Já se escreveram milhares de textos e de análises sobre as razões que estiveram na base da explosão da crise financeira que acabaria por se estender à economia que vive momentos de grandes perdas e de incertezas sobre o futuro.
Continua a pairar no ar, para o comum dos mortais, uma nuvem cinzenta que não permite compreender o que realmente correu mal e que erros devem ser corrigidos para que o investimento não volte a ser afectado, para que as empresas não deixem de produzir e não fechem as portas, para que a criação de emprego não seja interrompida e não aumente o desemprego, para que as pessoas tenham o rendimento suficiente para viverem e que a pobreza não aumente. Para a maioria das pessoas a análise económica e financeira é algo realmente complexo e difícil de entender.
Sempre gostei de parábolas porque sendo histórias extraídas da vida quotidiana, narradas de forma simples, ajudam a descodificar a realidade complexa e ilustram simbolicamente lições éticas e morais.
Vale a pena ler o artigo publicado no Financial Times “Ten principles for a Basic Swan – Proof world”, que, em apenas numa página, utiliza excelentes “parábolas” para definir um conjunto de princípios que deveríamos observar para construir um mundo resistente aos chamados “cisnes negros”, isto é, às crises, neste caso, económicas e financeiras. O Cisne Negro (do livro “O Cisne Negro” de Nassim Taleb) é um acontecimento que reúne três atributos. Primeiro: é “atípico”, encontra-se fora das nossas expectativas normais porque nada que tenha ocorrido no passado pode apontar, de forma credível, para esta possibilidade. Segundo: reveste-se de um enorme impacto. Terceiro: apesar do seu carácter desgarrado, a natureza humana faz com que construamos explicações para a sua ocorrência depois de o facto ter lugar, tornando-o compreensível e previsível.
As excelentes “parábolas” do artigo do Financial Times, embora sendo simples na sua formulação, não deixam, contudo, de ser difíceis na sua aplicação, pois só assim se explica porque é que de vez em quando surge um Cisne Negro. Vale a pena reflectir sobre elas. Algumas delas são-nos bastante familiares:
1. What is fragile should break while it is small.
2. No socialisation of losses and privatisation of gains.
3. People who were driving a school bus blind folded (end crashed it) should never be given a bus.
4. Do not let someone making an “incentive” bonus manage a nuclear plant.
5. Counter-balance complexity with simplicity.
6. Do not give children sticks of dynamite, even if they come with a warming.
7. Only Ponzi schemes should depend on confidence. Government should never need to “restore confidence”.
8. Do not give an addict more drugs if he has withdrawal pains.
9. Citizens should not depend on financial assets or fallible “expert” advice for their retirement.
10. Make an omelette with the broken eggs.
Continua a pairar no ar, para o comum dos mortais, uma nuvem cinzenta que não permite compreender o que realmente correu mal e que erros devem ser corrigidos para que o investimento não volte a ser afectado, para que as empresas não deixem de produzir e não fechem as portas, para que a criação de emprego não seja interrompida e não aumente o desemprego, para que as pessoas tenham o rendimento suficiente para viverem e que a pobreza não aumente. Para a maioria das pessoas a análise económica e financeira é algo realmente complexo e difícil de entender.
Sempre gostei de parábolas porque sendo histórias extraídas da vida quotidiana, narradas de forma simples, ajudam a descodificar a realidade complexa e ilustram simbolicamente lições éticas e morais.
Vale a pena ler o artigo publicado no Financial Times “Ten principles for a Basic Swan – Proof world”, que, em apenas numa página, utiliza excelentes “parábolas” para definir um conjunto de princípios que deveríamos observar para construir um mundo resistente aos chamados “cisnes negros”, isto é, às crises, neste caso, económicas e financeiras. O Cisne Negro (do livro “O Cisne Negro” de Nassim Taleb) é um acontecimento que reúne três atributos. Primeiro: é “atípico”, encontra-se fora das nossas expectativas normais porque nada que tenha ocorrido no passado pode apontar, de forma credível, para esta possibilidade. Segundo: reveste-se de um enorme impacto. Terceiro: apesar do seu carácter desgarrado, a natureza humana faz com que construamos explicações para a sua ocorrência depois de o facto ter lugar, tornando-o compreensível e previsível.
As excelentes “parábolas” do artigo do Financial Times, embora sendo simples na sua formulação, não deixam, contudo, de ser difíceis na sua aplicação, pois só assim se explica porque é que de vez em quando surge um Cisne Negro. Vale a pena reflectir sobre elas. Algumas delas são-nos bastante familiares:
1. What is fragile should break while it is small.
2. No socialisation of losses and privatisation of gains.
3. People who were driving a school bus blind folded (end crashed it) should never be given a bus.
4. Do not let someone making an “incentive” bonus manage a nuclear plant.
5. Counter-balance complexity with simplicity.
6. Do not give children sticks of dynamite, even if they come with a warming.
7. Only Ponzi schemes should depend on confidence. Government should never need to “restore confidence”.
8. Do not give an addict more drugs if he has withdrawal pains.
9. Citizens should not depend on financial assets or fallible “expert” advice for their retirement.
10. Make an omelette with the broken eggs.
6 comentários:
A meu ver, os 10 mandamentos das tábuas do Financial Times, ficariam completos se lhes fossem acrescentados mais 3:
- Do not steal
- Do not perjury
- Do not covet the outside goods
Ou seja, em bom português:
- Quanto mais gamares, mais ladrões vão existir.
- Quanto mais baralhares as pedras, mais difícil vai ser fazeres dominó.
- Se cobiçares demais, não vais ter casa que chegue para recolheres tudo.
Esses 10 mandamentos do FT mostram bem como a ciência económica ainda anda no tempo dos xamãs. Qualquer xamã lançaria 10 mandamentos iguais depois de um eclipse do Sol (na verdade, lançou, há 3000 anos, algures entre Israel e o Egipto...).
Cara Margarida
Nos periodos de acentuada crise,aparecem sempre uns entes, mais ou menos qualificados, que depois das "portas arrombadas", vêm perorar sobre os procedimentos a tomar na colocação de "trancas protectoras" contra tais acontecimentos. Sem por em causa as boas intenções do articulista e da conjuntura que ele representa de forma muito hábil pelo impacto que alcança nos seus leitores, como "um cisne preto",o certo é que o risco e a ganância são dificeis de conter e nem uma boa jaculatória, muito para lá de um pertinente mandamento, os consegue conter devidamente. O mal é vivermos numa sociedade em que um "subprime" é possível de acontecer. Seja como for, acho extremamente bem construído o artigo em questão, dentro de uma utopia que é de considerar sempre construtiva.
Sempre acutilante Caro Bartolomeu! A tradução portuguesa não poderia ser mais perfeita. Os seus três mandamentos não auguram nada de bom. Vários "cisnes negros" têm sido avistados neste rectângulo à beira mar plantado...
Caro Tonibler
"Depois de casa roubada trancas à porta"! Quando surge um "cisne negro" parece haver uma tremenda necessidade de encontrar explicações. É da natureza humana. Os "xamãs" do nosso tempo deveriam andar com os pés bem mais assentes na terra.
Caro antoniodosanzóis
Uma sociedade construída na base do lucro fácil, que se rege pelo egoísmo e pela ganância vai muito provavelmente encontrar com frequência muitos mais "cisnes negros".
Os mandamentos do FT, como lhe chamou o nosso Caro Bartolomeu, mostram como é, justamente, difícil praticar coisas simples, com as quais aparentemente concordamos, mas que não levamos a sério.
Gostei particularmente do ponto 7. Government should never need to “restore confidence”.Embora mais uns que outros, parece que não fazem hoje outra coisa do que tentar recuperar a confiança perdida...
Cara Suzana Toscano, infelizmente para eles e para nós, não podemos "talk/print our way to prosperity". Principalmente porque a conta vai ter de ser paga por alguém, provavelmente sem culpa nenhuma nem benefício destas bolhas sucessivas (as gerações futuras). Esperemos pela (hiper?) inflação que se avizinha. Os chineses e alemães têm demonstrado a sua crescente preocupação...
Deixo aqui uma ligação para um debate com o Nassim Taleb: Nassim Taleb and Daniel Kahneman: Reflection on a Crisis
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