1. Segundo revela hoje o INE, o indicador de clima económico em Portugal atingiu no corrente mês de Agosto o nível mais elevado desde Agosto de 2008 (altura em que recolhíamos os imensos benefícios de uma política económica não neo-liberal, convém recordar), recuperando em todos os sectores menos no Comércio - não o de automóveis, seguramente...
2. Começa a ser difícil extrair uma conclusão líquida, inequívoca, da imensa pluralidade de indicadores económicos, mais ou menos avançados, com que diariamente somos defrontados...
3. ...por exemplo a laboriosa agência de informação económica Capital Economics, de inspiração claramente anglo-saxónica, presenteia-nos, hora sim, hora não, com a emissão de notas de pessimismo relativamente às economias do Euro – quando existem sinais de recuperação merecem toda a reserva, quando são de abrandamento ou de retracção, são acolhidos com toda a segurança...
4. ...sempre desaguando na conclusão de que o BCE precisa de adoptar políticas mais acomodatícias, seguindo na esteira do Banco de Reserva Federal (FED), para estimular a actividade económica da zona Euro, sem as quais essa actividade pode estar condenada a uma perpétua estagnação...
5. ...”sharp drop in ESI adds to signs of eurozone slowdown” assim reza o título da mais recente nota de comentário.
6. No meio da confusão e dispersão de indicadores, o Presidente do BCE, numa intervenção muito recente, veio finalmente abrir a perspectiva deste Banco poder adoptar uma política de “QE” à imagem e semelhança do que foi a política do FED nos últimos anos – compra massiva e permanente de títulos de dívida pública e privada, nos mercados secundários, inundando os mercados de liquidez e forçando uma forte descida das taxas de juro, “yields e na emissão de nova dívida, que se estendeu a todos os segmentos do mercado...
7. Os grandes beneficiários do impacto que a declaração do Presidente do BCE teve nos mercados, nestes últimos dias, foram os governos enquanto emitentes de dívida, com uma descida das yields para níveis considerados “historicamente baixos”...
8. Resta-nos esperar que os benefícios desta nova versão da política do BCE, “à FED”, a concretizar-se, possam chegar efectivamente às empresas, não se limitando aos sectores públicos, de modo a estimular o investimento privado...
9. ... e não venha a verificar-se, ao invés, um conhecido efeito de “moral hazard”, desincentivando os governos de manter políticas orçamentais prudentes, cedendo à tentação de seguir a histeria sintética do coro “anti-austeridade” (Hollande, por exemplo, está aflitíssimo com este problema, percebe-se bem da sua sugestão hoje divulgada)...
10. ...começa a ser difícil perceber onde estamos, realmente...
3 comentários:
Quanto à informação económica, a verdade é que nunca ninguém disse "estamos num bom clima económico como previsto pelo economista X", razão pela qual economista que é economista passa a vida a anunciar o fim do mundo na esperança de ser ele o relógio parado que está certo duas vezes por dia. De evitar.
Quanto à impressora do BCE apostada que está em fazer do euro uma coisa semelhante ao bit-coin, continua-se a achar que há substituto a fazer as coisas bem feitas. Até ao dia em que as coisas mal feitas nos vão rebentar na cara (outra vez, no caso dos países como nós que acreditam nas epistomologias do Sul boaventuristas).
Caro Tavares Moreira,
Quando se olha (ou se finge olhar) para o mundo de uma forma completamente distorcida, é natural que possa ser difícil perceber onde estamos, realmente...
Caro Pires da Cruz,
Ainda estão por aparecer os verdadeiros economistas, com capacidade para prever, com algum grau de acerto, em que consistiram acontecimentos passados...mas não percamos as esperanças, não sejamos pessimistas, lá haveremos de chegar.
Quanto aos boaventuristas do Sul, esses sim, esses detêm o raro privilégio de tudo poderem prever com certeza e precisão: utilizando o método, sempre infalível, de tomar por realidade o que se desenvolve no âmago de suas ilustradas mentes...
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