A intenção de prolongar os horários de funcionamento das escolas do 1.º ciclo, sendo teoricamente positiva, enfrenta uma dificuldade que tem sido omitida no discurso do Governo. Fala-se em cerca de 50% das escolas, mas não se revela a percentagem dos alunos que serão beneficiados com essa medida. Como é já sobejamente conhecido, a rede escolar do 1.º ciclo apresenta disparidades profundas: sobrelotada nas regiões mais urbanizadas e quase desertificada nas regiões do interior. Sabendo-se que um quarto das escolas do 1.º ciclo têm menos de 10 alunos, os 50% das escolas abrangidas pelas medidas não ultrapassarão os 30 a 35% dos alunos, na melhor das hipóteses. Sabe-se também pelas mesmas razões que existem cerca de 18% dos professores do 1.º ciclo que não têm funções lectivas atribuídas (cerca de 6.000 que tenderão a ser muitos mais com o aumento da idade de aposentação), estando uma parte deles disponíveis para assegurar os complementos previstos.
Como é possível então o Ministro dos Assuntos Parlamentares (e ex-Ministro da Educação!) dizer que estas medidas vão aumentar a oferta de emprego? Estará a Ministra da Educação a puxar para um lado e o dos Assuntos Parlamentares a puxar para outro? Ou estaremos apenas perante mais um acto de demagogia do núcleo político do Governo?
Não seria mais urgente acelerar o plano de concentração das escolas com poucos alunos (como estava a ser feito) e racionalizar a rede de oferta?
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