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sábado, 29 de outubro de 2011

Valha-nos então a literatura, bem precisados estamos




"A literatura não diz nada aos seres humanos satisfeitos com a sua sorte, a quem agrada a vida tal como a vivem. Ela é o alimento dos espíritos indóceis e propagadora de inconformismo, um refúgio para aquele a quem sobra ou falta algo na vida, para não ser infeliz, para não se sentir incompleto, sem realizar as suas aspirações. Sair a cavalgar junto do esquálido Rocinante e do seu desgovernado ginete pelos descampados de La Mancha, percorrer os mares atrás da baleia branca com o capitão Ahab, engolirmos o arsénico com Emma Bovary ou transformamo-nos num insecto com Gregor Samsa é uma maneira astuta que inventámos com o fim de nos desagravarmos a nós próprios das ofensas e imposições desta vida injusta que nos obriga a ser sempre os mesmos, quando queríamos ser muitos, tantos quantos seriam necessários para aplacar os ardentes desejos de que estamos possuidos". (Vargas Llosa, "La literatura y la vida", citado por António Rego Chaves no Jornal de Negócios de 28 de Outubro, Livros).

2 comentários:

Bartolomeu disse...

Todos os motivos para ler, são excelentes, mesmo aqueles que não o são.
;)
O problema, é quando se lê aquilo que não se deve, se não possuirmos o descernimento suficiente para perceber... que não deveríamos ter lido aquilo que lemos mas, uma vez que já lemos, não deixarmos que aquilo que lemos, afecte negativamente o nosso descernimento.
;))))))))

Suzana Toscano disse...

É o que se chama um "trava línguas", caro bartolomeu! No entanto, o discernimento vai-se alargando à medida que nos esforçamos por entender o que, à partida, nos parecia complicado. O melhor mesmo é ir lendo aqules que têm alguma coisa para nos dizer...