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domingo, 23 de outubro de 2011

As exigências das decisões difícies




O que é que faz um doente quando lhe diagnosticam uma doença muito grave? Ouve várias opiniões de quem sabe,com a rapidez necessária, para decidir o que for menos doloroso e arriscado. O que faz um médico perante um caso difícil e incerto? Reune com colegas, forma equipas, confronta soluções, para decidir com a máxima segurança. O que faz uma família que tem que tomar uma decisão importante para todos? Ouve uns e outros, com a diligência possível,de modo a que todos se sintam parte da decisão e participem do esforço que lhes vai ser pedido. O que é que espera um credor do seu devedor? Que ele procure assegurar-se de que tomará as melhores decisões para poder cumprir os seus compromissos.
Oiço por aí vozes que temem melindrar a Europa com o debate interno que corre por cá sobre o Orçamento. A Europa, pelos vistos, na cabeça de alguns, esperaria silêncio e unanimidade, não admite hesitações. Eu não sei o que é que “a Europa” pensa de um País que, perante uma situação extrema que exige medidas muito difíceis das quais depende o presente de muitas pessoas e famílias e o futuro colectivo, debata as hipóteses, pondere as soluções e oiça com preocupação os riscos de cada alternativa, dando a ideia de que hesita, sim, mas que o que decidir terá possibilidades de ser aceite e compreedido pela maioria. Mas admito, porque ainda acredito alguma coisa na Europa democrática, que a Europa veria com muito mais preocupação que um País à beira do abismo não aproveitasse o debate democrático para se deter a confrontar alternativas. Não sei se um alemão, um holandês, um francês e um inglês estranhariam debates nas suas terras a propósito de decisões cruciais. Mas, pelo que vejo do que se passa na Europa, certezas é o que há menos, fórmulas únicas é o que não se vê, cada um defende os seus interesses o melhor que pode e sabe para evitar ser arrastado para o abismo de decisões mal tomadas. O que se vê na Europa é que todos querem ganhar tempo, amortecer de qualquer modo a brutalidade do que os espera, o que se vê é que olham para o chão antes de avançar o pé, e isso quer dizer alguma coisa, quer dizer que certezas há poucas e medo de errar há imenso.
Por isso, duvido muito dos que, por cá, acham que a “Europa” se irritará connosco se houver debates, se as surdinas passarem a vozes e se os argumentos forem postos em cima da mesa a tempo de serem considerados. O que a “Europa” podia estranhar, e muito, era que, uma vez mais, a emergência nos impedisse de pensar, para depois nos acusarmos uns aos outros dos erros sem remédio. Já aconteceu antes, lembram-se?

2 comentários:

Bartolomeu disse...

Numa altura em que as palavras paradigma e paradigmático são usadas a esmo, não me inibo de opinar que os modelos são muitos, tantos ou mais que os países que compõem a União Europeia.
Talvez fosse sensato pensar que a união dos países, sujeita a uma moeda única, não seja um paradigma capaz de servir de igual modo e nas mesmas condições, os diferentes paradigmas.
Sobretudo se pensarmos que toda a crise em todos os países, se encontra subjugada ao poder económico, não de um país, ou de uma união de países, mas sim de poderes independentes dos Estados e das suas Soberanias.
Talvez fosse interessante as forças políticas que governam os países, reflectirem e debaterem também esta questão.
;)

Tonibler disse...

Em Portugal, pelo menos até há uns dias, os povo era o soberano e decidiu por estas "fórmulas". Estão correctas por definição. Seria de esperar que o restante estado obedecesse...diria eu...