Chantal Sébire pediu que lhe aplicassem a eutanásia. Apelou ao governo francês. A lei francesa não permite a sua prática. A senhora pensou em ir a um dos países em que é permitida. Não foi preciso, graças ao “alívio da morte”...
Infelizmente, já assisti aos últimos meses de vida de uma pessoa jovem que faleceu devido a um tumor na cabeça. Apesar de, desde o momento em que lhe foi diagnosticado o tumor, até ao falecimento ter decorrido apenas um ano, o processo de "degradação" foi terrivelmente "longo". Já não me recordo se em primeiro lugar foi a perda da visão, ou da audição, ou se foi a paralisia de alguns membros...enfim, uma agonia para morrer... Desde esse dia que sou "anti-sofrimento" e por consequência a favor da eutanásia, sem dúvida alguma.
Uma vez, num hospital, ouvi duas enfermeiras a comentar que tinham feito uns tratamentos a uma doente, também ela enfermeira, que, na opinião delas, não teriam sido necessários e uma delas dizia "não sei como é que ela deixou que lhe fizessem aquilo". A outra respondeu "quando uma pessoa está doente sujeita-se a tudo,cria um espírito diferente, não é o mesmo que quando se está saudável". E, de facto, é assim, a pessoa quer sobreviver, nada mais lhe importa,o que será preciso acontecer no espírito de uma pessoa até ela querer, realmente, de verdade, que a sua vida acabe? Fazê-lo com consciência, desejar a morte como bem supremo, querer mesmo, deve ser preciso um tormento que as pessoas saudáveis não podem entender ou mesmo imaginar. Quando muito, assistem e condoem-se, mas não o sentem. Por isso não conseguimos, friamente, perceber, ou aceitar, o que deve sentir quem passa essa barreira do instinto de conservação, perde as esperanças de melhorar, vê o fim do caminho inexorável e, ainda assim, até lá, um sofrimento atroz, como deve ter sido o caso da mulher que se olhava no espelho e via um ser monstruoso. Para nós, os saudáveis, isso é um enigma que inspira temor.
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Infelizmente, já assisti aos últimos meses de vida de uma pessoa jovem que faleceu devido a um tumor na cabeça. Apesar de, desde o momento em que lhe foi diagnosticado o tumor, até ao falecimento ter decorrido apenas um ano, o processo de "degradação" foi terrivelmente "longo". Já não me recordo se em primeiro lugar foi a perda da visão, ou da audição, ou se foi a paralisia de alguns membros...enfim, uma agonia para morrer...
Desde esse dia que sou "anti-sofrimento" e por consequência a favor da eutanásia, sem dúvida alguma.
Uma vez, num hospital, ouvi duas enfermeiras a comentar que tinham feito uns tratamentos a uma doente, também ela enfermeira, que, na opinião delas, não teriam sido necessários e uma delas dizia "não sei como é que ela deixou que lhe fizessem aquilo". A outra respondeu "quando uma pessoa está doente sujeita-se a tudo,cria um espírito diferente, não é o mesmo que quando se está saudável". E, de facto, é assim, a pessoa quer sobreviver, nada mais lhe importa,o que será preciso acontecer no espírito de uma pessoa até ela querer, realmente, de verdade, que a sua vida acabe? Fazê-lo com consciência, desejar a morte como bem supremo, querer mesmo, deve ser preciso um tormento que as pessoas saudáveis não podem entender ou mesmo imaginar. Quando muito, assistem e condoem-se, mas não o sentem. Por isso não conseguimos, friamente, perceber, ou aceitar, o que deve sentir quem passa essa barreira do instinto de conservação, perde as esperanças de melhorar, vê o fim do caminho inexorável e, ainda assim, até lá, um sofrimento atroz, como deve ter sido o caso da mulher que se olhava no espelho e via um ser monstruoso. Para nós, os saudáveis, isso é um enigma que inspira temor.
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