Não conheço o Doutor Vitor Bento a não ser pelas referências de amigos que o apreciam pessoal e profissionalmente. A imagem - positiva -, que tenho dele, é resultado da impressão que me fica das suas intervenções públicas, quase sempre sobre temas económicos, nas quais noto uma agradável aversão ao politicamente correto e uma sólida formação. Confesso, porém, que sempre me causou alguma estranheza uma certa unanimidade sobre as suas qualidades, unanimidade hoje cada vez menos frequente na apreciação que se faz sobre mulheres e homens com exposição pública, mesmo que se lhes reconheçam competências e capacidades acima da média.
Dizem por aí que foi o primeiro a ser convidado pelo atual PM para a pasta das finanças. Recusou, ao que também dizem. Terá descoberto anos mais tarde o bem que fez a si próprio. Porventura da pior forma quando aceitou corresponder ao convite para presidir à administração de um banco bom, mas a passos largos para a falência, com a missão de o desviar para o caminho da redenção e evitar um abalo telúrico no periclitante sistema financeiro do quadrado.
Não sei o que terá passado pela cabeça de Vitor Bento para responder positivamente ao apelo do governador do BdP e certamente do Governo. Uns dizem que foi o sentido e a disponibilidade para cumprir uma missão patriótica. Outros, que a opção foi, se não determinada, pelo menos facilitada por se ter convencido que tinha sido escolhido pelas suas capacidades para administrar um banco, o que, para além de o colocar numa atividade próxima da que já desempenhava (ainda que não tivesse experiência de gestão na banca), o poria ao abrigo do que é habitual nos jogos do poder.
Três meses depois, demitiu-se. Explicou-se em comunicado lacónico. Tornava-se claro que nele não disse tudo. Disse nada sobre os reais motivos do que alguns condenaram violentamente como deserção. Apostei então que um homem sério e honrado, que não tivesse perdido o respeito por si próprio ou vendido a alma à pequena política, jamais aceitaria ser confrontado com os desígnios por outros traçados para o banco que lhe entregaram. Sobretudo quando deles soube exatamente no momento e pelo mesmo meio por que eu, contribuinte anónimo, o vim a saber: pela boca de um comentador televisivo. Não me enganei.
Os meus amigos que o conhecem têm razão sobre si, Doutor Vitor Bento. O meu respeito.
Sem comentários:
Enviar um comentário