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sábado, 12 de março de 2005

Pela boca morre o peixe...

... ou, por outras palavras, a defesa da participação das mulheres na actividade política.
Isto é a propósito do número de mulheres que integram o Governo de José Sócrates. São seis.
E as mulheres socialistas têm razão quando protestam.
Afinal, foram elas que tanto criticaram a ausência de mulheres nas listas de candidatos a deputados do PSD. Foram elas que fizeram coro desse facto em conferências de imprensa e em debates... para ajudar o PS na campanha eleitoral.
São agora elas que ficam na posição desconfortável de explicar tão diminuta participação de mulheres no Governo.
Podemos concordar ou discordar da questão das quotas - eu discordo profundamente -, podemos achar as atitudes feministas ridículas - e nalguns casos até o são -, até podemos considerar risível anunciar as escolhas com a contabilização das mulheres.
Mas fazer da participação das mulheres uma bandeira eleitoral, arrastar as mulheres para o combate político em torno deste facto e depois apresentar este resultado na composição do Governo é, no mínimo, embaraçoso...

5 comentários:

João Filipe Rodrigues disse...

E não sei como pôde essa ideia passar na campanha, as listas do PS já mostravam um panorama muito pobre em termos de quota feminina em lugares elegiveis.

saltapocinhas disse...

Eu nunca entendo essa polémica à volta das mulheres...Já pararam para pensar que podem ser as mulheres que não gostam de política e daí haver tão poucas?

despertador disse...

João Filipe Rodrigues, se as listas do PS mostravam um panorama pobre em termos de quota feminina, que me dirás do CDS? Da CDU? Do PSD (este sim, o pior de todos)? Só o bloco tem 50%. O PS tem 33%.

Mas Será dignificante para as mulheres andarmos, aqui, a discutir quantas colocávamos no Governo? Parece um leilão, este quer mais, aquele dá menos, outro sobe a parada, depois na Espanha tiveram mais, etc, etc.
Não me parece ser este o caminho para a sua emancipação completa.
As Mulheres Socialistas, claro que estão revoltadas, porque das duas que lá estão, nenhuma é da máquina partidária, nem tão pouco militante.
Acredito que há muito a mudar nos partidos, para facilitar a militância de mulheres, como por exemplo, a hora das reuniões (que sendo à noite impede muitas mulheres de participarem, pois na nossa sociedade estas ainda são, infelizmente, as que fazem de comer, arrumam a loiça, cuidam dos miúdos...).
Porém, não são as quotas que irão mudar tudo, pois promovem ad aeternum o tachismo feminino (também o há), os jogos políticos do "vais para cumprir quota e depois sais" ou o "vais, mas fazes o que te mandar", havendo poucas de real valor, e sendo sempre as que têm valor ideias e ideologias próprias relegadas para segundo plano pelas que têm tempo, conhecimentos ou cunhas e que aceitam obediência a um qualquer esquema. Não é por quotas, é dando espaço, não impondo espaço.
Gosto de conversar com as mulheres que conheço, muitas da minha geração (casa dos vinte), pois sempre ouço um protesto contra as quotas, contra o constante falar em nome das mulheres (como tem sido o caso), em nome da sua "libertação" quando são sempre aqueles que usam isso como argumento polítco, e não como real preocupação.

"Vais na lista de deputados."
"Porquê?"
"Porque és mulher e é preciso cumprir a quota."
Alguém acha isto valorizar as mulheres ou, sequer, dignificá-las?

despertador disse...

Seria impossível dizer algo mais acertado do que aquilo que «djustino» colocou no seu comentário.

MP disse...

Posso referir-lhes que, sendo mulher e estando na política, a questão das quotas é-me inqualificável!

É obtuso que, numa sociedade que se diz civilizada e democrática, haja ainda necessidade de estabelecer tais quotas.

Não me revejo no femininismo; considero que o mérito deve ser considerado independentemente do género.

Considerando a nossa sociedade, e as campanhas eleitorais que têm vindo a ter lugar, onde pela primeira - no 1º Gov. de Guterres, foi lançada a diferença: "caras portuguesas e caros portugueses"! Portugueses é uma palavra neutra, não carece de tal diferenciação.
Além do que, como diz, e em minha opinião correctamente, "pela boca morre o peixe"!
O PS andou a utilizar a "bandeira das mulheres" na política e agora corre "ao arrepio"!

Aguardemos para ver os resultados deste contra-censo "socrático".