1.Um dos argumentos correntemente utilizados pelos que defendem o “status quo” governativo - e também por alguns (não poucos...) “opinion-makers” - é de que os líderes da oposição, que neste momento disputam eleições e em especial o líder do principal partido da oposição, não tendo experiência governativa colocam um risco de incerteza face à dimensão dos problemas que o País enfrenta...
2.Curiosamente, esse discurso é sempre omisso quanto a um ponto que seria essencial para justificar a avaliação: a qualidade da experiência governativa disponível...
3.Como parece lógico, a falta de experiência governativa só seria um argumento válido se aqueles que tenham experiência a seu crédito a puderem exibir, sem receio, como real trunfo eleitoral – reparem que nós temos uma experiência de 6 anos de Governo (pelo menos) não apresentamos riscos de incerteza, já sabem com o que contam...
4.Colocando a questão nesss termos, o argumento da experiência versus falta dela desfaz-se...pois a qualidade da experiência governativa que pode ser exibida pelos concorrentes às eleições que a têm é de tal modo negativa que a sua simples lembrança é de molde a afugentar o menos prevenido...
5.Se aquilo com que o País pode contar (e o que mais se pode esperar?) é o tipo de experiência governativa destes últimos 6 anos, então mais vale ter alguém sem experiência do que ter a certeza, que é disso que se trata, de uma repetição do “filme de terror” a que assistimos até aqui e que nos conduziu, de SUCESSO em SUCESSO, à situação de penúria completa e de entrega aos credores...
6.Se há argumento eleitoral fraudulento é pois este da experiência de governo...oferecer em troca do RISCO da falta de experiência para governar a CERTEZA de governar mal ou muito mal só pode ser argumento para quem residir noutro planeta...
7.Independentemente do crédito, maior ou menor não vou agora discutir, que possam merecer as propostas de governo alternativas, a invocação da experiência de governo é pois um argumento que só as pode beneficiar...
8.Será que alguém, no seu perfeito juízo e salvo por razões de defesa de interesses particulares, estará disponível para acolher tal argumentação em apoio dos incumbentes?
4 comentários:
Caro Dr. Tavares Moreira,
Temo que o elemento decisivo da escolha do "eleitor médio" não resulte de nenhum processo analítico, antes se subsumindo a uma decisão emocional complexa, feita de percepções, de "credibilidade", de demagogia e de medo. Poderia ser condicionada pela ruptura diferenciadora do discurso (vide Sá Carneiro ou Cavaco Silva), mas não será o caso nestas eleições como é bem de ver. Paulo Portas já o percebeu há muito.
Caro Eduardo F,
Não excluo, de todo, que possa vir a ter razão quanto ao complexo de factores que poderão ditar as escolhas do eleitorado...
Se assim for, o resultado eleitoral será praticamente imprevisível, a começar pelo nível de abstenção - o que não deixa de ser cómico-trágico depois da ensandecedora experiência governativa que agora atinge o seu termo...
Não obstante esse grau de imprevisibilidade e cumprindo a tradição, o 4R não deixará de, lá para o final desta semana, emitir o seu habitual - e habitualmente quase "infalível" - prognóstico sobre o resultado da votação de 5 de Junho...
O argumento da falta de experiência tem, de facto, a enorme falha da situação a que a experiência nos conduziu. Como dizia o palhaço Tiririca, "pior não fica". Não há que ter medo, na realidade é difícil cometer mais erros do que os que nos últimos anos nos trouxeram ao abismo actual. Só receio que muita gente não tenha compreensão desta realidade tão evidente.
Caro Freire de Andrade,
De acordo.
Ademais, o argumento da falta de experiência, encobrindo a qualidade da experiência disponível, é um generoso e atrevido atestado de imbecilidade passado aos cidadãos eleitores...
Que deviam indignar-se com tal tratamento, retribuindo nas urnas, de forma igualmente generosa...
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