O jornal Público, apresenta-nos hoje uma notícia intitulada "Cavaco aposta na maioria absoluta de Sócrates".
Vou continuar a reflexão de David Justino no post anterior.
E repito a pergunta: a quem serve a notícia?
Ao Prof. Cavaco Silva?
Há muitos anos que sabemos que o Prof. Cavaco Silva é favorável à formação de maiorias absolutas. De há muito que defende que o vencedor de eleições legislativas deve ter maioria absoluta para governar com estabilidade.
A notícia do Público não traz novidade e só uma leitura muito enviezada permitiria concluir que se trata de uma posição agora tomada para prejudicar Santana Lopes.
Aliás, ao contrário do que é seu hábito, o Prof. Cavaco Silva já veio desmentir a notícia.
Ele é o último interessado nesta notícia, porque, caso fosse verdadeira, propiciaria uma ruptura definitiva do PSD com o seu ex-líder - veja-se a reacção de Alberto João Jardim.
E o Prof. Cavaco Silva sabe que precisa do PSD para fazer a sua candidatura presidencial.
Ele pode dispensar as Distritais do Partido, pode ignorar as suas Concelhias e Secções, até pode detestar uma parte muito significativa dos actuais dirigentes do PSD.
Mas ele precisa dos militantes sociais democratas, da sua alma, do seu génio e do seu afecto, para construir uma campanha vitoriosa. Por maior que seja a vantagem com que parte para as eleições presidenciais, ele não pode dispensar a moldura humana e o entusiasmo dos laranjinhas.
Definitivamente, esta notícia não serve ao Prof. Cavaco Silva!
Então a quem aproveita?
Ao PS? Que assim joga na divisão do PSD?
A Santana Lopes? Que tem mais um motivo para justificar uma eventual derrota no dia 20 de Fevereiro?
A outros candidatos presidenciais? Que "queimariam" Cavaco Silva com esta notícia? Será que a notícia interessa a Marcelo Rebelo de Sousa? Ou a outro putativo candidato a Presidente da República... Santana Lopes?
Já se percebeu que esta notícia vai ter mais notícias.
Esperemos pelas próximas.
3 comentários:
A notícia que o Público veiculou ontem, mesmo tendo em conta o "desmentido" de Cavaco, não perde validade, embora tenhamos de censurar a forma como foi forjada. A polémica despontou devido a um mero verbo, já que "apostar", para alguns obtusos como Alberto João Jardim, traduz "desejar". Façamos o seguinte exercício: Pacheco Pereira é, tal como Cavaco, propugnador de maiorias absolutas. Pacheco já asseverou que deseja a vitória, por maioria absoluta de um partido. Tendo em conta o contexto, sabemos que este PSD, de cariz panegirista, nunca poderá alcançar a maioria absoluta. Destarte, Pacheco deseja uma vitória do PS. Se esta afirmação fosse estulta, Pacheco teria dito que, apesar de ser um sequaz da estabilidade, preferia ver emergir um governo socialista de maioria relativa, que se desmoronaria passados dois anos, no máximo. Nem um sofista conseguirá replicar. É cristalino. Pacheco e Cavaco, ambos militantes do PSD, prevêem uma maioria absoluta do PS e, como consequência menos nóxia, até a desejam.
Santana Lopes terá de ser apeado da liderança do PSD, logo após 20 de Fevereiro. Se o PS conquistar a maioria absoluta, Santana assumirá uma "derrota a toda a linha", cujos benefícios futuros para o PSD serão incomensuravelmente maiores do que uma derrota por maioria simples. Continuando numa onda de conjecturas, se Santana não for derrotado com estrépito, poderá surgir como candidato a líder num congresso extradordinário. Conhecemos Santana e sabemos que esta é uma forte possibilidade. Portugal ganha com um PSD escorreito e íntegro. Digam-me: concordam?
Talvez faça algum sentido.
Mas o que se está a passar tem mais a ver com as presidenciais do que com a liderança.
Veja o meu post de hoje.
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