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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Grécia abre nova frente de combate, agora contra o F. Times...


  1. À medida que o tempo vai passando, soluções não se vislumbram e o dinheiro vai desaparecendo, o indomável governo grego tenta criar novas frentes de combate com o exterior, certamente persuadido que essa será a melhor forma de manter o Povo Unido…
  2. A edição de ontem do F. Times (FT), sob o título “Greece prepares debt default options”, noticiava que a Grécia se prepara para um cenário de “default” no serviço da dívida aos credores internacionais (FMI em 1ª linha), no caso, provável, de não conseguir chegar a acordo com esses credores até final de Abril sobre as condições a cumprir para aceder a um desembolso de € 7,2 mil milhões que restam do programa “em vigor” (se é que ainda se pode falar nestes termos…).
  3. Esta notícia do FT, que referIA fontes do próprio governo grego, foi duramente desmentida no próprio dia pelo Ministro da Defesa da Grécia - a questão é pois tomada como de defesa nacional - o qual afirmou “O FT já fabricou 5 cenários de falência. Mas eu digo que não vamos falir a 25 de Abril”, acrescentando que o País “não vai falir nem aceitar mais austeridade”…
  4. A verdade, porém, é que o governo grego tem vindo a esvaziar todas as gavetas onde encontra alguns Euros, para satisfazer as suas necessidades correntes – já “saqueou” as contas da Segurança Social, as contas do SNS, as contas de diversas empresas públicas – e agora encontra-se em “palpos de aranha” para encontrar € 2,4 mil milhões para pagar salários e pensões do corrente mês…
  5. ..ao mesmo tempo que tem compromissos com o FMI, para pagar € 203 milhões em 1 de Maio, mais € 770 milhões a 12 de Maio e € 1,6 mil milhões em Junho…
  6. Convenhamos que, (i) com os cofres em  situação de seca extrema, (ii) as receitas fiscais em queda, (iii) sem qualquer crédito do exterior,  (iv) com aqueles compromissos a avizinhar-se e (v) sem perspectiva de um acordo em tempo útil na negociação com o Eurogrupo – onde o governo grego parece gozar de um crescente superavit de desconfiança – as coisas estão mesmo a tornar-se muito negras…
  7. …sendo por isso perfeitamente natural, porque perfeitamente plausível, o cenário de “default” equacionado pelo FT.
  8. A resposta do governo grego, numa retórica nacionalista e do tipo “sol na eira e chuva no nabal” (não vamos falir nem vamos aceitar mais austeridade), abrindo mais uma frente de combate “contra o inimigo externo”...em lugar de a desmentir, é bem capaz de reforçar a verosimilhança da hipótese colocada pelo FT…

14 comentários:

Carlos Sério disse...

Nos tempos de hoje não há nenhum país da área do euro, para não irmos mais longe, que não entrasse em default se não conseguisse financiamento para rodar a sua dívida pública, isto é, pagar as amortizações de dívida que vão vencendo com recurso ao financiamento de nova dívida. Nem a Alemanha se aguentaria se lhe fosse negado o financiamento.

O BCE em parceria com a comissão europeia e o FMI, negam esse financiamento à Grécia. O BCE está a comprar dívida a todos os países do euro menos à Grécia sob o pretexto de ainda se encontrar sob resgate o que, segundo os tratados é impeditivo. Como se os tratados igualmente também não o impedissem de comprar dívida pública como está a acontecer. De um lado há um rigoroso e escrupuloso respeito pelos tratados, do outro já não existe essa preocupação e os tratados já podem ser infringidos.

O objectivo do BCE, CE e FMI é levar a Grécia a aceitar todas as medidas anti-sociais de austeridade que bem entendam. É chantagem pura e dura. Sem isso não há financiamento. Ou o governo grego se rende em toda a linha ou não há dinheiro.

A Grécia só tem uma solução. Não pagar aos países credores chantagistas e sair do euro. Alias, esta coisa de entre os países do euro haver países devedores e países credores também é uma coisa nova que infringe os tratados, mas isso pouco importa para esta união europeia onde impera a lei da selva, a lei do mais forte e que de união nada tem.

Tiro ao Alvo disse...

Pelo que diz Carlos Sério, ele está prestes a emigrar para a Grécia para fugir desta "união europeia onde impera a lei da selva, a lei do mais forte e que de união nada tem".
Boa sorte!

Tavares Moreira disse...

É realmente inaceitável que, em pleno século XXI, os credores financeiros continuem a pensar que os seus devedores estão obrigados a cumprir as suas obrigações de capital e juros, nos prazos contratualmente previstos!
Isto é um anacronismo inaceitável, uma reminiscência do caduco direito romano, numa era em que a Inadimplência surge como projecto redentor das nossas sociedades corrompidas pelo capital financeiro!
No admirável mundo novo em que a Grécia surge como Nova Aurora, deverá competir aos devedores, e nunca aos credores, decidir como e quando cumprir as suas obrigações.

Caro Tiro ao Alvo,

Em alternativa á sua sugestão - que me parece de resto muito aliciante - talvez seja de recomendar aos simpáticos syrizistas domésticos a compra de dívida grega, forma inequívoca de demonstrarem real solidariedade com os gregos, neste momento em que sofrem o garrote do grande capital.
Trata-se aliás de uma opção muito atractiva, considerando que a yield da dívida grega a 3 anos atingiu hoje valores acima de 28%...

Carlos Sério disse...

Aos igualmente simpáticos dogmáticos neoliberais, amantes da “austeridade sem fim” e crentes que é necessário “mais austeridade para sair da austeridade” esta coisa de países credores e devedores tem que se lhe diga. Será bom recordar:

“Como foi lembrado no PÚBLICO, o acordo de 1953 entre a Alemanha e os seus credores, permitindo uma gigantesca reestruturação da dívida alemã e garantindo as condições para a recuperação do país, não incluiu as reparações de guerra, que ficaram adiadas para um futuro tratado. Esse tratado só foi estabelecido em 1990, quando da reunificação das duas Alemanhas, e foi assinado com as potências aliadas de 45 anos antes, os EUA, a Inglaterra, a França e a União Soviética. Juridicamente, as autoridades alemães clamam que este acordo encerra a questão, mas essa não é a opinião dos Estados que nem participaram nessa negociação nem assinaram esse tratado. Reconhecendo esse problema, a Alemanha negociou em separado com a Polónia uma reparação, que foi paga”.

E ainda, “o incumprimento da Alemanha à pilhagem do banco central grego, pelas autoridades nazis: 476 milhões de marcos da época, ou 11 mil milhões de euros hoje, pelos quais assinaram um título de dívida, que ainda vale. Em 1960, o chanceler Ludwig Erhard garantiu mesmo que pagaria esse empréstimo quando da reunificação da Alemanha, porventura esperando que a promessa nunca tivesse que ser chamada à pedra. Mas houve a reunificação e a dívida ficou por pagar até hoje”.

“A Grécia tem portanto razão do ponto de vista do direito internacional. É certo que o pagamento desta dívida não resolveria as suas contas públicas (outra coisa seria se fossem liquidadas as reparações de guerra). Mas significaria que a negociação seria diferente no tempo (os próximos meses estariam assegurados) e na relação de forças (a Alemanha ficou a dever durante 70 anos). E, o que não seria menor, a história seria corrigida segundo o princípio da responsabilidade”.

António Pedro Pereira disse...

Carlos Sério:
O que interessa vir agora falar de coisas desagradáveis?
Dívidas de guerra quando vivemos em paz na Europa?
Que coisa mais anacrónica.
Deixe lá, não pagaram, não pagaram, o que lá vai lá vai.
O mesmo acontecerá com a dívida grega, que também não será paga.
Mas por uma razão óbvia: por mais que o quisessem fazer não têm nem terão economia para tal.
Esta guerra do alecrim e da mangerona entre o Schauble e o Tsipras é só para alemão e grego ver.
A Grécia não sairá do euro, não pagará a dívida, cortarão o que for possível aos que menos podem para não tornar os que mais podem também pobres (já viu o que seria a transformar um país igualitário na miséria?),e a vida continuará.
Viva a Alemanha, o Schauble, a austeridade, o Passos Coelho e o irrevogável acompanhante.

Anónimo disse...

Caro Tavares Moreira, ao ler esta notícia lembrei-me imediatamente de si! Queira clicar no link adiante.

http://www.reuters.com/article/2015/04/17/us-eurozone-greece-ecb-exclusive-idUSKBN0N824Y20150417

O fim realmente aproxima-se. O estranho não é o BCE estar a estudar o cenário. Faz todo o sentido que avaliem todos os cenários e mais alguns e grave seria se não o fizessem. O grave é uma notícia destas ser filtrada para a imprensa, para a Reuters neste caso, particularmente num dia em que o default Grego foi falado de forma aberta até mesmo pelos trapalhões Gregos.

Interessante, muito interessante. Uma vez mais se confirma a história; Comunismo, a destruir sociedades desde 1917.

Carlos Sério disse...

Só nos faltava esta. Agora são os comunistas os responsáveis pela crise financeira internacional e pela crise instalada no euro.
Não há paciência.

Tavares Moreira disse...

Caro Zuricher,

Já sabemos o suficiente - só os voluntários incautos fingem desconhecer - que essa "rapaziada", onde consegue exercer a sua influência: (i) no mínimo tenta estragar o que os outros produzem, que é o cenário que temos entre nós,(ii) em condições normais destrói e tenta pilhar o que os outros produzem, que será em breve o caso da Grécia, e (iii) em situações mais avançadas espalha a miséria e a fome em seu redor, realizando um verdadeiro trabalho de ermamento social e económico.
Sobre isso não há volta a dar-lhe, foi e será sempre assim.
Quanto aos próximos passos da Grécia, nesta caminhada frenética para a total indefinição e quase loucura colectiva em que estão lançados, é bem possível que venhamos a assistir a um referendo quanto à permanência no Euro.
Poderá ser a única forma, porventura, de abrir um túnel de saída do terreno pantanoso em que os gregos, fruto de uma incompetência política e técnica quase inimaginável, se deixaram atolar até ao pescoço.

Anónimo disse...

Caro Tavares Moreira, sabe, por vezes custa-me a acreditar que o que aquela gente tem feito seja tudo fruto da inexperiência e da incompetência. É demais! Será mesmo possivel alguém ser tão estúpido? Negociar de forma tão atabalhoada sem o mais mínimo senso do que põe em causa essas mesmas negociações? Será possivel? Talvez sim... Mas olhe que já por algumas vezes dei por mim a pensar que o real objectivo do Syriza e que era o seu objectivo no princípio é tirar a Grécia do Euro. Na campanha eleitoral não podiam dize-lo dada a hostilidade dos eleitores Gregos a essa solução. Mas por vezes a ideia que me dá é que estão a fazer todo o possivel para alcançar esse desenlace sem, jamais, parecer que são eles os culpados quando efectivamente acontecer.

O jogo da mentira, do engano e da dissimulação sempre foi um forte daquela "rapaziada", termo por seu lado muito elegante para tal gente. Quando estava a organizar a DDR, Walther Ulbricht teve uma frase interessante. Disse a propósito das providencias que vinha tomando em Berlim que "tem que parecer democrático mas nós temos que controlar tudo". A forma como acabou por levar a cabo os seus planos em Berlim foi engraçadissima. Realmente os equivalentes a presidentes de junta de freguesia Portugueses eram doutros partidos, normalmente pessoas apagadas ou já muito velhas mas o vice era sempre do KPD e, acima de tudo, os "vereadores" chamemos-lhes responsaveis pela segurança jamais nas mãos de nenhum outro partido. Indo pelos anos e pela história fora encontramos o mesmo padrão em vários sítios. Até em Portugal no pós-25 em que os objectivos do PCP eram substancialmente diferentes do que apregoavam. Em suma, a mentira, o engano e a dissimulação são tacticas que aquela gente sabe usar de forma perfeita para atingir os seus objectivos. Não estaremos a ver com o Syriza outro exemplo de maestria no uso destas tacticas?

Carlos Sério disse...

Só nos faltava esta. Agora são os comunistas os responsáveis pela crise financeira internacional e pela crise instalada no euro.
Não há paciência.

Tavares Moreira disse...

Caro Zuricher,

A forma como estes pantomineiros do governo grego se deixaram encalacrar: (i) em casa, onde não atinam com a escolha de uma política coerente, capaz de convencer os seus "clientes" (o povo grego) quanto à justeza de uma política económica, de modo a entenderem que a única opção que lhes resta não é levantar todo o dinheiro dos bancos;(ii) em Bruxelas, onde manifestam total incapacidade para apresentar um plano consistente, que convença os credores da sua viabilidade económica e financeira; (iii) em Frankfurt, onde o BCE lhes vai mantendo a torneira da liquidez aberta, muito para além do que seria razoável, recebendo em troca tiradas de mau gosto, reveladoras de intranquilidade - esta postura só pode relevar de uma enorme incompetência, tanto no plano político (sobretudo) como no plano técnico.
Quanto a este refrão que agora parece disposto a acompanhar-nos, da autoria deste ilustre mecenas da palavra vã, a cada comentário que fazemos, é uma verdadeira delícia, espero que continue!

Anónimo disse...

Caro Tavares Moreira, estou totalmente de acordo consigo quanto aos disparates do governo Grego. Disparates esses que, pelo que venho vendo nas sondagens de opinião, contam com os favores dos seus eleitores... embora estes no que toque à carteira naturalmente ajam de forma diferente. Estranho povo... Povo esses que, parece-me, dentro em pouco irá lembrar com saudade os tempos da tão mal amada austeridade. Agora, a minha pergunta é como é possivel alguém fazer tantas asneiras e tão rapidamente como vem fazendo o governo Grego. Repito, estou de acordo consigo nas mostras de incompetência que elenca. Mas é mesmo possivel tanta asneira junta em tão pouco tempo? É mesmo possivel ser-se tão fraco tanto no campo técnico como no campo político?

Quanto ao refraneiro, olhe, é a vida. Entre o refrão e o entulho de corte e costura com que é normal brindar-nos ao melhor estilo papagaio entulhista venha o diabo e escolha. É a vida, meu AAmigo, é a vida.

Tavares Moreira disse...

Caro Zuricher,

Se tivesse de apostar, eu apostava na realização de um referendo, antes do final de Junho, em que será inquirido aos gregos se pretendem manter-se no Euro, sendo certo que essa opção implicará o abandono de alguns (quase todos, mas dirão que são apenas alguns, para adoçar a pílula e salvar a face) dos sonhos que lhes foram prometidos...ou se optam por deixar o Euro (e a UE) única forma de realizarem os sonhos prometidos (ou seja de mergulharem numa crise que, comparada á maldita Austeridade, fará com que esta última pareça um Maná...).
Parece-me difícil outra saída, tendo em atenção que se encontram completamente encurralados, por mérito próprio é certo, sem outra saída viável para onde quer que se voltem.

Carlos Sério disse...

À falta de argumentos chovem insultos.
A sua cegueira dogmática é tão grande que são incapazes de compreender ou sequer aperceber-se das transformações sociais e económicos que estão a acontecer na Europa e no Mundo de forma tão brusca e acelerada e que inquietam os idóneos e sinceros intelectuais, os idóneos e sinceros políticos e economistas, como Ferreira Leite, Ferreira do Amaral, Pacheco Pereira ou mesmo Freitas do Amaral.
Discutem política como discutem futebol. Estes “sábios” senhores da verdade absoluta, são uma “rapaziada” que vive num outro mundo. Seguramente mais negro e miserável que o nosso.