"Red glass of wine" (Neal Evans)
Em 1979 foi publicado um artigo na revista The Lancet onde se estabelecia pela primeira vez uma associação protectora do vinho nas doenças cardiovasculares. Desde então, muitos outros vieram a terreiro comprovando não só o achado, como também explicar os mecanismos. Generalizou-se o conceito ao ponto de hoje não haver praticamente ninguém que não saiba que o consumo moderado de vinho faz bem ao coração. Alguns mais puristas vão ao ponto de dizer que só o tinto é que tem essas propriedades, devido os famosos antioxidantes denominados flavonóides.
Calculou-se inclusive uma redução de 20 a 25% das doenças cardiovasculares nos bebedores moderados. Mas, agora, um estudo neo-zelandês, envolvendo mais de 200.000 pessoas, vem por em causa esta asserção. Os ditos benefícios podem ser menores que os danos causados mesmo bebendo um ou dois copos de vinho por dia. Dentro de três dezenas de factores de risco cardiovascular, 27 são mais comuns nos que não bebem. Deste modo, reaparece o velho conceito de que os que bebem são mais saudáveis do que os que não bebem. Sendo assim, a diferenças entre os dois grupos tem a ver mais com a prevalência dos factores de risco.
"A boa notícia é que as pessoas ainda podem beber álcool em moderação. Não há evidências de que um consumo leve ou moderado de álcool prejudique o coração. No entanto, beber demais pode trazer efeitos adversos para a saúde", afirma Belinda Linden, da Fundação Britânica do Coração.
Pronto! Lá se vai o argumento de muitos que queriam cuidar do seu coração desta forma.
Afinal é preciso ter saúde para beber e não beber para ter saúde. De qualquer modo, ainda vou tendo (acho eu!) alguma saúde…
8 comentários:
É o que eu digo. Agora que estou a deixar de fumar, vão descobrir que afinal faz bem!...
Frase errada. A frase certa é "agora que DEIXEI de fumar". "Estou a deixar" deixa a porta aberta para "é só desta vez".
Cuidado Toni!
Caro Tonibler
Não desanime. No caso do tabaco não há qualquer hipótese de descobrir que faz bem. Isto é, de facto sabe-se que o tabaco parece ter um efeito protector no caso do cancro do endométrio uterino (no seu caso não beneficia) e na Doença de Alzheimer. Mas, neste último caso, através dos seus escritos, vrificamos que não apresenta quaiquer sinais nem para lá caminha. Sendo assim, as poucas situações em que há "aspectos positivos" não se lhe aplicam.
Não desista. Ao princípio custa que se farta, depois melhora. A primeira semana é de por um santo louco. Sei do que falo. Deixei de fumar há 22 anos e, ainda hoje, volta e não volta sonho com uns cigarritos. Mas só em sonhos...
Já passei à fase de "agora ia um cigarrinho..". Já ultrapassei a fase do "preciso de um cigarrinho". Agora que DEIXEI de fumar...
Pois bem, ainda assim, não sendo já um milhão, continuamos a dar de comer a alguns portugueses, o que revela bom coração!
Hic (soluço em português, e não o vocábulo do latim, note-se)
Caro Gonçalo
Se for bom e com moderação até merecem. Não abuse!
Caro Professor, estou em crer que os resultados do estudo estão claramente viciados pelo facto de o produto utilizado na experiência ser neo-zelandês. Caso a tivessem feito com bom tintol do Douro (ou do Dão, ou do Alentejo), quase de certeza que as conclusões seriam as contrárias ;)
Não me tente! Imagine o que seria se de facto os nossos vinhos fossem verdadeiros protectores cardiovasculares. Ficávamos podres de rico ao ponto dos árabes ficarem roídos de inveja.
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