Número total de visualizações de páginas

sábado, 10 de março de 2007

Aos 50 Anos: mais uma janela que se abre...


Ontem, num daqueles serões de amigos – em que quando damos pelas horas até nos admiramos como foi possível numa sexta-feira, depois de uma longa semana de trabalho, conversar com aquela frescura de quem começa um dia de trabalho bem dormido – o tema foi os 50 Anos.
Como encarar os 50 Anos: o que fazer quando os filhos já estão crescidos e querem ser independentes, que descobertas ainda estão por fazer, que surpresas a vida tem ainda para dar?
A conversa foi tudo, menos deprimente! Porque se é inexorável o envelhecimento biológico com o passar dos anos, então é mais verdade que a riqueza interior que está em cada um de nós se vai rejuvenescendo e embelezando. Afinal, todas as idades têm os seus encantos!
Com os filhos já crescidos, os 50 Anos podem constituir uma importante era da descoberta de si próprio desde a adolescência – com a vantagem de, desta vez, não ter de se ingerir fast food ou lidar com crises de tesouraria. No plano introspectivo, pode haver uma incitação em dar uma segunda vista de olhos às contrariantes lições de piano em criança e, no domínio extrospectivo, pode ser grandemente apelativo fazer passeios de bicicleta.
Quer se tratem de interesses para-nostálgicos ou não, responder-se -à apenas por si próprio na inscrição em cursos de arte, dança, culinária, fotografia ou jardinagem. Às vezes não há a certeza onde estão esses interesses individuais: assim sendo, há que assistir a conferências, vasculhar livrarias, visitar museus. É preciso verificar que formação é oferecida nas escolas e institutos locais, assim como as oportunidades locais de voluntariado. Quem sabe os novos amigos que aí podem ser encontrados, para com eles se repartirem interesses comuns? As escolhas são de cada um e, pela primeira vez em décadas, podem ser exclusivamente para cada um.
Cabelos grisalhos? Prenúncio de uma cabeleira branca que pode ser celebrada como um acontecimento marcante da vida de um adulto. Não constituem por si só handicap algum. Na maior parte das pessoas é sinal de avanço da sabedoria de sentir a vida. O envelhecimento confere bastantes e novos benefícios aos visados: (1) a acumulação de bem estar na vida, (2) a valorização da família e dos amigos, (3) a maior predisposição para os outros, (4) o ganho de responsabilidade e sensatez relativamente ao mundo e à abordagem do sexo oposto e (5) o controlo de uma excelente escolha qualidade/quantidade dos numerosos passatempos.
Mas já agora, para quem queira aproveitar para se reformar um pouco mais cedo, talvez os necessários recursos financeiros não sejam um sonho. Em ordem a garantir padrões mais altos de bem estar, terá sido necessário, naturalmente, uma poupança, em particular a realização de um plano de pensões e seguros!
Aos 50 Anos, convém não bater a porta de qualquer maneira quando se pode ainda viver vinte ou trinta anos de qualidade, como convém ter presente que não é necessariamente muito mais caro trocar dispendiosos fatos, vestidos, cintos, carteiras e sapatos por dois pares de bermudas, para Elas e para Eles! Aos 50 Anos: mais uma janela que se abre...

7 comentários:

Bartolomeu disse...

Caríssima MCA, não posso estar mais de acordo com todas as imressões que deixou expressas. Antes de atingir a fasquia dos 50, imaginava que tudo o que poderia realizar de importante, em termos de projectos, só seria possível até ali. Passado um ano, comecei a adquirir uma disposição diferente para os realizar. Penso que estou a adquirir uma consciência diferente da valência do tempo.
Para todos os que apreciam os passeios de biciclete que mencionou, eu sugiro passeios em locais à beira-mar: Foz do Arelho, S. Martinho do Porto, para quem não quizer ir tão longe, sugiro o Guincho (que até fica a caminho daquele nectar anunciado pelo Caro Sr. Pinho Cardão)sugiro ainda Santa Cruz, ou Baleal. Como fácilmente se percebe, sugeri locais, onde para além de se poder usufruir do belíssimo e lavado ar do mar, podemos ainda almoçar bem.
Ainda a propósito do tema deste seu post, gostaria de sugerir a leitura da Formula de Deus, de José Rodrigues dos Santos. Aborda questões interessantes sobre as quais aos 50 anos reflectimos com alguma frequência.

António Viriato disse...

Cara Amiga,

Bem vinda ao clube, se me permite a sem-cerimónia. E olhe que nem todos estão reformados, muito menos desencantados da vida. O calendário tem seus caprichos, mas não é determinante.

O que mais importa é o nosso apego, a nossa vontade em continuar a lutar por qualquer coisa que valha a pena, no plano profissional ou fora dele. Olhe, por exemplo, pela Social-Democracia, que não temos e pelo estilo de vida que ela permitiu décadas a fio, por essa Europa fora, antes do advento das teses desenfreadamente economicistas, que tudo reduzem a cálculo contabilístico de curto prazo, que mandam nivelar europeus por padrões chineses, que tudo restringem, excepto os copiosos prémios da magnífica gestão dos magos Gestores.

Infelizmente, a causa social-democrática parece suscitar hoje poucos adeptos e, menos ainda, empenhados militantes. Talvez todos se tenham convencido que também podem ascender àquele dourado Olimpo da moderna Gestão e, depois, viver como nababos, felizes e contentes o resto do tempo, a salvo das comuns adversidades do mundo laboral que fazem as delícias dos telejornais.

Mas não desejaria atormentá-la em momento tão auspicioso como o que acabou de descrever. Longa vida e boa ventura, pois, são os meus sinceros votos.

Suzana Toscano disse...

Muito interessante esse serão Margarida, obrigada por nos ter trazido esta nota de optimismo para encararmos os próximos 50!Concordo consigo que a angústia que inevitalmente se sente perante os sinais de envelhecimento que já não se conseguem iludir, pode bem ser compensada por um novo gosto pela liberdade readquirida à medida que os filhos deixam de depender de nós. E também por já termos provado o que havia a provar em termos profissioanis. Tendo ou não experimentado momentos de êxito, aos 50 anos já aprendemos a viver com as nossas capacidades e as nossas insuficiências.E é altura de começar a olhar as coisas boas da vida só porque nos apetece e porque nos apetece.E de encontrar os amigos, voltar a encontrar afinidades de que já nos tínhamos esquecido.Muitas coisas se perderam pelo caminho, incluindo pessoas que muito amámos, ou ideais que não vimos cumpridos, mas é tempo de aproveitar plenamente o muito que conquistámos e os laços que se estreitaram. Os filhos seguem o seu caminho, nós temos que seguir o nosso, com alegria, esperança e a coragem de sempre.Uns óptimos 50 anos Margarida!

Al Cardoso disse...

Tambem eu que ja passei dos cinquenta, espero puder ter mais uns vinte ou trinta anos, para fazer tanta coisa que tem ficado para traz.
Que o D*us que supostamente existe me possa dar uma ajudita!

Saudacoes d'Algodres.

BigX disse...

Cara Margarida:

Excelente post.
A vontade com que se conjugam os verbos "ir" e "fazer" tem outra força quando se encaram as coisas com optimismo. Eu tenho a felicidade de conviver regularmente com algumas pessoas já aí chegaram; com outras que somaram mais 10 ou 20 aos 50 e mantêm uma energia invejável; são para mim um exemplo da força de vontade que eu, com uma arroba de anos a menos, sinto a fugir em algumas ocasiões...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro bartolomeu,
Sem dúvida que a noção de "tempo" se vai alterando com a idade. Se é verdade que à medida que a idade vai avançando o tempo voa mais depressa, não é menos verdade que o tempo tem outro sabor porque dele dispomos com o sentido do seu melhor aproveitamento. Por isso os passeios de bicicleta "gastronómicos" de que fala são disso expressão. O passeio marítimo do Guincho – que já fiz – é lindíssimo e recomenda-se.
Obrigada pela sugestão de leitura.

Caro antónio viriato,
Ainda não entrei no clube, estou ainda a uns anitos... Mas as preocupações são as mesmas do clube e o optismo ganha importância quando já se vai a caminho.
É bem verdade o que diz:"O que mais importa é o nosso apego, a nossa vontade em continuar a lutar por qualquer coisa que valha a pena, no plano profissional ou fora dele".
E vale a pena começar a fazê-lo bem cedo, descobrindo áreas de interesse que nos preencham como pessoas, seja para nosso próprio prazer, seja para benefício da família e dos amigos, seja para ajudar os outros.
A este propósito lembro-me sempre de referir o voluntariado, uma actividade enriquecedora da realização pessoal, por proporcionar a possibilidade de, por pura generosidade e bem fazer, ajudar aqueles que por razões adversas da vida não a podem viver como nós. Muito gratificante.
O dourado Olimpo da Gestão não é realmente para todos e sabe a muito pouco!

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
Ao 50 Anos já temos muitas provas dadas. Mas nos próximos 50 há com certeza novos desafios perante os quais estaremos de novo à prova. Com as nossas capacidades e insuficiências estamos em melhores condições para começar a olhar com outro olhar as coisas boas da vida, que são muitas. Outras, por certo, mas com o sabor de as apreciar "só porque nos apetece e porque nos apetece".

Caro al cardoso
Em tudo na vida, precisamos de ajuda. Especialmente aquela ajuda para vermos a Graça que muitas vezes está à nossa frente e não vemos, que deixamos fugir. E Deus está sempre presente.

Caro zorbian
Também tenho a sorte de contar com muitos amigos que já chegaram ao clube. É uma enorme vantagem, porque com eles aprendo imenso. A sua energia e alegria de viver são a prova de que todas as idades têm os seus encantos.
É uma questão de atitude que devemos ir construindo desde bem cedo...