As pessoas já perceberam que o país está numa situação gravíssima, que não há dinheiro, que temos muitas contas para pagar, que precisamos de ajuda financeira externa. Aos poucos e poucos as pessoas estão-se a preparar para enfrentar mais dificuldades e sabem que temos à porta um plano de austeridade que vai impor grandes sacrifícios. Não sabem ao certo que parte lhes vai tocar, mas sabem que os tempos não vão ser de facilidades, já não estão a ser, e que alguma coisa ou muitas coisas vão ter que mudar.
Não admira que as pessoas estejam assustadas e tristes, muitas delas defrontando-se com problemas graves nas suas vidas e sem saída para os resolver, sem uma luz ao fundo do túnel. Ouvem falar todos os dias de cortes em todas as direcções e de muitas reformas, das reformas que foram prometidas anos após anos, mas que agora os mesmos dizem que vão ser finalmente uma realidade.
Mas as pessoas estão cansadas destes discursos. As pessoas precisam de saber como é que com tanta austeridade o país vai crescer, quais são os desafios positivos para ajudar o país a ultrapassar a crise. Esta pergunta fundamental continua por responder. É na sua resposta que se joga o futuro do país. Não basta tratar da crise orçamental, é necessário tratar de resolver a crise estrutural. Como é que o país vai crescer com austeridade? É a resposta que faz falta e que tanta falta faz para haver esperança e confiança.
3 comentários:
Margarida, é difícil falar do futuro quando nem sequer nos entendemos quanto ao que é o presente...
Ó Margarida.... :)))
Tem mesmo a certeza que as pessoas andam tristes e sem saber o que fazer?
Só estou a perguntar, porque há bem menos de 1 semana a malta deixou a tróica a trabalhar aqui em Lisboa e bazou tudo para o Algarve.
De resto, a conversa da crise, dos sacrificios, etc, é algo que já vem, pelo menos, desde 1974 (aliás, basta ouvir alguns telejornais da época para ficar a saber que é um tema recorrente).
Pensando bem, olhem que este tema devia dar uma boa tese de mestrado... verificar se a crise corresponde a um único e gigantesco ciclo ou a vários.
Acho que falta criatividade, imaginação e inovação aos economistas portugueses. Têm uma mentalidade demasiado tacanha, estanque e estagnada. Por isso é que nunca ganham prémio nenhum. Dizem sempre o óbvio e fazem-no como se estivessem a dar uma grande novidade a alguém. São chatos.
Sim há problemas. Sim vamos passar tempos difíceis e sabem que mais? Ainda bem. Pode ser que assim mudemos a forma de pensar e de fazer as coisas... apesar de eu ter poucas esperanças nesta última parte porque os acomodadinhos do sistema são uma grande força de bloqueio e vão lutar até ao fim para manter o seu status quo.
Com aquilo que cada um de nós sabe fazer, podemos ter o mundo na ponta dos nossos dedos mas para isso temos de ir para além dos limites que nos impusemos. Se para isso quebrarmos uma ou outra regra mais convencional, paciência, é porque estas já não servem o propósito para o qual foram criadas.
No que respeita ao endividamento e outras cenas afins. A única coisa que posso dizer é: enquanto houver dinheiro paga-se. Quando não houver, não se paga. Simples. E quanto mais depressa aceitarem esse principio menos dores de estomâgo têm.
Perguntar-me-iam, ah sim? Então e depois como é que era? Então, era bem engraçado ver bancos e instituições de crédito a entupirem ainda mais os tribunais e a ficarem com monos que ou não conseguem vender ou demoram demasiado tempo para vender. :) A estas instituições o que interessa é dinheiro, não são monos. Logo interessa-lhes sempre renegociar.
Cara Anthrax
Tem razão em muitas das suas admirações, mas esteja absolutamente certa que há milhares de portugueses que se estão a passar mal por causa da crise, a que se juntam todos os outros que engrossam os 20% de população que vive em situação de pobreza.
Os que partiram de férias na Páscoa não foram por certo as 300.000 pessoas que só os Bancos Alimentares alimentam por dia.
Não há dúvidas - ainda há quem não o queira reconhecer - que temos uma crise orçamental que é o acumulado de décadas de indisciplina orçamental. Mas temos, também, uma crise estrutural que reflecte a nossa incapacidade para construirmos um modelo de desenvolvimento sustentável assente numa economia que crie riqueza.
A pergunta mantém-se. Que propostas têm os responsáveis políticos para resolver a crise estrutural?
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