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quarta-feira, 12 de março de 2008

Pausa

"Trazemos connosco personalidades potenciais que acontecimentos ou acidentes podem potencializar. Assim, a Revolução fez surgir o génio político ou militar nos jovens destinados a uma carreira medíocre numa época normal; a guerra provoca o advento de heróis e de carrascos; a ditadura totalitária transformou seres pálidos em monstros. O exercício incontrolado do poder pode «tornar o sábio louco» (Alain) mas pode tornar sábio o louco, e dar génio ao medíocre, como no caso de Hitler e Estaline. E também as possibilidades de génio ou de demência, de crueldade ou de bondade, de santidade ou de monstruosidade, virtuais em todos os seres, podem desenvolver-se em circunstâncias excepcionais. Inversamente, estas possibilidades nunca chegarão à luz do dia na chamada vida normal: nos nossos dias, César seria funcionário da CEE, Alexandre teria escrito uma vida de Aristóteles para uma colecção de divulgação, Robespierre seria adjunto de Pierre Mauroy na Câmara de Arras, e Bonaparte seria do séquito de Pascua".
Edgar Morin in 'Os Meus Demónios'

2 comentários:

Pinho Cardão disse...

Caro Ferreira de Almeida:
Claro que qualquer semelhança com algumas figura e alguns figurões da actualidade lusitana é pura coincidência...

Anónimo disse...

Seguramente! Que caia da cadeira se algum figurão me veio à ideia ao ler o texto. Oops!