The World is Flat é o título de um livro publicado no ano passado, da autoria de Thomas Friedman, um ensaio fascinante sobre as implicações do processo de globalização. Leitura fortemente recomendada.
Recordei-me deste livro quando há poucos dias soube que a cidade de New York, em especial a ilha de Manhattan, vai remodelar todo o seu “mobiliário urbano”, a saber: paragens de autocarro, outdoors, stands para venda de jornais e revistas, instalações sanitárias, sinais de trânsito, iluminação das ruas, etc.
Trata-se de um projecto que pretende dar à cidade uma nova estética, mais agradável para o transeunte e também mais funcional, que constitui uma das apostas do Mayor Michael Bllomberg, conhecido empresário (e milionário) do sector da comunicação social e do comissário (cá seria vereador) dos transportes, Íris Weinshall.
As novas paragens de autocarro, por exemplo, deverão apresentar uma estrutura mais leve, com uma base de sustentação no solo reduzida ao mínimo de forma a facilitar a limpeza dos passeios.
A estrutura dos novos stands para venda de jornais, revistas, tabaco, chocolates e quejandos, será fornecida pela Ikea, consistindo numa estrutura em alumínio e aço inoxidável, apresentando uma imagem mais feliz e limpa, substituindo os velhos e tradicionais stands em que predominam as madeiras e as cores castanho e verde escuro.
Curiosamente, a empresa que ganhou o concurso para a execução deste projecto de renovação geral do mobiliário urbano de New York é...espanhola.
Trata-se da Cemusa, uma subsidiária do Grupo Fomento Construciones y Contratas, grupo espanhol muito conhecido, um dos maiores do sector da construção civil e obras públicas.
O negócio não fica por aí pois a Cemusa celebra também com o município de New York um contrato de 20 anos para vender espaço publicitário a terceiros, nos outdoors e nas paragens de autocarros, em troca de mil milhões de USD dólares pagos ao município.
É curioso, dá que pensar como é que uma empresa da Península Ibérica foi capaz de ganhar um concurso tão emblemático. Seria impensável há 10 ou 15 anos atrás.
A globalização faz destas coisas, não constando que existam quaisquer queixas por parte de empresas ou associações empresariais americanas pelo facto deste negócio ter sido entregue a uma empresa da “velha Europa”.
E também dá para pensar que este pode ser um campo de negócio promissor para algumas empresas portuguesas, como actividade complementar da construção, seguindo o exemplo deste grupo espanhol.
Esta é de resto uma área de actividade em que muito está por fazer em Portugal.
Todos nós temos por certo experiência das insuficiências na sinalização dos nossos trajectos, tanto urbanos como rurais. E também da insuficiente qualidade da informação que é prestada aos turistas nos locais públicos.
Vamos então aproveitar estas oportunidades da globalização? Neste caso nem o plano tecnológico é necessário, pois parece tratar-se de média tecnologia...
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