Eu...
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
(Florbela Espanca)
5 comentários:
Bom dia, Magarida,
Com toda a consideração que tenho pelas Mulheres, envio os meus parabens e desejo as melhores felicidades para si e para todas as mulheres deste mundo que merecem.
Um abraço com estima para um dia tão especial como hoje,
Pedro Sérgio (Palmela)
Margarida:
Também eu saúdo o dia dedicado à mulher, colocando aqui talvez o poema que a meu ver melhor justifica esta celebração em tempos de reconhecimento da igualdade.
Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
Sophia de Melo Breyner, Retrato de uma princesa desconhecida.
Caro Pedro Sérgio
Muito obrigada pelas suas sensíveis e bondosas palavras. Que certamente muitas mulheres gostariam de ouvir...
Caro José Mário
Parabéns pela sua escolha, muito bonita e, sem dúvida, muito apropriada.
Lindos, estes poemas, e a Margarida acrescentou uma gerbera cor de rosa mesmo bem escolhida. Lindo post! E provocou belos comentários dos cavalheiros, que é o melhor deste dia da Mulher...
Enviar um comentário