1. Na quase estonteante torrente de informações e contra-informações que vem caracterizando a formação do glorioso governo fundado num Acordo das 3 Esquerdas, apercebi-me de que o PC estaria disponível para rubricar e assinar um Acordo de Legislatura...mas não por 4 anos,curiosamente, sim por (1+1+1+1)anos.
2. Argumenta o PC, com uma lógica de "ferro", que se tornará necessário, no final de cada ano (supondo que o governo consegue cumprir pelo menos 1 ano...), efectuar uma reavaliação do funcionamento do Acordo - o que vale por dizer que a renovação do belíssimo Acordo ficará dependente de um juízo positivo do PC sobre o seu funcionamento no período anterior...
3. A ser mesmo assim, isto significa também que ao PC é atribuída uma "Put Option" sobre o Acordo: se considerar que o seu funcionamento não foi satisfatório (na sua peculiar perspectiva, que certamente terá muito a ver com a tendência das sondagens que forem divulgadas ao longo do tempo...), o PC exercerá a "Put Option", "pondo-se ao fresco" e mandando o PS para as urtigas...
4. Regista-se a interessante originalidade e modernismo da solução, tanto mais que se trata de uma técnica conhecida dos manuais de tipo neo-liberal...e aprecia-se a extraordinária solidez de um Acordo estribado em tais princípios.
18 comentários:
Caro Dr. Tavares Moreira,
Imagine que o PS agora apresenta uma previsão de 2,8% do défice para 2016. Tentaram aldrabar as pessoas com uma visão negativa, de que o Governo não conseguiria cumprir um défice abaixo dos 3%! O que disseram e o que agora dizem...
"O PS prevê que o défice orçamental fique nos 2,8% do PIB em 2016, ao contrário do que estava no programa eleitoral, em que estimava que o défice fosse ainda de 3%, segundo a proposta de programa de Governo, que foi apresentada esta sábado, e que é citada pela Lusa."
http://www.tvi24.iol.pt/politica/programa-ps/ps-tem-agora-previsoes-mais-otimistas-do-que-no-programa-eleitoral
O PC apanhou inteligentemente a boleia que PS ostensivamente lhe pediu para aceitar. Agora, quem manda na condução e no ritmo é o PC. é que o PC nunca bricou em serviço, muito menos com aprendizes de feiticeiro.
E de estilo bermudiana para fincar a su adesão aos valores dos especuladores da economia de casino. Outra questão interessante a fazer-se ao PCP é no que difere este acordo de não haver acordo nenhum. Significa que antes, apesar de satisfeito com governo votava sempre contra?
Depois da minha primeira estupefacção face aquilo que sempre dividiu os 3 partidos (e a partícula Verdes) é interessante fazer-se o exercício da explorar o que agora há em comum. A aliança PSD/CDS não será, é mais ou menos omnipresente há 35 anos. E, se pensarmos bem neste exercício, é certinha a indigitação pelo PR, o apoio manifestado pelo novo candidato da oligarquia caecaense e, até, a fúria com que o Costa está a ir ao pote. Por isso, caro Tavares Moreira, lembra-se dos seus posts do comercio externo e da balança comercial? Guarde-os, não me parece que se repitam.
Tudo isto não teria lugar, porque o resultado das eleições teria sido bem diferente, se o governo de Passos Coelho não se tivesse saldado tão negativo em matéria de redução da despesa do estado sem prejuizo para os mais desfavorecidos da sociedade, sem tanta demagogia e... tanta prepotência.
Diz a voz popular: Quem semeia ventos, colhe tempestades.
Afinal, após tantos cortes e tantos congelamentos, continuamos "ao tio, ao tio" com a treta do déficit. Ora abóbora!
Caro Bartolomeu,
Há uma razão para que TODOS os governos do mundo, TODOS os governos da história tenham que cortar na despesa/ cobrar impostos aos mais pobres. Essa razão é física, não há alternativa tirando a Norte Coreana. Por cada um que ganha 10 há 100 que ganham 1. A esta proporção chama-se Lei de Pareto e é validade me qualquer economia de qualquer país. Mesmo que roube à má fila os 10 ao mais rico, esse dinheiro nunca chega aos 100 mais pobres. A esquerda usa o facto de isto ser contra intuitivo para que o dinheiro fique para os amigos. Isto não é opinativo, isto não tem nada a ver com ideologia. É assim, como a lei da gravidade. E os desfavorecidos da sociedade são sempre mais favorecidos que outros.
«Nós temos ouvido de alguns críticos da estratégia que está a ser seguida a acusação de que abandonámos o centro. O PS não abandonou o seu programa de sempre. Primeiro: não abandonou a maioria que defende a manutenção de Portugal no projecto europeu. O programa de governo garantirá isso. Segundo: o PS também não abandonou a maioria que defende a preservação e defesa do Estado Social português. E por isso, desse ponto de vista, o PS não mudou. O PS mantém-se na intersecção das duas grandes maiorias que compõem a vontade do povo português. Já o PSD abandonou o centro político ao abandonar o consenso nacional na preservação e defesa do Estado Social. (...) É importante que se perceba isto: nós hoje chegámos a um ponto em que o PSD se encostou ao programa liberal do CDS e assim se afastou do centro. E foi esse afastamento do PSD do centro que facilitou o que estamos a fazer com o PCP e BE. É a classe média que precisa, antes de mais, de um Estado Social forte, público e universal, tendencialmente gratuito. E é essa classe média que, com a degradação dos serviços públicos, mais sofreu nos últimos quatro anos. E é para a classe média que o PS fala, quando fala da defesa do Estado Social.»
Pedro Nunes Santos
Meu caro João Cruz, a lei que enuncia até podia chamar-se Parapreto, que não se tornaria mais justa e equilibrada porque; a questão não reside na sua exitência, mas sim, na existência de outros impostos e taxas paralelos, que asfixiam os contribuintes e de cuja aplicação não se reconhecem os efeitos que os justificam.
Ou seja, andamos durante 4 anos a pagar cada vez mais, a receber cada vez menos, num programa austerista que nos foi imposto com o fim de equilibrar as contas públicas e, vai-se ver, o país continua "à rasquinha" para descer o déficit, a despesa pública não baixou, pelo contrário, a confiança dos investidores continua por conquistar, etc, etc.
Resumindo; estamos tão mal como estávamos hà 4 anos ou, estamos ainda pior.
Caro Bartolomeu, eu também acho injusta a lei da gravidade ou a lenda morte. E depois?
"O PS vai apoiar o Governo até ao fim, como é óbvio, porque é um Governo seu e porque, quando cair, lá se vai António Costa e lá se vão os lugares.
O BE também vai esticar ao máximo a continuidade do Governo. Só existindo no Parlamento, com pouca influência fora dele, o BE vai tentar levar o mais longe possível a legislatura. E quando esta acabar, vai atirar as culpas para o PS. Porque o seu objetivo é canibalizar o PS, visto que o eleitorado do PCP é muito estável e disciplinado.
A maior incógnita é o PCP. O qual, ao contrário dos outros dois, não vai transigir nos princípios. A maleabilidade tática dos comunistas é muito pequena. Como Jerónimo já disse, vai votar tudo o que, no seu entender, for a favor dos portugueses, e recusar tudo o que for contra. Ora isto vai provocar, mais cedo ou mais tarde, a queda do Governo, porque obrigatoriamente surgirão medidas que o PCP considerará serem ‘contra os portugueses’ e votará contra.
Assim, prevejo que António Costa vá ver-se muitas vezes entalado entre as exigências de Bruxelas e a inflexibilidade dos comunistas. E a corda partirá por um lado ou por outro. O PCP recusar-se-á obstinadamente a aprovar certas medidas -- e Bruxelas acabará por partir a louça, os juros começarão a subir e a situação tornar-se-á insustentável.
Pelo que tenho observado, duvido que a coligação dure mais de um ano. Note-se que o PS tem de negociar medida a medida, lei a lei, com o PCP e com o BE. Isto é esgotante. E quando as coisas aquecerem começam as greves, as manifestações da CGTP, etc., criando muito mal-estar na coligação. O ódio entre comunistas e socialistas regressará. E quem procurará retirar dividendos dos estilhaços será, como se disse, o Bloco de Esquerda.
Quando o Governo cair, o PCP ficará como dantes e o PS verá o seu eleitorado encolher brutalmente. Porque nessa altura ninguém confiará no Partido Socialista. Os eleitores moderados já não cairão noutra -- e votarão no PSD. Os esquerdistas votarão no BE. E o PS só ficará com os históricos, com os fieis, que não são muitos."
Excerto do artigo Quanto vai durar o Governo de esquerda?, de José António Saraiva no Sol.
Caro Pedro de Almeida,
As contas que refere são um exercício de pura fantasia. Não faltará muito tempo para se concluir isso, mas também é certo que vamos entrar num período de demagogia exacerbada, será necessário estar atento e não embarcar em "conversa fiada".
O 4R estará atento, pode crer.
Caro Pires da Cruz,
As contas externas não reagirão imediatamente ao desvario governativo, caso este se confirme (a probabilidade é elevada, infelizmente).
Vamos ter uma "lag" de 6 meses, pelo menos, embora a evolução do preço do petróleo possa aí fazer alguma diferença caso se verifique recuperação do preço do "crude".
Em qualquer aso será dramático assistir ao regresso aos números vermelhos - imperdoável quanto ao juízo da acção governativa.
Caro Bartolomeu,
Essa afirmação segundo a qual estaremos agora na mesma situação ou pior do que há 4 anos é verdadeiramente inacreditável, é mesmo de "cabo de esquadra"!
Significa que o ilustre Comentador faz pura e simplesmente tábua rasa de tudo o que aqui se tem escrito - e não tem sido pouco - sobre a extraordinária capacidade de recuperação, de reequilíbrio, que a economia portuguesa tem demonstrado, traduzida na reposição de superavits com o exterior após mais de 15 anos de elevados défices - défices esses que explicam, por sua vez, o sobre endividamento da economia, tanto do sector público como do sector privado.
Por outro lado, supor, como penso que supõem os milagreiros das 3 Esquerdas, que esta recuperação é um dado adquirido, é de uma infantilidade dramática, é necessário não ter a menor noção de como funciona a economia portuguesa...
Caro Pedro de Almeida,
Muito lúcido o escrito do J.A. Saraiva, na linha realista e muito perspicaz que o caracteriza.
Caro Dr. Tavares Moreira,
a prova da afirmação que fiz, espelha-se inequívocamente no resultado das recentes eleições.
Não, não, desculpe. Não me estou a referir à anémica maioria obtida pela coligação do governo. Também não me refiro aos (quase) inesperados resultados do BE.
Refiro-me à absurda (uma vez que o mestimado amigo rebate com tanta veemência a minha opinião) maioria obtida pela abstenção. Um resultado inédito.
Mais uma vez, não. Não suponho que a recuperação a que o caro amigo se refere, seja um dado adquirido. Essa recuperação, tão anémica quanto a maioria da coligação, saío-nos do pêlo e da pele, custou o desemprego a milhares de pessoas, a falência de milhares de empresas, a saúde de milhares de doentes, a pobreza em grande escala.
E como se não bastasse, tivemos o primeiro ministro a agradecer às famílias portuguesas, o esforço feito.
Tenha dó de mim, caro Dr. Tavares Moreira... infantilidade? De quem? Minha, ou desta gente que finje governar o país?
Caro Carlos Sério,
Esse Pedro Nunes Santos (do aparelho do ps e sem qualquer independência) ou é burro ou faz dos outros burros. Afirma " chegámos a um ponto em que o PSD se encostou ao programa liberal do CDS e assim se afastou do centro. E foi esse afastamento do PSD do centro que facilitou o que estamos a fazer com o PCP e BE. "
Mas se o psd se chegou à direita então criou espaço no centro! Logo não faz qualquer sentido dizer a seguir que o ps se chegou mais à esquerda. Quer dizer que o ps não queria ganhar as eleições? É mais um excelente exemplo da mediocridade que não vai trazer nada de bom ao ps.
Caro Dr. Tavares Moreira,
Tem razão. Veja que eles pretenderam fazer crer que o Governo não conseguiria em 2015 um défice de 3%. Agora já afirmam que, afinal, o défice de 2015 é de 3%. E que em 2016 será de 2,8%!
Caro Bartolomeu,
Não vale a pena continuar a trabalhar ideias com base no método da mistura de alhos com bugalhos!
Eu pretendo avaliar o desempenho da economia(com as minhas limitações, naturalmente), apresento aqui com regularidade dados perfeitamente objectivos sobre esse mesmo desempenho...e o Senhor responde-me com eleições e com níveis de abstenção!
Não vale mesmo a pena insistir, será melhor reservarmos os nossos argumentos para o almoço de 17 de Dezembro, o qual tem vindo a reunir adesões outrora impensáveis, e que faço votos para que tenha lugar no FUSO!
Aproveito para esclarecer que o qualificativo "infantilidade" foi aplicado - leia bem, se faz favor - aos milagreiros do próximo/futuro/glorioso governo das 3 Esquerdas, quando pretendem supor que este equilíbrio económico, conquistado com tanto sacrifício, será um dado adquirido - não é, pura e simplesmente!
Portanto e a esse respeito eu não preciso de ter, nem deixar de ter, dó de V.Exa!
caro Pedro de Almeida,
Estes valorosos aprendizes de feiticeiro não têm a mais leve noção daquilo de que estão a falar, atiram números orçamentais para o ar como quem atira bolhas de sabão!
;)
Não posso deixar de lhe render homenagem, caro Amigo, Dr. Tavares Moreira, pelo seu fair play.
As discordâncias de ponto de vista mantêm-se e, a amizade reforça-se!
Ao FUSO, antes que o ps seja governo e nos aplique uma taxa sobre a digestão...
;)
Caro Bartolomeu,
No capítulo dos almoços até "teríamos" a esperar uma diminuição da respectiva factura, com a promessa das 3 Esquerdas de baixar o IVA da restauração de 23 para 13% - como o lógico argumento de que os restaurantes estão "às moscas", todos os dias há mais um que fecha as portas.
Disse "teríamos", propositadamente, pois o que me parece mais provável, face à actual realidade da procura, é que a factura final para o cliente acabará na mesma e a diminuição do IVA será endogenizada pelos restauradores (não os da Independência de 1640, sim os fornecedores de serviços de restauração...).
Nada como termos governantes inteligentes...proclamarão os ditos restauradores!
Essa "estória" da redução do iva, lembra-me a entrada da moeda única, quando os produtos que tinham um custo de 100$00, passaram a custar €1,00. A redução verifica-se somente a nível dos cardinais...
;) ;)
Caros Comentadores,
Parece estar confirmada a Put Option do PC: o Acordo que permite ao novo governo das 3 Esquerdas ficar suportado numa Muralha de Aço 8onde é que eu já ouvi isto?) será para uma legislatura, não de 4 anos, sim de (1+1+1+1) anos.
No final de cada ano será feito o ponto da situação (leia-se verificadas as tendências das sondagens) e então será decidido se o Acordo é para continuar ou se é exercida a Put Option...
Brilhante, mesmo muito brilhante, está mais do que assegurada a subsistência do governo, que assim tem condições para susistir mais do que uma legislatura - direi mesmo N legislaturas.
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