Na edição de hoje do laborioso D.E. pode ler-se “Constâncio e CMVM investigam BCP”.
Esta forma de dar notícias é curiosa: num caso cita-se, e bem, uma entidade de supervisão financeira; no outro caso cita-se uma pessoa, omitindo-se, mal, a entidade que dirige.
É um exercício interessante tentar entender esta forma peculiar de dar notícias.
O que pretendem os autores?
a) Convencer-nos de que existe um Justiceiro, que vai por ordem num negócio obscuro, assessorado por outra entidade cujo Presidente pouco ou nada releva para o caso?
b) Convencer-nos de que um Super-Homem vai entrar em acção e todas as infracções vão ser reparadas e corrigidas? E os seus autores severamente punidos?
c) Convencer-nos de que a entidade dirigida pelo Super-Homem vai finalmente mostrar a sua força, pondo a devida ordem no sistema financeiro?
d) Convencer-nos que vamos assistir a um “one man show” em grande esplendor?
e) Convencer-nos de os estatutos do BdeP foram modificados tendo sido transformado
em Sociedade Unipessoal?
f) Ou muito simplesmente convencer-nos de que Carlos Tavares pouco conta, nem vale a pena referir o seu nome, que não é gente?
Vamos a ver, caso as coisas não corram bem (o que não se deseja, de todo), se um dia destes não somos visitados pelo título “Carlos Tavares e BdeP não se mostram capazes de resolver...”.
Surpreendente? Nada já me surpreende...
7 comentários:
Para dar cada vez mais a ideia de que o Super-Homem, vulgo Vitor Constâncio, é uma pessoa isenta, imparcial, honesta, de grande nobreza de carácter (quiçá num futuro próximo colocado num belo lugar elígivel qualquer) e sério identifica-se o Banco de Portugal com a figura de VC.
Assim ajuda-se a fomentar, indirectamente, a ideia de que tudo o que sai da boca do Super Homem é a mais pura verdade, desde o estado da Economia, ao valor dos défices (sejam eles exercicíos académicos ou não), ao prosseguimento de uma política fiscal, etc. e tal...
Basicamente, nós não temos um, mas dois ministros das finanças, um diz "mata", o outro diz "esfola", um é mal-amado (do Governo) o outro é um bem-amado (de uma instituição defensora dos pobrezinhos espoliados pelos Bancos).
O curioso da situação é termos uma instituição como o Banco de Portugal, coisa que sinceramente na minha curta existência não me recordo de ter visto, a contribuir activamente para o condicionamento/branqueamento das orientações políticas de um Governo, nem na altura em que intervinha directamente na política monetária.
Supostamente o Banco de Portugal não é suposto ter uma actividade mais reguladora e menos "política"?
Muito bem observado, meu caro Tavares Moreira.
Na linha do F.Almeida, muita arguta observação!...
De Chefe Cozinheiro a Super-Homem. Não sei que dizer dum homem que ganha trez vezes mais que o seu congénere americano e tem bem menos de 1 terço das responsabilidades. Faço minhas as palavras de Santana Lopes " O país está doido!".
Por muito mais que me alongue, acabarei por persistir no mesmo. Devido à competência de um e outro quem deveria ser omitido era Constâncio e não Tavares. O que foi que constâncio fez de positivo? Deixar este país caminhar alegremente para o charco??? E o que fazemos é engrandecer a sua competência nos jornais. Já enjoa ver o esquerdismo a sair bem na fotografia! O PSD toma uma medida e é um atentado aos direitos dos trabalhadores, o PS fá-lo e é elogiado pela sua visão. Enfim. Decadente...
Enfim, precisamos mesmo de uma 4ª républica.....
Saudações Republicanas
Acutilante comentário, caro André, ao bom estilo dos dragões de raça...
Esperemos pela volta meu Caro, para ver o que estes parodiantes da imprensa nos vão querer vender ou omitir...
Não é de excluir que os próximos episódios sejam...de silêncio sepulcral.
O país está doido e não é de agora. Deve ser graças ao vencimento do governador do bp que os funcionários estão a perder regalias nos últimos anos.
Cuidado com esse "não é de agora" caro Gonçalves.
Digo-lhe que já trabalhei no BP, em função de elevada responsabilidade, e o comentário que faz quanto a vencimentos não teria nessa época - bem sei que já lá vão mais de 15 anos - o mais pequeno fundamento...
Era bom que balizasse no tempo o seu raciocínio para não atingir quem não deve, de todo, ser atingido.
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