A notícia podia limitar-se a dizer que não há notícia de casos confirmados da gripe antes suína, depois mexicana, agora gripe A, em Portugal. Mas não. Dando largas à nossa propensão para suspeitar, e para alimentar suspeitas que nos alimentam as preocupações como se fossem provas provadas, sem nos ralarmos muito com o dia em que virá a certeza, a nossa imprensa multiplica-se em anúncios de suspeitas, obrigando os profissionais de saúde a virem explicar qual a febre dos suspeitos, onde conheceram o suspeito que os tornou suspeitos, e por aí fora. Há pouco ouvi na rádio um médico explicar qual é a definição científica de suspeita…tal é a confusão.
Na ausência – felizmente! – de notícias concretas que nos confirmem a eventual propagação da doença no nosso País, usam-se os grandes títulos para confirmar suspeitas e logo no dia seguinte – felizmente! – confirma-se que não se confirmaram as suspeitas da véspera, mas que se suspeita de que haverá novas suspeitas a confirmar no dia seguinte. Agora também se suspeita que as reservas confirmadas do medicamento eficaz se tornarão insuficientes, se se confirmar a suspeita de que se confirma a pandemia iminente. Entre suspeitas confirmadas e confirmações suspeitas, suspeito que era melhor confirmarem que não houve, até agora, - felizmente!- nenhum caso de gripe agora mexicana, aliás, A, no nosso País. Não temos já outras preocupações bem confirmadas que nos angustiem?
5 comentários:
Fiquei um bocadinho baralhado. Talvez um pouco confundido, não sei se confuso. Melhor, embaraçado. Não, fiquei mesmo é atrapalhado, algures entre o assarapantado e o transtornado. Já não sei, só sei que fiquei taralhouco da cabeça, com tanto disse que disse. E, entretanto, não fui só eu, já ninguém compreendia o que realmente se queria dizer… Será da senilidade ou é só cansaço por ouvir tanta sandice, sem pés nem cabeça? :)
Caro Felix Isménio, suspeito que seja um incompreendido...ou que não se faça compreender o que é, no mínimo, suspeito, embora sujeito a confirmação. Aqui no 4r confirmamos que não é suspeito, mas nunca se sabe. :)
Claro que me assusta o risco de uma pandemia mortífera de gripe. Mas lá por isso não deixo de me interrogar sobre se a devo designar por gripe suína, gripe porcina, gripe mexicana, gripe da América do Norte, gripe H1N1 ou simplesmente gripe A. Ouvi ou li todas estas designações na TV e na imprensa. Mas ainda mais confuso fico com os números da doença, principalmente o número de mortos, que já foram descritos por esta ordem: 17, 18, 20, 26, 103, 149, 159 (até aqui tudo bem (sob o aspecto lógico, porque são números crescentes, já que os mortos não costumam ressuscitar), mas depois ouvi números como 7, 8, novamente 26 e novamente cerca de 150. Em que ficamos? Sobre os números de doentes confirmados e de suspeitos também ouvi valores díspares que me deixaram baralhado e muitas vezes ouvi números atirados ao ar sem definir se eram doentes, se estavam confirmados como sendo desta gripe e não de outra gripe ou de outra doença qualquer ou se eram simples suspeitos.
Mas o que mais me preocupou foi a explicação para o número de mortos declarados pelas autoridades mexicanas ter descido de 149 para 7. Segundo ouvi foi que afinal só para esses 7 estava confirmado por análises de confiança que a morte tinha sido mesmo causada pela estirpe H1N1. Mas então e os outros? Partindo do princípio que o engano não tinha sido na contagem, chega-se à conclusão que houve 142 pacientes que morreram no México com sintomas que se podiam confundir com a gripe, mas que afinal não tinham morrido da gripe H1N1! A mim, pobre ignorante dessas coisas, parece-me bem mais grave que tenham morrido 142 pessoas de uma outra gripe ou de outra doença não identificada do que a morte dos 7 confirmados como sendo H1N1. Será que essa outra doença responsável pelas 142 mortes não pode causar uma pandemia?
Tudo isto é muito estranho...
Onde está o rigor?
Podemos acreditar nas notícias?
Pelo que vejo, acho que não...
Não vale a pena andar a fazer contagens e recontagens...
E porque não investir mais na formação? Sempre há riscos que se podem evitar... e não vi ainda muitas indicações nesse sentido...
Será que se passou a chamar A porque já vem aí a B? e... por aí adiante...?
Suzana
O que me deixa preocupada e, ao mesmo tempo, espantada, isso sim, é que em Portugal não há laboratórios equipados para fazerem testes a este tipo de vírus. O último doente considerado suspeito - não sabemos por quem - uma mulher que as televisões avisam que já está em casa, fez testes no Instituto Ricardo Jorge com resultado negativo. Mas por haver suspeitas, suspeito, as análises foram enviadas para um laboratório em Londres e aguardam-se os resultados.
Como é que podemos lidar com uma situação tão grave se não temos os meios necessários? Parece que quanto a este quadro não há suspeitas!
Enviar um comentário