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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Os discursos de Belém

Quatro discursos presidenciais levam para Belém a comemoração do 25 de Abril.

Palpita-me que Sócrates não irá gostar muito do que alguns dirão. Mas está tudo controlado: dezenas de microfones já rondam os passos e as bocas de Silva Pereira, Jorge Lacão, Fernando Medina, Vitalino Canas, Santos Silva e outros para a "conveniente" reacção.

No fim, Sócrates terá sempre o consolo de ouvir um inefável Presidente a explicar o tipo de vida que nos calha para além do défice. Pela qual tanto pugnou e Sócrates de um jacto concretizou.

Consolar-se-ão mutuamente. O pesadelo é dos portugueses.

36 comentários:

Fartíssimo do Silva disse...

Antes de mais, felicito os Autores do 4R pelo novo visual do Blog. Esteticamente agradável e sobretudo um descanso para os olhos! Parabéns, pois.
Quanto aos discursos, refelectem a personalidade dos quatro protagonistas.
Vejo, pelo meu Amigo Pinho Cardão, que continua com a seta apontada para Jorge Sampaio. É já endémico, de resto...
Das quatro personalidades, a única que conseguiu as mais baixas taxas de popularidade (popularidade negativa) é, para mágoa de todos nós, o anfitrião! Não me alegro com isso, bem pelo contrário. Não
tendo votado em Cavaco, uma vez eleito, o que eu desejaria é que conseguisse superar o défice de desempenho que revelou ao longo do primeiro mandato. Infelizmente, não foi capaz. Temo bem que Portugal se afunde de vez com o homem do leme, que não sobrevirá à crise!

Pinho Cardão disse...

Caro Fartíssimo do Silva:
Primeiro que tudo, ficamos satisfeitos pelo modo como vê a nova apresentação do 4R e agradecemos as suas palavras.De facto, havia muitas "reclamações", mas muito pouco tempo para as atender. Até que o David Justino fez das tripas coração e lá arranjou um tempito...
Quanto à animosidade que diz que eu tenho por Jorge Sampaio, é nenhuma em termos pessoais (acho-o até uma pessoa afável e bem formada, boa pessoa, no sentido tradicional e são do termo). E do ponto de vista político também não há animosidade, mas também não há esquecimento. Quando se pretendiam tomar medidas sérias quanto à diminuição da despesa pública, não se podem esquecer as palavras de Jorge Sampaio, em plena Assembleia da República e no dia 25 de Abril creio que de 2004, ao combater essas medidas, dizendo que "há vida para além do défice".
Palavras assassinas, que desautorizaram todas as medidas que se viessem a tomar no sentido de redução da despesa. Por isso, Jorge Sampaio tornou-se também cúmplice do actual descalabro e isso tem que ser recordado.
O que não invalida qualidades políticas que ele efectivamente tem. Mas que ficaram indelevelmente assombradas ou mesmo negativizadas por aquela frase. Com isso, Jorge Sampaio ficou sem capital próprio político. Mas, e aqui é totalmente verdade, há homem para além do político!...

Fartíssimo do Silva disse...

Meu Caro Pinho Cardão
Eu não falei propriamente em animosidade mas numa seta apontada a Jorge Sampaio. Concedo, contudo, que lhe dê essa significação.
Uma pequena frase "há mais vida para além do défice" será a responsável por tudo que está a acontecer? Algo semelhante a "há um limite para os sacrifícios", não?

Isabel disse...

Não o suporto desde que demitiu um governo apoiado por uma maioria absoluta. E nunca reconheci legitimidade moral ao Primeiro Ministro que emergiu desta espécie de golpe de Estado.De facto, contra as ordens de Vitorino, nunca me habituei.Azar o meu, não é? Mas ainda maior azar do país!

Fartíssimo do Silva disse...

E reconhece legitimidade ao Primeiro Ministro, não eleito, que substituíu Durão Barroso quando este "fugiu" para Bruxelas?

Bartolomeu disse...

Resta saber se o discurso do Presidente da República e os discursos dos ex-Presidentes da República, irão causar efeito na forma e sobretudo no conteúdo, das campanhas eleitorais que se seguem.
A avaliar pela atitude de alguns partidos, relativamente à sua presença nas reuniões com os Troikos...
Mas, pode ser que até lá, haja uma tomada de consciência.
Esperemos.
Para já foi dada por Cavaco Silva, uma optima imágem e um excelente sinal de união, ao tomar a iniciativa de convidar os ex-Presidentes, nestas ocasiões, ganha quem dá o exemplo.

Gonçalo disse...

Mário Soares não resistiu a se juntar à turba de Matosinhos. Elogiou Sócrates por ter baixado o défice de Constâncio (lembram-se?) de 6,84% para 2,8%. Depois, "foi a crise internacional" que trouxe o resto... E isto se não ignorarmos o "crime" de quem juntou a essa crise uma crise política e uma crise social, ao derrubar o governo...
O Sr. Soares devia lembrar-se que se há crise em Portugal, nada tem a haver com a crise internacional e que Sócrates é que se demitiu...

http://notaslivres.blogspot.com/2011/04/sao-necessarios-consensos.htm

Tonibler disse...

A festa foi bem representativa da república portuguesa. Um estado falido estoira o que resta para festejar a liberdade juntado uma carrada de barões e baronetes nos jardins de um palácio com o povo cá fora a ver se conseguia espreitar a festa que estava a pagar. O quadro final da república portuguesa.

Fartinho da Silva disse...

Curiosos estes discursos anti-democráticos no 25 de Abril...!

Tão criticada foi Manuela Ferreira Leite quando, com suprema ironia, disse que talvez fosse bom suspender a democracia durante seis meses e agora aparece o Presidente da República e três antigos presidentes com discursos que no fundo dizem "votem à vontade, mas no dia seguinte teremos o mesmo governo ganhe quem ganhar"...

Foi engraçado ouvir algo como "esqueçam as diferenças ideológicas"!

São as contradições típicas de final de regime.

Quando é que se faz o funeral?

Gonçalo disse...

Sampaio, agora, tão anjinho...
O mesmo que dissolveu uma Assembleia com uma maioria absoluta pede consensos.
http://notaslivres.blogspot.com/2011/04/sampaio-na-rtp1-hoje-outro-que-quer.html

Bartolomeu disse...

Tonibler, Fartinho e Gonçalo... já não exerço, entreguei a carteira profissinal e retirei-me definitivamente da barra, por isso, não defendo nem acuso, mas vejo, oiço e sinto.
E.. os meus sentidos dizem-me que a altura é de reunião, mesmo para quem não possui a qualidade de perdoar. Aliás, nem é isso que está em causa, aquilo que urge é perceber que o "bote" está a meter a borda debaixo de água e que, numa premanente agitação, os marujos não param de o fazer balouçar. Está bom de ver, que assim, vamos todos ao charco. Alguns pensarão: tou-me nas tintas que o barco afunde, eu até sei nadar!
A espiga toda, meus amigos, é que, àqueles que sabem nadar, vão agarrar-se um molho de outros que nadam tanto como um prego... ou seja, vai tudo a pique. É certinho e direitinho.
Para que isso não aconteça, 1º, temos de parar de sacudir o bote; 2º temos de unir esforços e baldear a àgua; 3º, temos de erguer o mastro, subir as velas e... navegar.
Vá lá, pelo menos encarem uma realidade; os nossos filhos e netos vão ter um futuro muito incerto, mas tê-lo-hao muito pior se não tivermos a capacidade para relativizar algumas questões do presente.
É claro que todos percebemos a má governação que deu origem à crise que se vive, os desleixos, as más decisões, as trapalhadas políticas, as trapalhadas financeiras, mas... acham que existe algum discurso que nos faça viajar no tempo até ao passado?!
Népias!
Então pense-se e construa-se o futuro, sem estarmos premanentemente a repisar o passado, ou... não teremos capacidade para isso?
;)

Bartolomeu disse...

Ah!... convem esclarecê-los que aquela "coisa" da carteira profissional e da barra, não foi mais que uma alegoria...

Tonibler disse...

Caro Bartolomeu,

O meu comentário não tem nada de passado. Ou melhor, tem a constatação do que é o nosso presente e o nosso futuro. A união que foi falada ontem, não me interessa. A união que põe os senhores a mamar à conta do povo que paga a festa. Não tenho o mínimo interesse na união que se propagandeia onde eu vou continuar a trabalhar para um conjunto de parasitas sem valor que fazem a festa com o meu dinheiro para festejarem a minha liberdade para os sustentar. União que envolva aquela gente? Montem-se!

Eu já escolhi a minha união e não envolve o presidente da república, nem os deputados, nem os funcionários do estado, nem...A república portuguesa não tem interesse para ninguém, principalemente para os portugueses.

Bartolomeu disse...

Tonibler... a República Portuguesa, pode não ter interesse para muitos, nos moldes e com as figuras que últimamente a tÊm protagonizado. Mas de certo já percebeu que a alternativa possível, é aquela que agora se desenha e que, se for alcançável, é de certeza a única hipotese de viabilidade para a nossa economia e a nossa recuperação. De outro modo, não estou a ver. Até porque as revoluções, dão-se sempre da direita para a esquerda e nunca ao contrário.

Tonibler disse...

Não é verdade, caro Bartolomeu. "Nada" é a primeira das alternativas para tudo. Não preciso de barões, não preciso dos serviços que essas pessoas, sejam elas quem forem, me impõem. A minha solução é "nada" e não deixem que lhe imponham que tem que haver uma porque é mentira. Eu quero que a cadeira de PR seja ocupada por "ninguém", "ninguém" seja deputado e que "ninguém" seja eleito para PM. O resto, não se preocupe, resolve-se com muito mais facilidade e liberdade que estar a corrigir este regime ladrão.

Bartolomeu disse...

Só pode estar a brincar, Tonibler.
Eu compreendo a sua revolta e até comungo dela, em parte, sobretudo naquilo que diz respeito ao saque de que temos sido vítimas, em benefício de meia-dúzia de caramelos que, apoiados por uma justiça indefinível, continuam impunes.
Mas, isso não me permite pensar num regime anárquico. Nesse caso, aquilo que o Tonibler defende, é um far-west, uma terra-de-ninguém, onde imperaria a vontade do mais forte, seria um voltar ao poder na rua, como foi tentado instaurar pelas forças de esquerda, após o 25 de Abril. Em muitos aspectos, não estamos muito longe desse cenário, diga-se em abono da verdade.
Mas repare, Tonibler; fazemos parte de uma união europeia e essa situação, ainda pode representar para nós uma mais-valia em termos de recuperação económica. Aliás, eu até acho que o próximo governo terá como prioridade renegociar os acordos comerciais com a UE. Também concordo consigo relativamente aos lugares de penacho que são mantidos a peso de ouro e que de nenhuma utilidade se revelam para o país. Se existe necessidade de proceder a alterações à Constituição portuguesa, essa é uma delas. Mas para isso, é necessário que haja governo e Presidente da República... mais interventivo, como o próprio prometeu ir ser, após a reeleição.

Tonibler disse...

Caro Bartolomeu,

O 25 de Abril foi há 36 anos. Para mim e para si pode parecer que foi ontem, mas deixe-me recordar-lhe que a internet tem menos de metade da idade, o youtube tem 6 anos, o facebook tem 4 e o Ipad tem 2. A televisão por cabo não tem mais de 15 e tenho colegas no emprego que nasceram no dia da explosão de Chernobil. O mundo que descreve já não existe, o poder não cai na rua só porque os parasitas querem, o poder cai na rua porque os parasitas abusam.

Mais, o poder já não está em Lisboa. Nunca mais vai estar. Nunca mais.

Fartinho da Silva disse...

Caro Bartolomeu,

Percebo o quer dizer, mas concordo inteiramente com o Tonibler.

Este regime está morto e parece que só quem não viveu o 25 de Abril é que percebe isto. Podemos dar as voltas que entendermos, podemos unir tudo o que quisermos, podemos acabar com a Democracia durante o tempo que entendermos, mas uma coisa não podemos evitar - a queda do regime! Já reparou no cheiro nauseabundo do cadáver? Não estará na hora de se fazer o funeral?

Gonçalo disse...

Bartolomeu
Até poderia concordar com essa do entendimento, mas com um PS "bom". Não aquele que se entricheirou em Matosinhos. A esse PS, no seu barco, é mesmo para abanar, para afundar. Depois, haverá alguns "bons" que sobrem no PS, que possam aparecer para contribuir para a solução do País. Mas não aqueles, naquela trincheira.
O problema é do País? Sim.
Mas é também do PS. Como foi possível se extremarem daquela maneira. Assim, mantendo quem criou os problemas no leme, inviabilizaram qualquer consensualização prévia a uma derrota que terá de ser pesada. O PS não conseguiu se libertar do seu problema. Por isso terá de ser o País a ajuda-lo. A 5 de Junho.
Como foi possível que alguns daqueles, que até dávamos como "bons" pudessem entrar na vertigem de Sócrates, fazendo o discurso do ódio contra tudo e contra todos?
ESTÃO TODOS COMIGO? ESTÃO TODOS COMIGO?
Estavam...

Bartolomeu disse...

Parece-me que não é preciso estabelecer um ponto de ordem, porque os meus amigos, apesar de divergirem n'alguns pontos de vista, interviram separadamente e com distinção.
Tonibler, em Portugal, não colhem e nunca colheram, os radicalismos. A designação «gente de brandos costumes» define-nos na perfeição. Em Portugal, nada é determinante, da mesma forma que nada é determinado préviamente. Até o golpe de estado que ocorreu em 25 de Abril, este para abortar, porque Otelo não arranjava um oficial de patente elevada, para receber a rendição de Marcelo Caetano. às últimas, lá convenceram um de Spínola que assim que pôde, sacudiu a água do capote. Isto para lhe dizer que, em minha opinião, apesar das mudanças que enumera, pouco ou nada se alterou, naquilo que à forma de reagir deste povo, diz respeito. Se assim não fosse, ou se fosse de outro modo, outro tería sido o "aproveitamento" da democracia conquistada em Abril.
O mundo que desejo seja o da realidade nacional, já o descrevi, Tonibler e, não tem a ver com passado, tem a ver com projectos de futuro, essencialmente, tem a ver com tomada de consciência, com perceber o que nos afecta e de que forma podemos alterar e melhorar as nossas condições. Relativamente ao passado, só detenho a atenção naqueles exemplos que poderão servir-nos de guia. E já que o amigo Tonibler nutre simpatia pelo período monárquico, convido-o a revisitar os 46 anos do reinado de D. Dinis, o monarca que pegou num reino a desfazer-se e, reformando a justiça, a educação, a agricultura, as artes, as actividades económicas, etc. conseguiu reerguer este reino que conheceu nessa época um dos períodos de maior desenvolvimento da sua história, para além de ter criado as condições que lhe permitiram mais tarde expandir-se e, como reza a história, dar mundos ao mundo.
Mas, como em outras épocas, o sucesso nunca nasce da divisão, porque esta gera aridez, mas sim da união, da vontade conjunta de avançar e não ficar preso a quezílias que só podem resultar em atrofios.

Bartolomeu disse...

Fartinho, peço-lhe desculpa, mas cofesso que não entendi o sentido do que escreveu. O seu comentário pareceu-me algo contraditório na medida em que, após ter confirmado a sua concordância com a opinião de Tonibler, retrocede ao ponto de compreender que por mais voltas que se dê, no essêncial tudo será mantido como dantes.
Nesse caso, não lhe parece mais coerente concordar com aquilo que escrevi; que não vale a pena manter-nos obstinadamente a procurar responsabilizar os autores da peça trágico-económica, sem que possamos com isso retirar qualquer vantagem para o país?!
Em minha opinião, uma vez que coloca a questão, ha que aproveitar a vontade política para se encontrar uma unificação, um governo politicamente amplo e, sem a menor dúvida... democrático, tanto quanto possível.

Bartolomeu disse...

Gonçalo,
parece-me que o amigo não olhou para o congresso do PS, com olhos de ver. E ainda, que não está a olhar para os sinais da política, com olhos de ver e ouvidos de ouvir.
E ainda, que não prestou atenção aos números da sondagens mais recentes.
Aquilo que o PS, no seu congresso quis demonstrar e conseguiu, foi a sua unidade interna, mesmo que muitos socielistas, não chupem o líder do partido, nem com molho de tomate. Ao contrário do PSD, cujo líder escolheu para encabeçar a lista à assembleia e propôs para presidente da mesma, um recente adversário político. Isso até seria o menos, se o senhor comungasse dos ideais e dos projectos sociais democráticos, mas não, e ainda troca os pés pelas mãos e cria situações particularmente difíceis para um partido que internamente conhece grandes dificuldades de coesão e alguma indecisão de estratégias.
No entanto, o PSD "goza" de uma condição ímpar no panorama político nacional, Condição essa que não vou aqui expôr, porque não pretendo ser inconveniente, mas da qual, em minha opinião, não estão a ser retirados os dividendos que se esperaria.
Por isso, também, coloca-se a urgência para todos os partidos mas substancialmente para a política nacional, que seja encontrada uma convergência, a qual só poderá nascer, como tenho afirmado, de uma tomada de consciência concreta e definida.
;)

Tonibler disse...

Caro Bartolomeu,

Como insinuei que o 25/4 foi há muitos anos, foi buscar o D. Dinis? :))

O meu caro foi enganado. Portugal enquanto estado-nação-país não morreu agora. O "agora" foi só a demonstração de que o aranhiço em que nos meteram não tem volta. Esse Portugal de que fala já não existe.

Não queria assim? Não votasse no PS, no PSD, no Soares, no Freitas, no Cavaco, no... Agora, azar. Foi-se!

A mim, que tive sempre que papar com as escolhas dos meus concidadãos que me lixaram sempre a vida, é capaz de ser melhor assim. Venha Bruxelas, pior não fica.

Fartinho da Silva disse...

Caro Bartolomeu,

O que pretendi dizer é que não vale a pena lutar por este regime porque... está morto.

É natural que os vencedores do regime tentem a todo o custo fazer acreditar à população que é possível evitar o inevitável e tudo farão, tal como estão a fazer, para garantir as mordomias que o regime lhes ofereceu. O discurso da união foi, e é, apenas e só isso mesmo.

Os defensores do status quo fazem lembrar a Alegoria da Caverna de Platão...

Fartinho da Silva disse...

Caro Bartolomeu,

Acredita mesmo que o Estado, as famílias e as empresas são capazes de pagar o que devem? Acha mesmo que a união vai pagar as nossas dívidas? Não sei se seremos expulsos do euro, mas uma coisa parece-me evidente, não vamos, obviamente, pagar o que devemos. E não vamos pagar porque é impossível.

Pense nisto, se o Estado extorquir 14% do rendimento da população o que acontece à nossa banca? Se o Estado não pagar, e não vai pagar, as parcerias público-privadas, o que acontece à nossa banca? Por outro lado, se o Estado não extorquir 14% do rendimento da população e se pretender pagar as parcerias público-privadas, o que acontece ao Estado?

Lembra-se dos elogios do status quo em relação aos milhões gastos para recuperar as "escolas degradadas"? Onde acha que foram buscar o dinheiro? Pois, parece que foi mais uma parceria público-privada muito pós-moderna. Depois de concluídas as obras, as escolas passarão a pagar uma renda à Parque Escolar. Com que dinheiro?

Bartolomeu disse...

Estimado Tonibler, não me diga que para si, D. Dinis não ilustra da melhor forma, a temática em apreço.
Não conheci em toda a nossa história, outro monarca tão completo em termos de sabedoria governativa.
Eu até desconfio que Mário Soares, sobretudo durante os seus dois mandatos como Presidente da República, lhe seguiu o exemplo ao criar as presidências abertas, percorrendo o país, inteirando-se "in loco" dos reais problemas que afectavam as populações.Além do mais, D. Dinis teve uma preocupação; estabelecer a paz e harmonia nos três estados - nobreza, clero e povo - aquilo que agora se entende necessário fazer, sendo que estes poderes se encontrem noutras sedes.
;)
Agora, peço-lhe desculpa, mas, por favor, não me venha com essa do não votassem neste ou naquele partido, neste ou naquele candidato. É que ninguem tem o poder da vidência tão apurado que lhe permita ver com antecedência se as promessas feitas no +período eleitoral se veem a confirmar ou não.
De todo o modo, ainda gostava de saber o que o Tonibler decidiria se para as próximas eleições se prefilasse uma força política determinada a governar fora da UE.

Bartolomeu disse...

;))))
Não estou a ver muito bem, o motivo pelo qual o Fartinho alude à alegoria da caverna... só se é por existir uma relação entre Platão e Sócrates...
;)))
Estou na brincadeira, é claro, não leve a mal.
De qualquer modo, deixo sempre aberta uma nesga no meu cepticismo, que me premita não me admirar, se tal como diz, o interesse da união vise proteger o interesse das sombras instaladas. Contudo acredito, que face ao estado de perigo em que o nosso país se encontra, as boas vontades políticas, sejam mesmo boas.
Mas, numa coisa acredito, acima de tudo. Esta união de esforços e de políticas, pedida pelo Presidente da República, é em minha opinião, aquilo que resta ao nosso país como recurso para viável para endireitar a nossa economia. Se esta medida falhar, todas as outras serão incapazes de o fazer.

Fartíssimo do Silva disse...

Parece que o Presidente, no seu novo volume dos Roteiros, vem "justificar" a dureza do seu discurso de posse de 9 de Março com os alertas frequentes que fizera sobre a situação económica do País!!!! E que tudo fizera para concertações intra-partidárias!!!
Pior a emenda que o soneto...
Já estamos habituados.

Tonibler disse...

Caro Bartolomeu,

Eu sempre votei em forças que eram contrárias à entrada no euro, na maior parte das vezes nas que eram contrárias à integração europeia. Isso não me dá o direito de condenar quem quer que seja por ter tido a opinião contrária à minha. Mas dá-me o direito de dizer "de que se queixam agora?" quando as consequências foram exactamente aquelas que estavam escritas. E não me venham dizer que estava em letras pequenas, porque não estava. Estava em letras grandes.

Bartolomeu disse...

Não respondeu à pergunta directa que lhe coloquei, caro Tonibler.
Quanto ao assunto da entrada no euro, posso garantir-lhe que nunca fui de acordo. Desde o início achei que iria resultar em novo-riquismo e em aproveitamento por parte dos chicos-espertos e dos mamões do costume. E que no essencial, iríamos ficar igual, ou pior.
No entanto, durante o período em que Marcelo Caetano era Presidente do Conselho e já se pensava numa integração de Portugal no mercado comum europeu, ou CEE, conforme se preferir. Se se lembra, durante uma dezena de anos, andamos aos trambulhões, divididos entre as opiniões dos que eram pró- europeísmo e dos ultramrinistas (acho que acabei de inventar um termo). Em 72 foram assinados os primeiros acordos de entrada de Portugal para a CEE, no âmbito do espírito Marcelista de «renovação e continuidade».
Esta política Marcelista, ganhou forma após a independência das ex-colónias e a necessidade absoluta de estarmos ligados à europa, desenvolvida económica e industrialmente, sobretudo à França e à Alemanha, o que, nos nossos dias se demonstra continuar a ser de vital importância para o nosso país.
Quanto à queixa que apresenta, acho-a mal dirigida. Não é aos votantes que ela deve ser endossada, mas sim àqueles que tão mal representaram os interesses do nosso país, nas negociações dos acordos. Esses e todos aqueles a quem foi atribuida a responsabilidade de analisar a viabilidade e a legalidade dos projectos de candidatura aos fundos de apoio e ainda àqueles a quem competia fiscalizar a execução dos mesmos, assim como à banca.
Mas, como muito bem se sabe, desleixo, facilitismo e corrupção, imepraram neste fartar vilanagem, que foi consequência da entrada para o euro, para a moeda única.
Mas, continuo a bater na mesma tecla, caro Tonibler. Neste momento, não nos restam alternativas... ou seja, resta-nos uma, aquela que o Presidente apontou. A sua, a de colocar ninguem a ocupar os lugares... hmmm, hmmm, não me cheira.
;)

Tonibler disse...

Em resposta à pergunta directa que fez, caro Bartolomeu, eu já decidi que o meu voto será feito se, e só se, quem me enganou nas contas do estado estiver a caminho de responder criminalmente. Se tal não estiver feito, não vale a pena votar.

Bartolomeu disse...

Nesse caso, Tonibler, o meu amigo votaria em alguém, ao contrário do que afirmou anteriormente, que votaria em ninguem.
Bom... não lhe parece bem que voltemos à alegoria da caverna do Platão, como sugeriu lá atrás o nosso amigo Fartinho?

Tonibler disse...

Não, caro Bartolomeu. É quase certo que vou votar em ninguém. A não ser que prendam quem devem prender e, aí, estou certo que os boletins de voto também não serão os mesmos porque isto de roubar e ser preso tira toda a piada à governação.

Bartolomeu disse...

Bom, aquele senhor que preside a câmara de Oeiras, foi preso, não sei se a sério se a fingir e ganhou de novo as eleiços... o que nos remete para o assunto do post do Senhor Professor Massano Cardoso e, retira qualquer vantagem à votação em ninguem.
Parece que aquilo que nos tolhe, afinal, é a anarquia mansa de ainda não sabermos quem somos.

Fartinho da Silva disse...

Caro Bartolomeu,

Se o regime não for enterrado rapidamente poderemos ter problemas graves de saúde pública...

Bartolomeu disse...

E vocÊ insiste nessa ideia do enterro...
Já reparou que no contexto actual não existe alternativa, Fartinho?
Além do mais, a situaçãio que se vive descende de uma cadeia de outras, que tal como já referi, monta ao tempo de Salazar, o que evidentemente faz, com que não seja algo que surgiu, fruto de uma situação pontual, como se está agora a fazer crer.
Repare, Fartinho, a seguir ao final da 2ª guerra mundial, foi fundada por Portugal e mais 5 países, se não estou em erro, a EFTA, que criou um espaço de comércio sem fronteiras alfandegárias. É certo que nessa época, Portugal possuía províncias ultramarinas, mas, onde quero chegar, é ao facto de, apesar de se estar num regime conservador, já existíam no seio do governo, algumas opiniões contrárias ao "orgulhosamente sós". Quando Caetano sucedeu a Salazar, apesar de a política ultramarina se manter e de se manter também a política de não apróximação à CEE, começou a vislumbrar-se alguma abertura, naquilo que dizia respeito somente à area do comercio.
E porquê?
Porque tanto Marcelo Caetano, como o ex-ministro Franco Nogueira, visionaram uma realidade que só o tempo foicapaz de confirmar, a dependência política e capitalista da europa, que Marcelo queria evitar a todo o custo e que João Salgueiro desvalorizava.
Além de que, Marcelo Caetano percebeu também, que Portugal não caberia na Europa se se mantivesse "dono" das províncias ultramarinas.
Por este pequeno resumo, caro Fartinho, se formos realista, percebemos que ha muito tempo que caminhamos para o falecimento, mas, se nos temos aguentado, é porque os nossos executores, ainda não descobriram a forma de o fazer. Então temos de encontrar alternativas, enquanto respiramos e, à falta de melhor, a que se desenha é a possível.
;)