É importante que os projectos políticos possam afirmar-se relativamente a padrões e referências económicas e sociais. José Sócrates ao revelar o seu modelo de sociedade tomando como referência o “modelo nórdico” esclarece muito do que pretende fazer quando for Primeiro-ministro.
O “modelo nórdico” é geralmente identificado pela versão mais “pesada” do chamado “modelo social europeu”, com um peso considerável (dos mais elevados da Europa) do Estado na sociedade e na economia. Porém, é justo lembrar que esse modelo sofreu alterações profundas nos últimos dez anos.
Há dez anos atrás o peso da despesa pública no Produto interno atingia na Dinamarca cerca de 62%, na Finlândia de 64%, na Suécia de 72% e na Noruega de 55%.
Passados 10 anos, todos reduziram de forma significativa esse peso: A Dinamarca passou para cerca de 56% (-6%), a Finlândia para 50% (-14%), a Suécia para 58% (-14%) e a Noruega para 48% (-7%).
A pergunta que vale a pena fazer é: qual o modelo? O de há dez anos? O actual? Ou o que permitiu passar do anterior ao actual?
Respondendo afirmativamente à primeira ou à segunda pergunta, podemos concluir que estamos “tramados”. José Sócrates quer aproximar o nível de despesa pública do equivalente médio daqueles países, sendo que a afirmativa à primeira pergunta salda-se num desastre de proporções incalculáveis, se for à segunda o desastre é apenas menor.
Se o “modelo” for identificado como uma resposta afirmativa à terceira pergunta, gabo-lhe a ambição: equivale a reduzir em cerca de 10% a referida despesa pública.
Porque é que nenhum jornalista lhe pergunta qual dos modelos é que ele ambiciona?
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