virgem benemérita”!

Votos para que um dia lhe apareça o “príncipe encantado”..

6 comentários:

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

A sequência seguinte será sem dúvida a criação do clube das virgens ... mortas.

Bartolomeu disse...

Gostaria de comentar este seu post caro Professor, de uma forma mais elevada, mas na verdade, tudo aquilo que pudesse escrever iria somente corroborar alguns pontos do que escreveu.
Assim, fico-me por duas únicas observações:Ao ler a transcrição do artº segundo dos virginais estatutos, fiz vista grossa a «visa a união e convívio de todas as Mulheres» como prevenção... para não vir a ser acusado de malicioso. Contudo, não consegui evitar uma dúvida ao ler «Troca de experiências». Que raio de experiências poderão ser essas?
Bom, mas tal como o caro Professor afirma, eu tambem não tenho nada a ver com as opções dos outros, perdão... das outras.
Agora, o que eu não posso deixar de enaltecer, é o espírito verdadeiramente apostólico e bondoso que move as servas desta congregação.
É claro que me resta uma dúvida, que tem a ver com a forma de arregimentação das castas soldadas... será que... para que sejam aceites no regimento, terão de se sumeter a uma inspecção prévia!?
Acho que esta noite vou sonhar com as 1001 virgens que esperam no paraíso por aqueles bravos do médio oriente que apreciam uns coletes...Prada.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Professor Massano Cardoso
Vinha noticiado que a donzela Margarida Menezes esteve no Porto, na abertura do VI Congresso Internacional sobre "O Desejo". E declarou na sua intervenção "Tenho 26 anos, sou virgem e nunca tive namorado". O que é certo é que mesmo tendo um Clube com Estatutos não conseguiu, até hoje, um ano depois de ter fundado o Clube das Virgens, uma única sócia. Explica a donzela que "As pessoas têm vergonha de assumir a virgindade. Têm medo de ser confundidas com pessoas sem vida social, o que não corresponde à verdade".
Acho que esta donzela deveria pelo menos experimentar ter um namorado e depois logo veria qual o destino a dar ao Clube..

Massano Cardoso disse...

Ai Margarida! Pois deve ser isso mesmo! Eu nem sabia que não havia uma única sócia do clube! Pensava que estava cheinho de virgens, pelo menos "onze mil virgens"...

Suzana Toscano disse...

Também li a entrevista, acho que a Margarida tem razão, não sei se há muitas virgens ou não mas pelo menos há poucas (só uma, felizmente) que resolveu arvorar o facto em curiosidade mediática. Repare-se que não há nenhuma defesa da abstinência sexual antes do casamento, ou qualquer outro fundamento invocado que não seja o facto de não ter tido ocasião (ainda) de ter resolvido essa questão. Não deixa de ser interessante ver que hoje há um preconceito "ao contrário", é quase vergonhoso ser virgem (ou não ter tido namorado?)na idade adulta. Ainda não há muito tempo era preciso coragem era para dizer que não era!

silva disse...

deixa te de coisas e arranja um homem que te faça ver as estrelas para saberes que muito bom.menina com essa idade ainda nao encontraste o parceiro ideal estas á espera que venha num jaguar.e tu por acaso ate es muito bonita vi te nos dois programas de televisao que foste e fiquei admirado nao teres encontrado aquele que te vai +por a ver estrlas.