Estaremos a entrar numa era em que o processo de globalização vai conhecer uma paragem ou mesmo um retrocesso?
Estaremos no limiar de uma nova fase de proteccionismo/nacionalismo económico, depois de algumas décadas – mais de quatro – de grande abertura das fronteiras económicas?
O alerta acaba de ser lançado pelo Presidente da Comissão Europeia, com destaque de primeira página na edição de hoje do Financial Times.
Não é normal que um Presidente da Comissão Europeia seja tão explícito, em pronunciamento público, acerca dos riscos de “inversão de marcha” quanto ao modelo económico fundamental adoptado pelos Países europeus.
A verdade é que o próprio projecto europeu constitui um exemplo grandiloquente de abertura das fronteiras económicas, iniciado há mais de 50 anos - até agora com um sucesso bastante assinalável apesar de algumas dificuldades pontuais nossas bem conhecidas...
Mas parece que começou a emergir uma nova cultura sócio-económica - que entre nós tem grandes paladinos como os ex-Presidentes M. Soares e J. Sampaio - pretendendo responsabilizar a globalização e o modelo de economia liberal a ela associado pelos problemas que actualmente afligem a economia mundial e a europeia/lusa em particular.
Esses notáveis paladinos entendem que chegou a hora de dizer “basta!”, que é preciso travar o passo ao liberalismo económico e à sua irmã gémea globalização.
Esta reacção contra o liberalismo e a globalização conduzirá directa e logicamente a um modelo de nacionalismo económico, mais ou menos autárcico, que fez moda e espalhou miséria no Mundo entre os finais dos anos 20 e a 2.ª Guerra Mundial.
Admito que a mais-do-que-provável vitória de um candidato democrático nos USA também acabe por ajudar ao regresso de medidas proteccionistas, visando nomeadamente as economias chinesa e indiana, além de algumas latino-americanas a começar na mexicana, em influentes meios americanos consideradas responsáveis por um processo de desindustrialização que tem marcado a economia americana nos anos mais recentes.
Também o neo-gaullista Sarkozy parece ter-se enamorado por estas teses, pretendendo criar/reforçar a ideia dos “industrial champions”, grandes conglomerados industriais florescendo graças a ajudas públicas e a barreiras à concorrência internacional – será já influência de Carla Bruni, conhecida proteccionista?
O que ninguém diz, certamente porque não convém, é que o período de muito baixa inflação que se tem vivido ao longo de muitos anos nas economias dos países mais desenvolvidos se fica a dever em boa parte à abertura das fronteiras económicas e à importação de produtos manufacturados de baixo custo provenientes das economias emergentes...
Mas talvez por essa benesse estar em vias de se esgotar e doravante passarmos também a importar inflação dessas economias, é bem possível que estes ímpetos anti-globalização e liberalismo económico comecem a ganhar novos adeptos...dando mais trabalho ao Presidente Barroso na defesa da sua dama...
10 comentários:
-Não faltaria mais nada, que ver a U.E. e EUA, criarem um novo bloco neo-socialista, enquanto China, Japão, India, Malásia ou Indonésia entre outros, assumem o papel das novas potências do mundo livre e do desenvolvimento. Será apenas uma questão de tempo até que todos esses países aprofundem os seu sistema democráticos, Japão e India já o atingiram, embora neste último o sistema de castas seja um travão.
Mas a Europa para que cada vez mais caminhamos é uma Europa-asilo, se adoptarmos o proteccionismo, para onde venderemos a nossa produção industrial futura?
Caros Comentadores,
Preparemo-nos então, antes que as coisas se tornem mais graves, para organizar uma mega manifestação de apoio ao anti-proteccionismo proclamado por Barroso!
Mas atenção que a agenda manifestacional dos dois próximos fins-de-semana se encontra já preenchida: 8/9 com a mega manifestação dos professores contra a política "educativa" do Governo, prolongando um braço de ferro com a Min. Educação para ver com consegue degradar mais rapidamente o sistema de ensino e a 15/16 com uma anunciada "mega-jumbo-assombrosa-nunca vista" manifestação de apoio à política governamental, no Porto, esperando-se para esta um número de autocarros superior mesmo ao dos manifestantes.
Assim sendo, será melhor esperarmos para depois da Páscoa!
Eu acho que os paladinos até têm razão. Afinal nada disto teria acontecido se a globalização boa, aquela em que os operários de todo o mundo se uniam na formação de uma grande democracia popular, tivesse ido avante e vencido o imperialismo capitalista.
Uma vez que não foi, ficamos na situação em que o capitalismo faz deslocalizar as fábricas, lançando no desemprego o proletariado branco, para ir montar a fábrica num local qualquer no mundo onde impera o caciquismo e tem pretos ranhosos com fome porque o capitalismo imperialista os lançou na miséria. Coisa de que não temos culpa nenhuma, nem somos suecos para lhes mandar sacos de farinha.
Tonibler, a sua sapiência não tem limites, com efeito: essa explicação do "posicionamento" dos paladinos é de uma sofisticação quase perfeita!
Importa agora saber se o meu Amigo quer abrir um pouco mais o jogo e se está disposto, após a Páscoa, a prestar seu precioso apoio à mega-manifestação anti-proteccionismo agendada para Valpaços.
Ou se a sua esperada participação na manifestação do dia 15, com direito a autocarro só para si e algum convidado/a, esgotará sua capacidade para comiciar...
-No dia 15 será que irão "oferecer" um passeio á invicta aos utentes da casa do povo do Alandroal? Turismo sénior!
Caro Tavares Moreira,
Eu, por acaso, sempre gostei de manifestações de apoio aos governos porque gosto daquelas bandeirinhas pequenas, da meninas da ginástica e das marchas militares. Mas como o Sócrates ainda não escreveu nenhum livro que oriente as nossas almas, não sei se tenho grande vontade em ir no dia 15, apesar da oportunidade que é para o turismo sénior como diz o António Almeida.
Depois da Páscoa, estarei disposto a qualquer mega manifestação em Valpaços, bastando para tal descobrir onde é Valpaços e, já agora, quando é que é a Páscoa que esta coisa de descobrir a primeira lua-cheia depois do equinócio da Primavera não é fácil.
Turismo senior, junior e adulto-vulgar, com direito a merenda, chapeu e "scarf" rosa,escova de dentes, placa comemorativa do III Centenario do Governo, um exemplar do Breviário de Augusto (S. Silva), isenção de IRS por 3 anos - tudo será prodigalizado aos intrépidos participantes nessa gloriosa jornada de 15 de Abril, caro António de Almeida!
Não é possível faltar, já percebi que Tonibler, apesar de não muito convencido marcará presença...pudera, com todas estas prebendas...
Não acho mal de todo algum proteccionismo. Os Americanos apesar de muito globalizados, à excepção da droga, não são muito facilitadores. Essas mesmas potências emergentes que nos inundaram de produtos baratos, também minaram as nossas indústria que sustentavam a industria composta por por pessoas muito pouco letradas. O exemplo chinês é no mínimo escandaloso.
Ultrapassaram as quotas de exportação para a UE e nada foi feito. Sou um defensor da globalização, mas não a todo custo, caso contrário podem ter repercussões graves por falta de tempo para adaptação dos países em causa o que conduz a recessão, como no caso português, no que Às têxteis diz respeito.
Abraço Democrático
Procurarei fazer chegar seus comentário ao Presidente Barroso, caro André, pode ser que ele considere adaptar um pouco o seu discurso, face aos sagazes comentários deste distinto Dragão (ainda em fase de cura do enorme sofrimento de ontem)...
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