Foi anunciado que Portugal suporta um encargo de 88 milhões de euros por ano com as missões militares no exterior.
O senhor Presidente da República declarou que entende que é "absolutamente natural" que a Portugal seja solicitado pelo Secretário-Geral da ONU contributo para a força de mantenção da paz no Líbano no quadro do esforço que foi solicitado à UE.
Pergunta a minha curiosidade: para além altíssimo risco envolvido nestas missões, pelas quais há sempre a possibilidade de pagar o imenso preço de vidas humanas perdidas, qual a dimensão que devem assumir as dificuldades de um País como Portugal, para que esse pedido, face aos sacrifícios financeiros que envolve, deixe de ser considerado "absolutamente natural"?
12 comentários:
Boa pergunta!
Já estou mesmo a imaginar os Chaimites da Guerra do Ultramar a patrulhar, heroicamente, o sul do Líbano enquanto o Hezbollah, de um lado, e os soldados Israelitas do outro, se rebolam - no solo árido - de tanto rir.
Que coisa tão épica!
Inteiramente de acordo. Também eu, não consigo divisar onde está a "naturalidade" deste destacamento.
Cumprimentos,
Regionalização
Tudo depende de em quanto valoriza a nossa segurança.
Ainda não percebi o que é que ganhamos com a coisa. Do Iraque vinha isto e aquilo e no fim só ganhámos uns transportes de tropas.
Entao vamos despedir uns deputadozinhos!
Talvez a resposta esteja numa única palavra: "solidariedade"! Ou ela só deve existir num sentido? Ou esta só é medida por ordenados, custos e ganhos ou cálculos matemáticos?
Com todo o respeito, "valorização da nossa segurança" ou "solidariedade" são chavões sem substância. Portugal, como qualquer outro Estado, não pode agir nestes domínios por mero reflexo.
Hoje Nuno Rogeiro, na "Sábado", coloca a mesma questão e eu revejo-me na resposta que dá. Para quem não leu:
"Quer isto dizer que todas as missões de "manutenção de paz" são um imperativo?
Claro que não. O "interesse nacional" tem de ser evidente, ou explicável, os órgãos políticos eleitos precisam de ter fins, objectivos, mandatos e regras claras, as forças a destacar devem ser proporcionais às capacidades militares e financeiras do País e por aí diante.
Como acontece a todas as nações independentes e soberanas, não há aqui cheques em branco: daí que, do PR ao CSDN, do Governo ao Parlamento, não possam ficar sombras de dúvida sobre o que há a fazer, ou a rejeitar".
Nem mais...
Reforçando o ponto anterior do JMFA, a minha solidariedade tem que ser com os refugiados da Azinhaga do Bezouro, não é com outros. Para esses "temos pena".
E antes que alguém venha com o posicionamento geo-estratégico, podem indicar-me um proveito do ataque, sem aviso prévio que é crime de guerra, à Federação Jugoslava de há 10 anos. Já recebemos, ou não?
Caros JMFA e Tonibler:
Para mim "solidariedade" nunca é chavão e jamais sem substância. E tanto faz ser no Libano, na Bosnia ou na Azinhaga do Bezouro.
E, todavia, afirmei no meu post: "Talvez..." Sim, não tenho certezas.
Outras certezas eu tenho: estas coisas não se medem por processos contabilísticos, exclusivamente, como alguns, atrás, pretendem. E depois querem VER os "proveitos". Santo País este! Por isso somos o que somos: uns pobres "magrebinos" como alguns europeus nos consideram, sem ofensa aos magrebinos!
Independentemente das "doutas" opiniões de Nuno Rogeiro, transformado em "consciência nacional" ou grande "orientador"!
Apesar das discordânias os meus respeitosos cunprimentos a todos.
Meu caro RuiVasco, assinalo um ponto de concordância: estas decisões não devem ser tomadas por subordinação a critérios contabilísticos. Pois que não.
Mas haverá decerto limites ao encargo que é legítimo que um Povo suporte com a solidariedade a este nível. A "solidariedade", meu caro RuiVasco, significa neste caso o sacrifício de todos quantos contribuem para que o Estado possa proceder à despesa de interesse público. Portugal estará, nesta conjuntura, no mesmo pé que uma França, uma Alemanha ou mesmo uma Itália? Mesmo descontando os interesses estratégicos que alguns destes Estados têm na zona(individualmente considerados, e não como parte da UE que para estes efeitos não existe...) e que Portugal não tem nem faz sentido que almeje vir a ter?
A questão que foi colocada no post era somente essa, a dos limites.
Agora essa de nos considerarem os pobrezinhos da Europa, meu caro RuiVasco, não será certamente pelo nosso contributo maior ou menor para as forças de manutenção de paz ou de interposição. Se reparar bem, vai ver que outros, mais desafogados, mais "cotados" e com bem menos problemas daqueles por que passamos actualmente, são "solidários" sem envolver as suas forças armadas. Percorra os 25 e veja quantos deles colaboram.
Mais uma nota adicional, só para sublinhar o meu ponto de vista. A França foi, com sabe, a grande responsável pelos termos da resolução do Conselho de Segurança que fizeram vencimento. Sabe qual foi a reacção imediata? Evitar enviar tropas suas para o Líbano. Apesar de ter sido a França a propor a constituição de uma força de paz. Porque misteriosa razão terá sido?
Quanto ao texto do Nuno Rogeiro que citei, não o vejo como expressão de qualquer superior consciência. É uma opinião, tão só, na qual me revejo. Chamei a atenção para ela por esse singelo facto.
Cumprimentos e anime sempre este espaço com os seus comentários.
Caro Rui Vasco,
Deixe-me dizer-lhe que a totalidade da população Síria, Libanesa e Israelita não vale um único cidadão português. Eu não trocava, o Rui trocava? Deixemo-nos de grandes palavras como "solidariedade". A pergunta é só essa, que cidadão português está o Rui disponível para trocar pela totalidade da população Libanesa, Síria e Israelita?
Logo, se estamos a mandar 140 cidadãos portugueses para passarem a estar sob risco de vida é bom que seja em nosso proveito.
Entretanto, vá-se lembrando da sua reacção cada vez que uma empresa estrangeira fecha em Portugal para se deslocar para um país miserável qualquer onde vai salvar a vida de milhares de crianças....
Cumprimentos Rui que a vida é feita de discordâncias...
Caro JMFA:
Claro que não nos vamos equiparar a outras "potências" europeias!Nem os nossos interesses, estratégicos ou outros, e responsabilidades serão iguais! Por isso nem os nossos contingentes ou contributo s e equivalem...
Convenhamos, porém, que hoje em dia a França não é exemplo para ninguém. É mais dos que atiram a pedra e escondem a mão! Ou pior, mas por aqui me fico! o Sr Chirac passou e não deu conta!
Claro que não é pelos pelos nossos contributos/contingentes que somos mais ou menos pobrezinhos. No entanto "pela aragem se vê quem vai na carruagem".
São as nossas "substâncias" em cada "circunstância" que faz de nós mais ou menos considerados ou respeitados. Por estes e muitos outros casos.
Para lem disso, volto à carga, num país, de maioria clara, social-democrata a solidariedade é algo de marcante. Dessa, por muito que o considerem chavão, ou coisa pior, não abdico!
Claro que percebi a sua citação de N Rogeiro. Tambem o leio e aprecio. Foi mais uma..."blague" minha. Perdoe.
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