“...Se o preço dos bilhetes destas empresas (refere-se às empresas de transportes) estivesse ao nível necessário para pagar os custos de exploração, chegaríamos à situação aberrante de o transporte colectivo ser mais caro do que andar no transporte individual".
Prof. Eng. Nunes da Silva, Professor do Técnico e Vereador da Câmara Municipal de Lisboa
Palavras simples que traduzem de forma evidente o absurdo que tem sido a política de transportes, com repercussões óbvias na sua gestão. Sete empresas de transportes têm cerca de 1.000 milhões de euros a pagar no imediato, incluindo os próprios salários, e não sabem como o irão fazer. Para além disso, estão tecnicamente falidas. São elas CP, Refer, Metro de Lisboa, Metro do Porto, Carris, Transtejo, STCP . E há ainda o problema da TAP.
Os défices sucessivos de tesouraria deixaram de poder ser sustentados pelo financiamento bancário. Acabado este, é o próprio pagamento de ordenados que fica em causa. E a própria subsistência das empresas.
Pode-se camuflar tudo e alguma coisa por algum tempo. Mas nunca pelo tempo todo.
8 comentários:
Ora, caro Pinho Cardão, esse é apenas mais um ataque ao estado social por parte da orquestra de catastrofistas.
Para mim pode ser o 911 Carrera Turbo, sff...prateado, se puder ser, que não tenho pachorra para lavar carros.
Caro Pinho Cardão, que bom trazer ao 4R esta questão das empresas de transportes.
Um dos pontos por onde pode começar-se a analisar esta questão é pelo facto de Portugal ser o único país da Europa Ocidental (não conheço a fundo em que pé estão neste momento os sistemas de transportes dos países da Europa de Leste) onde é tecnicamente possivel chegar-se a este ponto. E é-o por ser o único país da Europa Ocidental onde o Estado não tem contractualizado com os diversos operadores de transportes o serviço público. O normal é haver contratos de serviço público prevendo frequências, tarifas, bilhética e, em geral, todas as condições de prestação do serviço a que quem o opera está obrigado sendo compensado pelo Estado por prestar o serviço público. Em Portugal nunca foi feita esta contractualização o que levou as empesas a endividarem-se até mesmo para se manterem a funcionar. Não foram mais do que veiculos para o endividamento do Estado como tantos outros. O resultado não podia ser outro.
Uma outra vertente de análise desta questão, esta num plano superior, prende-se com a eficiencia do sistema de transportes. Há inúmeros casos pelo país fora onde não está a gerir-se o sistema convenientemente, nem sempre se usando os meios mais adequados a responder às necessidades existentes. O que gera custos perfeitamente evitaveis.
É um tema com pano para muitas mangas!
Caro Zuricher:
Tem toda a razão. As empresas públicas que prestam um serviço público deviam estar submetidas a um contrato-programa com o Estado, que lhes definisse o tipo e condições do serviço público a prestar. Na parte em que as receitas programadas não cobrissem as exigências do serviço prestado e contratado, as empresas deviam receber indemnizações compensatórias. Não se cumprindo esta exigência mínima de definição e cobertura financeira do serviço público, tudo se deteriora. A gestão não se responsabiliza, porque o Estado não cumpre, nem é responsabilizada, pelo mesmíssimo motivo. Acumulando-se os incumprimentos e os défices, tudo se torna ingerível. O resultado está à vista.
Caro Tonibler:
Pois é, a continuarem as coisa como estão, a distribuição gratuita de carros é a melhor solução. E a mais barata.
Quanto ao Porsche, continua a ter muito bom gosto.
Nunes da Silva tem um problema grave.
Denunciou inúmeras vezes nas TV, a estupidez criminosa do projecto Ota - a ditadura dos ambientalistas no coração mole de Guterres.
Ou do TGV.
Ou da TTT.
Mais uma (do regime, de há décadas):
Que política de transportes?
«... nós somos púnicos, parecemo-nos com os mercenários de Amílcar e todos esses matreiros do mediterrâneo. Nós somos girinos»
Já eramos assim em 74/75, n'Quinto Império de Dominique de Roux.
E assim chegamos a 1891.
Falando com técnicos de empresas de transportes públicos (repito: técnicos com largos anos de experiência, não políticos nomeados) percebe-se logo como estancar a hemorragia financeira das empresas de transportes públicos.
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Basta começar por cortar as linhas criadas por pressão política e que não têm taxa de ocupação mínima, para ver o impacte.
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Relativamente a este sector, recomendo que os interessados estudem o exemplo brasileiro. Quando FHC privatizou as linhas férreas no Brasil, a hoje chamada America Latina Logistica, de uma situação inicial caótica, de uma autêntica wicked mess, bastaram quatro regras para em 2 anos se passar de uma perda líquida de 80 milhões de reais em 1998, para um lucro de 24 milhões de reais em 2000.
Olhem, nos meus giros por outros países da U.E, eu uso os transportes públicos e os preços não diferem grandemente dos praticados em Portugal.
Os táxis sim, esses são caros. Mas combóios, autocarros e metro, em alguns casos as nossas tarifas são superiores.
A diferença é que nos outros países essas empresas não estão à beira de uma catástrofe, por isso devem estar a fazer alguma coisa bem.
Caro CCz, transporte de mercadorias é transporte de mercadorias, transporte de passageiros é transporte de passageiros. O transporte ferroviário de mercadorias, mesmo na Europa (com um modelo totalmente diferente do seguido nos Estados Unidos e América Latina), tem todas as condições para ser lucrativo (ainda que em moldes diferentes dos existentes nas Américas). Aliás, nem é permitido pelas regras Europeias (Directiva 13/2001) o subsidio do transporte de mercadorias. Tal como o transporte rápido de passageiros é inerentemente lucrativo. Os problemas são o transporte regional e suburbano que são inerentemente deficitários em todo o lado. E para esses há que encontrar formas alternativas de financiamento, sendo o normal a contractualizaçao dos serviços com o estado, que os paga ao mesmo tempo que exige certas caracteristicas de serviço.
Cara Anthrax, não duvide que nos outros países estão a fazer alguma coisa bem no que toca a transportes. Ou "algumas coisas" porque não é uma só. A base são as compensações do Estado pelo serviço público prestado mas várias empresas de transportes pela Europa fora obtêm receitas doutros serviços que servem para financiar o transporte. Desde receitas de publicidade (a mais óbvia e comum) a receitas provenientes de investigação e desenvolvimento (o Metro de Madrid ou a RATP são exemplos de empresas que o têm feito, detêm hoje várias patentes sobre produtos por si desenvolvidos e recebem royalties pela sua utilização) há um mar de receitas adicionais que podem ser geradas pelas empresas de transportes. Outra comum é também a exportação de know-how.
Ou seja, para gerir um sistema de transportes é preciso saber-se o que está a fazer-se. Tanto pelo lado do financiamento do sistema como pelo lado das receitas que este pode gerar além do tráfego.
Caros Zuricher e Pinho Cardão,
Em Portugal, quando se optar por esse caminho criar-se-á mais uma enorme parceria público-privada com enormes benefícios para a "empresa" nomeada (esta palavra não está aqui por acaso) e avultados prejuízos para o contribuinte. Veremos faustosos salários, prémios de gestão, motoristas, automóveis, etc., etc, para os ex-políticos (quero dizer, os gestores) e recibos verdes para os trabalhadores.
Vai uma apostinha?
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