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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Do crime da agilização de processos

De acordo com o que vem sendo publicado, dando como mero exemplo no DN de hoje, o grande pecado de Manuel Palos, Director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, e que o levou à prisão preventiva, era agilizar processos. Ah, também recebeu duas garrafas de vinho do Director dos Registos e Notariado. E parece que teve uma refeição de favas, possivelmente para utilizar o vinho.
Por mim, fiquei perfeitamente elucidado. Atrasar processos não causa mossa, é aliás a glória suprema dos burocratas e a demonstração do seu imenso poder. Ninguém é investigado ou preso por atrasar processos, é a norma e a rotina. Se um cidadão não quer atrasos, não chateie os serviços com processos. Os serviços são para estar lá, não para serem aborrecidos com trabalho.  
Por isso, agilizar processos é perfeitamente intolerável. Não é próprio de um chefe nem de um burocrata. De mais a mais, agilizando todos, sem excepção, e recebendo por uma vez a inusitada prebenda duas garrafas de vinho...
...Depois de um ano inteiro de escutas...é obra!...   
Vá-se lá perceber a justiça. Ou a informação...

5 comentários:

Carlos Sério disse...

Não acredite cegamente em tudo o que vem nos jornais. Nem faça da Justiça uma caricatura destas. Acredita mesmo que foram estas esses os motivos que levaram o juiz a decretar a prisão do dito senhor?

Pinho Cardão disse...

Caro Carlos Sério:
Claro que eu não acredito praticamente em nada do que é produto de "investigação" dos jornais. Gosto de saber o que avontece, factos, não especulações ou criações jornalísticas. Ou de assessores de imagem, o que é a mesma coisa.
Quanto à preocupação do meu amigo, veja como terminou o post. Mas eu repito aqui:
"Vá-se lá perceber a justiça. Ou a informação...".
Veremos a seu tempo. Mas que há uma colossal diferença entre as acusações do Ministério Público e as condenações em Tribunal, lá isso há...é facto objectivo.

Bartolomeu disse...

Ha várias conclusões que podemos retirar destes processos "difamatórios" contra governantes e detentores de altos cargos públicos, caro Carlos Sério.
Deve recordar-se por exemplo do caso "Face Oculta" no qual o ex-ministro Armando Vara foi condenado a 5 anos de prisão efetiva, somente porque recebeu do empresário-sucateiro, uma caixa de robalos e um pão de ló. Vai-se a ver e esta gente, ao aceitar "subornos" que se traduzem em bens alimentares de primeira necessidade, não estão a ceder a corrupção, eles estão é a tentar evitar a humilhação de recorrer à ajuda do Banco Alimentar Contra a Fome.

Capuchinho disse...

Infelizmente as duvidas que o seu comentário muito bem deixa em todos nós são confirmadas pelas decisões que os Tribunais vêm a dar mais tarde a este tipo de casos mediáticos.

Transcrevo a este propósito a decisão de absolvição de Carmona Rodrigues, Fontão de Carvalho e outros - absolvição pouco publicitada na comunicação social, como são todas as outras - a propósito de uma processo que deu brado ... há cerca de 8 anos - o célebre caso de pretensos benefícios à Bragaparques, com os terrenos da Feira Popular:

-"Para o TICL, os arguidos não agiram "em conjunto e em conluio para beneficiar" a empresa Bragaparques, em prejuízo do município, sublinhando que, numas situações houve "clara de falta de prova" e noutras "dúvidas", aplicando-se, neste caso, o princípio de na dúvida absolve-se.

O presidente do coletivo de juízes do tribunal de primeira instância acrescentou, durante a leitura do acórdão, que o processo teve por base um conjunto de "suspeições, impressões, convicções não sustentadas, boatos e rumores", os quais transmitiram "um frágil desenho da realidade". (citado in http://jusjornal.wolterskluwer.pt).

Quem é que compensa estes desgraçados pelos custos morais que sofreram ao longo de cerca de 8 anos ? E depois admiram-se que não há gente decente a intervier na política - eles são tratados como se o não fossem, só pelo facto de intervirem na política.

Pinho Cardão disse...

Tem toda a razão, caro Capuchinho. Claro que ninguém compensa e vão ser sempre apontados como culpados ou, até, corruptos. O julgamento popular e mediático, e também do Ministério Público, a que foram sujeitos acompanhá-los-á sempre.