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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Alegria


Despertou debaixo de uma doce sensação de calor, graças às boas-vindas de um sol madrugador, depois de uma noite em que ambos descansaram, ela e a estrela da vida. O corpo não lhe pesava, antes pelo contrário, sentia-o tão leve a ponto de poder voar, algo que sempre sonhou, ser livre e alegre como uma ave. Olhou para o espelho, que lhe devolveu um cabelo revolto, solto, e que, com uma simples passagem da escova, ficou com ar de querer ir para a festa. Nunca foi tão fácil pentear-se. Uma simples passagem pelo cabelo como se a escova fosse uma varinha de condão. Em seguida, a brisa matinal, suave, igual a tantas outras, que desde sempre sabe acariciar a pele das mulheres, maquilhou, inesperadamente, os seus olhos, rosto e lábios. Não quis acreditar no que via e muito menos no que sentia. Pegou no seu lenço com bolinhas e colocou-o ao redor do pescoço. Foi então que, nesse momento, soube o que estava a acontecer, abençoada pela alegria, tinha sido transformada no seu próprio fantasma, e agora só lhe restava atormentar, docemente, a vida dos outros. Como sabia que era ela? Aquele sinalzito no seu rosto, agora mais do que tranquilo, alegre, não engana, nem mesmo quando se é fantasma.

2 comentários:

Bartolomeu disse...

Este texto tão sensível e intimista, só pode ser interpretado por pai e filha.
Mas... nunca tinha notado o tal sinal. Ha sinais que ficam belíssimamente num rosto femenino, conferem-lhes mais... mistério.
;)

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Professor Massano Cardoso
Há sinais que não conhecemos. Nunca nos conhecemos verdadeiramente. É um trabalho inacabado...