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segunda-feira, 26 de março de 2007

Superstição: sigamos exemplo da China

O Banco Central da China (People’s Bank of China, PBOC) subiu há uma semana, em 0,27 p.p. as suas taxas para depósitos e para empréstimos aos bancos, passando as novas taxas a fixar-se em 2,79% e 6,39%, respectivamente.
É sabido que os bancos centrais em quase todo o Mundo, quando alteram as suas taxas, por norma utilizam múltiplos de ¼ de ponto – 0,25% ou 0,5% em geral, às vezes 1%.
Como explicar então esta decisão do PBOC de subir as taxas exactamente em 0,27%?
Se bem repararmos, este número é divisível por 9.
Assim como são divisíveis por 9 os níveis em que as novas taxas se situam, 2,79% e 6,39% (e se situavam antes também, como é obvio).
Acontece que o algarismo 9 é considerado na China como sinal de sorte, de felicidade. Assim como o algarismo 4 é do azar, da morte. Quem tenha ido à China (a Macau bastará) terá reparado que em muitos edifícios, hotéis mesmo, não existe o 4º piso, passa-se do 3º para o 5º.
Por esta razão a cidade proibida em Pequim, com o seu Palácio Imperial, tem exactamente...9.999 divisões.
Quem diria que a força da superstição na China laica e socialista de hoje haveria de chegar à política monetária, ao ponto de os decisores desta se preocuparem com a divisibilidade por 9 dos valores que exprimem as taxas de juro?
E até agora, pelo menos, é inquestionável que a política monetária na China tem sido bem sucedida: a inflação tem estado sob controlo, a economia continua a crescer acima dos 10% ao ano, o investimento é o principal motor do crescimento.
Uma vez que já não temos política monetária - é o BCE quem mais ordena, nesse campo -imaginei, a partir destes exemplos que nos vêm da China, quão felizes seríamos se entre nós a junção das letras “a” “o” e “t” fosse interpretada como sinal de azar ou de morte, independentemente da ordem escolhida.
Ninguém se atreveria a juntá-las, por muito forte que fosse a justificação, muito menos para a navegação aérea com os riscos que lhe estão associados...
Um pouco de superstição, neste caso, não nos faria nada mal.

3 comentários:

Pinho Cardão disse...

Pensando bem...neste caso...e com uma ajudinha do Padre Fontes de Vilar de Perdizes...não há OTA que possa resistir!...

Suzana Toscano disse...

Se fizermos um raid sobre alguns temas nacionais talvez essa do divísivel por 9 possa explicar alguns dos nossos azares, à falta de melhor lógica...

Tavares Moreira disse...

Curioso, Suzana, recordei-me de que o ano 1999 (entrada no Euro de costas voltadas e reeleição de...), para mim o mais fatídico da nossa história político-económica recente, apesar de ter 3 noves, não é divisível por 9!
Não será que os Chineses têm mesmo razão?
Na interpretação deles o azar é maior quando num determinado número existe o algarismo 9 mas esse número não é divisível por 9...