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sábado, 25 de abril de 2009

A política partidária está muito doente...

Um estudo da Eurosondagem para a Renascença, Expresso e SIC, ontem divulgado, revela que a maioria dos portugueses (77%) não se revê nos partidos políticos, não acredita na política partidária.
Não deixa de ser curioso que apesar desta avaliação negativa, os portugueses não reivindiquem a criação de novos partidos. À direita, apenas 29% defendem essa necessidade. À esquerda, o número desce para 21%. Mas são cerca de 80% os que concordam que as candidaturas independentes ao parlamento deveriam ser possíveis.
A sondagem revela também que a maioria esmagadora dos cépticos (73%) considera que a política partidária se move por interesses próprios, relegando para segundo plano o interesse nacional.
A saúde, justiça e educação são as principais áreas de preocupação dos portugueses. É a conclusão retirada das respostas à pergunta sobre quais os direitos fundamentais que são menos respeitados em Portugal, apesar da sua consagração constitucional.
Muito admirada ficaria se a justiça não fosse apontada como uma área de preocupação generalizada. Não que a saúde e a educação não o sejam também. O mau funcionamento da justiça é um dado adquirido que, para além de se constituir como uma via de injustiça, está a afectar e a penalizar o bom funcionamento do sistema político.
Com efeito, uma justiça que não cumpre com a sua principal função que é regular a ordem social gera desequilíbrios na sociedade, na economia e também não poupa o sistema político. Este quadro desolador ajudará a explicar o descrédito dos portugueses em relação à política partidária.
Diz-se que as sondagens valem o que valem por serem simplesmente sondagens. Mas há sondagens que reflectem muito bem a realidade!

12 comentários:

Olhar Ateu disse...

O que as sondagens revelam é que mais do que partidos (para quê mais uns se "são todos iguais" ?) o que faz falta é uma ética na política.
E para isso se concretizar faltam é movimentos cívicos que cultivem esses princípios e propaguem uma cultura de postura e análise crítica, mais exigente para com os políticos no seu cumprimento dos deveres e obrigações decorrentes de eleitos.

Cordialmente.

Tonibler disse...

Surpreendente percentagem de gente de vistas curtas. 27%!!!

Manuel Brás disse...

I Parte

As ruínas de uma história
gritadas em estribilhos miméticos,
na actualidade é notória
os rosados verbalismos cosméticos!

A nostalgia de um tempo delido
perdido em profundos cepticismos,
o povo caminha combalido
marcado por ilusórios ostracismos!

O mexilhão obediente
desta realidade uniformizada,
gritará contra o expediente
da imoralidade democratizada!

II Parte

A cultura da desresponsabilização
caracteriza a nossa política,
é uma marca da degradação
de uma mentalidade monolítica.

Triste é o nosso fado
para gáudio dos burladores,
causando tamanho enfado
aos mexilhões cumpridores!

Epílogo

Uma sociedade totalitária
em plena fase de edificação,
faz parte da indumentária
da actual (des)governação.

Neste dia da liberdade
que se deve brindar,
a defesa da verdade
é um bem a salvaguardar.

O mexilhão defensor do respeito
da liberdade de expressão,
ignóbil é o despeito
da imoral castração!

Bartolomeu disse...

A Justiça é um reflexo do comportamento social de um povo, sustentado por um estado que, se for de direito, tem no seu supremo orgão a pessoa do Presidente da República.
Penso que concordamos neste ponto, dir-me-ha cara Margarida.
Se assim fôr, impõe-se uma reflexão:
Que esperar de uma justiça, de um estado, de uma sociedade, em que o seu supremo magistrado se pronuncia publicamente acerce de matérias e questões que afligem a sociedade e que dizem directamente respeito à forma como o governo se desempenha, de uma forma vaga e abstracta. Seguidamente essas pronuncias são imediatamente interpretadas por intelectuais, polítios, comentadores, analistas, como tendo sido um puxão de orelhas dado ao PM. Outros, que não senhor, que as palavras do presidente não tinham objectivado a pessoa do PM. Por fim, o autor do parlatório, perante a inquirição pública, veiculada pelo som e a imagem dos meios de comunicação, declara que não tem nada a declarar!!!
Cara Margarida,
Ou caminhamos para uma era de superior comunicação e entendimento telepáico, ou então, estamos a criar as condições ideais para como vaticinava ha muito pouco tempo o ancião Mário, entrar numa era de revoltas sociais, com dimensões imprevisíveis.
Concretamente em relação ao "sumo" do post que publica, em minha opinião, a desmotivação que se verifica relativamente ao apoio e aderêcia dos cidadãos à política, tem a ver com o facto de os partidos terem perdido a ideologia.
A meu ver o carisma é dado pela ideologia, pelo a creditar e pelo lutar por aquilo em que se acredita.
Foi essa temperança que fizeram de Sá Carneiro pequeno Grande homem que foi. É essa temperança que faz falta reconquistar à política do nosso país.
Mais doque nunca é imperativo que o PSD volte a pensar PPD. Popular pode pensar Social, mas o inverso é falso e oco de valores.

Bartolomeu disse...

Ah... peço dsculpa, faltou-me acrescentar um pormenor, dia 7 de Maio, comemora-se a fundação do Partido Popular Democrático, por Pinto Balsemão, Sá Carneiro e Magalhães Mota...

Bartolomeu disse...

... perdão, 6 de Maio.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Tem muita razão Caro Olhar Ateu! A ética faz falta em todos os domínios da vida. A sua desvalorização está associada à perda de educação cívica. A educação cívica faz parte da educação de base, no sentido de que valores como a responsabilidade, o esforço, o trabalho, a exigência, o dever, entre outros, deveriam ser cultivados pela sociedade, em particular na escola. As crianças de ontem são os adultos de hoje que cresceram num ambiente em que a exigência deu lugar ao facilitismo e em que há direitos sem deveres. O resultado deste caminho não pode ser bom...
Caro Tonibler com vistas curtas não vamos longe, não vamos não!
Parabéns Caro Manuel Brás pela sua poesia de intervenção! Gostei em particular da passagem sobre a verdade. A liberdade é um bem inalienável, mas a verdade não lhe fica atrás. A autenticidade faz muita falta à qualidade da liberdade.
Caro Bartolomeu
A vida política atingiu um nível de conflitualidade preocupante que não deixa que o País se entenda sobre o que verdadeiramente interessa discutir. O fenómeno da mediatização, que não se confunde com a liberdade de informação, introduziu um "stress" tal no sistema político que impede que a vida política seja conduzida com a necessária serenidade. As consequências deste ambiente são as piores e a prová-lo está o descrédito da política partidária. E não só!
Se somarmos a este quadro de “guerra” a crise, a mais recente e a que já vem de longe, não nos podemos admirar que os portugueses estejam insatisfeitos. Revoltados, não sei Caro Bartolomeu. Antes tivessem, seria sinal de exigência!

Fartinho da Silva disse...

Cara Margarida:

Como eu concordo com a primeira parte do seu último comentário, a escola foi transformada num centro de guarda e entretenimento de crianças e jovens onde o facilitismo, o laxismo e a indisciplina foram decretados pelos nossos fantásticos políticos que temos tido desde 1989!

Vou contar apenas mais um exemplo do que se passa REALMENTE nas "escolas" portuguesas, uma amiga de longa data contou-me que numa das suas "aulas" de Biologia (julgo que agora se chama Ciências da Natureza ou algo semelhante) do "9ºano" de "escolaridade" decidiu mostrar um DVD com um resumo de um documentário sobre o tema que estava a "leccionar". Quando os "alunos" se aperceberam que o locutor se expressava na língua de Shakespeare e que apareciam umas letras no fundo da imagem com a tradução para a língua de Camões, exclamaram: "Que ganda seca, stôra! Não me diga que vamos apanhar a seca de ter que ler legendas!"

Claro que segundo imensos especialistas destas coisas e imensos comentadores de serviço, a culpa é da "professora" porque não conseguiu perceber que os "alunos" de hoje necessitam de "aulas" mais dinâmicas e que provavelmente o DVD com legendas não foi ao encontro das necessidades dos jovens...!

antoniodosanzóis disse...

Cara Margarida
Surpreendentes é que eu não acho estas notícias. Depois de andarmos a brincar às democracias há trinta e cinco anos e com que resultados, é por demais evidente que o cidadão comum anda cada vez mais desconfiado e frustrado e pior, já nem acredita em novos valores. Depois a corrupção e a incompetência têm acabado com o resto de respeito e de esperança que os portugueses alimentavam em contarem com dirigentes, não sei se políticos, capazes de proporcionarem um razoável nível de vida.

Suzana Toscano disse...

É realmente muito triste esta imagem que os portugueses têm da política. Creio que sempre foi assim, fosse monarquia ou 1ª, 2ª ou 3ª República, raros foram os monarcas que mereceram o respeito e a boa memória dos portugueses, raros os políticos da modernidade que se viram reconhecidos, pelo menos em vida.Gostamos de heróis mortos e preferimos não nos dar por satisfeitos em momento algum da vida, achamos sempre que merecíamos melhor, mesmo que não estejamos dispostos a cativar quem tenha tais talentos. Pois eu encontrei muita gente honesta e dedicada à causa pública e tenho esperança que muitas outras não deixarão de tentar, sendo certo que o que as espera é um caminho árduo e sem qualquer reconhecimento, actual ou futuro, o mais fácil é dizer mal de tudo.

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Cara Susana

Inevitável no nosso código genético, as Saudades do Futuro!

Reconhecendo que os políticos são o espelho da sociedade, onde comecei a trocar os olhos foi quando me falaram que já não tínhamos políticos, mas uma classe política! Afinal, classes sempre tivemos muitas: a classe médica, a classe dos juízes, a classe ... mas uma acrescentou uma nova dimensão: a dimensão de classe política ... corporativa!

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Fartinho da Silva
O episódio que conta é "o pai nosso de cada dia"! É triste chegarmos a um ponto em que o professor quer ensinar e o aluno não quer aprender. O divórcio é grande!
Caro antoniodosanzóis
O mau funcionamento da justiça atinge todos e porventura aqueles que têm mais dificuldade no seu acesso. Há boas razões para estarem muito descontentes.
Suzana
Também conheço pessoas sérias e muito dedicadas à causa pública. Mas algumas delas fazem-no com grandes dificuldades porque o ambiente não lhes reconhece esses valores, antes os impele a desistirem ou então a fazerem de maneira diferente.
Tenhamos esperança que as coisas mudem... "São as saudades do futuro" de que fala o nosso Caro maioria silenciosa.