Há uns 15 anos, a União Europeia deu, a fundo perdido, cerca de 10 milhões de contos para viabilizar a fábrica de açúcar de beteraba de Coruche.
A produção agrícola correspondeu e a fábrica tem sido um êxito.
Agora, a União Europeia dá outros 10 milhões de contos(50 milhões de euros), para encerrar a fábrica, dizendo que há excesso de produção!...
Cá por mim, aceitava, na condição de virem outros 10 milhões para nova fábrica de um novo qualquer produto, assumindo já o compromisso de a fechar, reiniciando o ciclo!...
15 comentários:
Ora aí está como o Pinho Cardão faz nascer de um rematado escândalo um excelente negócio!
O caso DAI Coruche é elucidativo da forma como União Europeia brinca com a economia portuguesa.
Porque motivo não fecham uma fábrica de açucar na Alemanha?!
Por acaso até conseguia arranjar umas 10 aplicações diferentes para esses 10 milhões de contos. Mas, se calhar, não eram estúpidas o suficiente...
Agora pergunto:
Quais os objectivos de Bruxelas para a economia portuguesa, face à problemática do alargamento?
Caro Pinho Cardão
Sem desejar entrar em mais detalhes o projecto DAI, é assim que se chama foi sempre um rematado disparate, mas como esse existem outros por essa Europpa fora.
A Comissão "dá" os tais 10 milhões porque é politicamente impossivel sustentar a posição assumida pela UE na ronda de Doha sem terminar com alguns escândalos.
Em segundo lugar paga já, para não continuar a subsidiar um preço político, a tonelada de açucar de beterraba é, mais ou menos, 2.5 vezes o preço médio internacional em spot do açucar de cana, este varia entre os USD 165/170 (tire 20%) e veja o que voçê e eu estamos a pagar para o pessoal.
Mas desde o início do projecto que era, foi e será assim.
É por estas e por outras que não me canso de rir com os arautos, tanto na Europa, como nos EUA, do livre comércio.
No caso dos EUA o assunto é com a soja, apenas o modo é menos transparente do que na Europa.
Pessoalmente prefiro pagar menos pelo açucar, mas sem ter de pagar a produção.
Cumprimentos
Adriano Volframista
Uma pequena achega.
A quota atribuída a Portugal, para a produção de açucar de beterraba é, salvo erro, de 75 mil toneladas.
A quota atribuída à Belgica é, salvo erro, de 1 milhão de toneladas.
É claro que a Bélgica tem uma área que é...cerca de 1/3 da área de Portugal.
Caso para perguntar qual vai ser a redução imposta à Bélgica na produção de açucar de beterraba...
Depois da achega do dr. TM sinto vontade de dizer: "Imensos aplausos para os negociadores das quotas. Fizeram um excelente trabalho!"
Camaradas,
As autoestradas custam dinheiro.
Caro Anthrax,
A negociação da quota portuguesa foi feita muito tardiamente, quando já todos os outros países tinham a sua quota consolidada há muito tempo.
Portanto essa negociação não foi boa nem má, foi a possível nas circunstâncias da época.
E, se alguma coisa ainda foi possível, isso fica a dever-se ao empenho e capacidade do Engº Alvaro Barreto, nos anos em que desempenhou funções de Ministro da Agricultura (finais dos anos 80).
Não tivesse sido esse empenho e a nossa quota seria...zero.
Quanto às razões pelas quais nos atrasamos tanto nessa negociação, isso sim, dá uma história engraçada, para quem a quiser contar.
Ora, Ora!
Será que já alguém de vós ouviu falar em biocombustíveis ou será que o loby nuclear que apoiam ficaria chateado com tamanha sugestão...
Caro Pinho Cardão
Apenas para rematar:
sabe quem é o maior produtor de cana do açucar e de soja do mundo?
O Brasil.
Neste capitulo não estamos a ajudá-lo, antes pelo contrário.
Assim não se admirem que a CPLP seja o que é, nem que o nosso PM tenha tão pouca audiência nesse país, quando lá o visita; (mesmo quando faz o jeito ao camarada de cartilha).
Cá se fazem, cá se pagam
Cumprimentos
Adriano Volframista
Caro Pinho Cardão
Apenas mais uma adenda e peço desculpa pela lateralização que fiz no anterior post.
A questão que se deve colocar sobre o projecto DAI é o seguinte:
porque será que fomos atrás de um projecto que, já nessa altura não tinha sustentabilidade e não usámos ess dinheiro para apoiar, por exemplo, o cultivo biológico, ou uma/duas/três fábricas/processadoras de produtos biológicos.
Agora, não tinhamos de fechar nem pedir dinheiro para esse tipo de projectos, porque o biológico está de moda cobra caro.
Por outras palavras, não se qualificou a nossa agricultura, nem se reproduziu o que foi investido.
É aqui que somos diferentes dos espanhóis: preferimos a rapina rápida, ao investimento demorado, mas isso é um problema de elites (seja lá o que isso for), umas ganham, outras perdem.
Cumprimentos
Adriano Volframista
Caro dr. TM,
Nós aqui, à dimensão do nosso "tasco", também negociamos e o nosso princípio nunca é negociar o que é possível mas sim, negociar o que nos interessa (mesmo quando o que nos interessa não vai de encontro às políticas ministeriais).
Nós aqui, não temos por hábito ficar à espera de orientações vindas de cima, caso contrário arriscamo-nos a perder a oportunidade. Assim, primeiro avançamos e tomamos uma posição, se essa posição for concordante com a política ministerial, que bom ficamos muito contentes com isso. Se não for, paciência, revejam os objectivos porque nós não mudamos a posição.
É claro que isto numa organização pequena é fácil de fazer. Ao nível ministerial é um pouco mais complicado embora o princípio seja o mesmo.
E já agora caro TM,
qual seria o drama se a quota de Portugal na magnífica exploração de açucar de beterraba fosse zero?...
Por acaso o nosso país tem um longo historial e somos alguma potencia mundial desse tipo de agricultura e exploração? Isto é, de beterraba para fazer açucar?
Antes dessa magnífica e excelente quota conquistada estóicamente pelo Alvaro Barreto qual era a nossa capacidade de produção desse tipo de produto? Estávamos acima, abaixo, muito acima, muito abaixo, ou era praticamente inexistente?
Já agora os 10 milhões que vieram foram para financiar o projecto a 100%, ou foi só parcialmente?
Se foi parcialmente, quem financiou o restante? O Estado? Em que proporção? Houve privados envolvidos no financiamento dessa actividade? Quais os benefícios fiscais envolvidos? A quem competia a gestão dessa unidade? Aos privados? Ao Estado? Quais os resultados de gestão apresentados por essa unidade? Eram positivos?
Quem é que vai receber o dinheiro que vem para o seu encerramento? Os trabalhadores, o Estado ou os privados?
São perguntas que todos nós portugueses contribuintes e beneficiários de Bruxelas (só alguns) gostaríamos de ver respondidas! Mas como é habitual ninguém vai responder... porque não interessa levantar muitas ondas sobre o assunto...
Alguém chegou, viu e meteu... os outros ficaram por cá a olhar e a pagar impostos!
Sinceramente não acham que teria sido mais útil trocar as 75 mil toneladas de açucar de beterraba por qualquer coisa relacionada com as pescas, ou coisa assim?
Caro dr. PC,
Pois agora é que acertou na "mouche"! :)))
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