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terça-feira, 26 de junho de 2007

Joe Berardo: o iconoclasta

Domina os espaços noticiosos há semanas, está no centro das atenções mediáticas:
(i) PT, (ii) apoio expresso e declarado a AJJ, (iii) BCP, (iv) SLB e (v) Comentário sobre RC, (vi) CCB e (vii) recomendação para demissão de M.F. - Joe Berardo está em todos os acontecimentos relevantes, mostra-se em grande forma.
Talvez deva dizer, para ser mais justo, que Joe Berado ele próprio é o acontecimento, ou faz o acontecimento.
O que ele tem de mais curioso, na minha simples análise, é que diz simplesmente o que pensa - de forma por vezes ousada ou desabrida, que parece mal pensada ou impensada (parece...mas não creio).
É o que se pode chamar um iconoclasta.
Desabituamo-nos de ouvir pessoas dizerem o que pensam, sem rodeios nem meias palavras, sem receio de serem apontadas como inconvenientes.
Habituamo-nos ao “cinzentismo”, ao “convenientismo” ou calculismo, quase toda a gente tem receio ou pudor de dizer mesmo o que realmente pensa.
Ou então às declarações encenadas dos políticos profissionais, que por mais acaloradas que se mostrem toda a gente percebe que não passam, quase sem excepção, de encenações.
O último acontecimento desta série de Joe Berardo, o convite público a M.F. para que se demita do conselho de fundadores da Fundação com o seu nome, é bem o exemplo dessa exuberante forma de se exprimir, sem papas na língua, sem qualquer preocupação pelo politicamente correcto.
E contrasta totalmente com o teor “convenientista” da carta de “demissão” de MF, hoje divulgada com data de ontem e que se percebe ter sido ante-datada, para tentar antecipar-se cronologicamente às declarações desabridas de Berardo...
É claro que com o tempo e a repetição, as mensagens de Joe Berardo, por mais vigorosas, francas ou intempestivas que se apresentem, acabarão por entrar na rotina, deixando de merecer a atenção mediática que têm recebido.
Duma coisa não há dúvida, porém: Berardo veio dar um abanão na água meio “choca” em que tem decorrido a nossa vida política e social, cortando sem receios nem rodeios com os comportamentos politicamente correctos.
Joe Berardo é uma espécie de Alberto João Jardim no plano empresarial, se é que a comparação se justifica.
Até o inquebrantável e desertificador ministro Mário Lino desapareceu dos media...Andará pelo deserto em busca de uma aerogare?
Será exclusivo dos homens da Madeira esta forma abrasiva e despreocupada de intervir na vida social e política? Têm a palavra os sociólogos e politólogos...

4 comentários:

Virus disse...

Meu Deus, não o comparem ao Tio Alberto...

Aquilo que uns chamam de iconoclasta eu classificaria mais como "enguia", senão vejamos:

- Declara apoio ao AJJ (será por estar baseado na Madeira?);
- Declara apoio a José Sócrates (não abertamente mas fá-lo sem qualquer sombra de dúvida);
- Toma o partido do Governo na OPA da PT;
- Fala de uma OPA ás acções do SLB, mas no concreto nada "No pasa nada" (excepto um salto para cima na cotação das acções-que entretanto já reajustaram de novo a situação anterior);
- Aparece ao mesmo tempo a dar entrevistas a tudo o que são jornais e revistas semanais (grande empresa de gestão de imagem que ele arranjou-também queria uma assim);
- Comenta sobre RC e depois "arrepende-se" (quando ainda por cima não percebe pevas de futebol-nem eu);
- Coincidência brutal que abre uma exposição no CCB na sequência desta série de acontecimentos;

O que mais me parece é que estamos perante uma pessoa que não contribui em nada de mais para a riqueza nacional (quando comparado com outros empresários da sua dimensão e maiores) mas que em muito contribui para a sua riqueza pessoal, e pelo caminho "encheu" ainda mais os bolsos com uma série de mais-valias bolsistas entre a PT, o BCP e o SLB.

O que temos aqui é um hábil jogador de mercados que os "toca" como quer e "leva por conta"... pelo caminho não há mal nenhum em ganhar protagonismo, até porque isso ajuda a "tocar" os mercados... e aqui os "cubanos" correm que nem uns cães atrás do osso!...

morais disse...

"Desabituamo-nos de ouvir pessoas dizerem o que pensam", eu digo, nós gostamos é de ser enganados pois ninguém diz o que pensa a começar pelos politicos. Neste aspecto são o pior exemplo, nunca, mas nunca dizem o que pensam, mas o que as pessoas querem ouvir (por isso é que digo que gostamos de ser enganados).

Pergunta para o Sr. Virus: qual o empresário ("da sua dimensão ou maior") que contribuiu para a riqueza nacional?

Todos, sem excepção, pensam primeiro no seu bolso e em enriquecer com salários baixos e falta de educação.

Um exemplo recente: Ludgero Marques, no Prós&Contras de 2.ª feira dizia que no norte só 25% da população tem formação superior e que assim era impossivel absorver os Plano Tecnologico. Mas não foi assim, com analfabetos ou quase, que ele e os associados da sua organização enriqueceram? O que fez ele pela alfabetização dos seus funcionários?

É assim que quer estes mercenários da capitalismo contribuemn para a riqueza do pais?

Tavares Moreira disse...

Caro Vírus,

Quando diz que Berard não contribuiu nada para a riqueze nacional mas apenas para a sua riqueza pessoal, meu Amigo esquece que a riqueza nacional é um somatório de riquezas pessoais...Pode é queixar-se de que essa riqueza está mal distribuída - ou muito concentrada tanto faz - e que Berard é um dos beneficiados por essa má distribuição...
Não me parece, no entanto, que Berard possa ser acusado por isso...Ele faz o que melhor lhe convém dentro das regras de jogo que todos conhecem...
Por outro lado, que Berard e Jardim apresentam algumas características comuns, parece-me visível - o que não quer dizer, nem eu disse, que são criaturas iguais.

Caro Almerindo, a questão é que nos desabituamos mesmo de ouvir as pessoas "importantes" dizerem o que pensam, em público...Se é culpa nossa ou não, isso já um segundo nível de raciocínio no qual tampouco entrei...

Virus disse...

Caro Almerindo,

qualquer empresário com empresas contribui para a riqueza própria, e por conseguinte do país e daqueles que para ele trabalham!

Não se esqueça duma coisa se não houvessem empresários neste país (não confundir com os chamados patrões) a maioria das pessoas deste país ou trabalhava para o Estado (perspectiva aterradora, mas se calhar que muitos gostariam) ou não tinham emprego e viviam de pastar cabras ou do seu quintalzinho onde plantavam os seus tomates e batatas... e depois eu queria ver como é que faziam para ter dinheiro para ir aos jogos de futebol, e para pagar a Sport TV, e para comprar o seu carrito e para comprar o seu televisorzito LCD a prestações, etc. e tal...

Ou então (como muitos já fazem) viviam de sugar o Estado de subsidios que não tem nada que pagar!

Aliás o grande problema deste país (além dos políticos que temos) é que os empregados em vez de se unirem aos patrões e darem um chuto no Estado e no Sector Financeiro andam ás cabeçadas uns com os outros... e enquanto continuarem nesse caminho o Estado faz o que quer (vide a possível alteração à Lei do Trabalho) porque sabe que quando quiser decidir sozinho só tem que meter empregados e patrões ao barulho.

Enquanto o patrão vir um empregado como um tipo que só está ali para "mamar" o dele sem fazer nenhum, e o empregado vir o patrão como um explorador e um ladrão que se aproveita dele este país nunca se há-de endireitar... o "inimigo" meu caro é comum o ESTADO!

O Estado tem de garantir 4 funções essenciais, tudo o resto é deitar dinheiro à rua e deveria ser feito por privados, a saber:
- Segurança (interna e externa)
- Educação
- Saúde
- Regulador dos Mercados/Economia

Toda e qualquer outra intervenção do Estado é absurda, desnecessária e consumidora de recursos de quem trabalha para viver.

Onde é que já se viu num país na miséria como este que o Estado vá pagar uns largos milhares de EUR, que todos nós pagámos, para um tipo como o Sr. Comendador (um "miserável" que anda a estacionar carros no Funchal)enfiar as suas obras de arte (não em um, mas em dois sitios diferentes)e ainda por cima vai cobrar entradas aos visitantes... Ou seja, pagamos para ir ver e já pagámos pela via dos impostos...

Se ele fosse um tão grande patrono das artes oferecia a sua colecção em exposição a um museu durante um x tempo e as entradas revertiam 100% a favor do museu... a ele cabia-lhe a satisfação e reconhecimento de ser um grande patrono da cultura e das artes. Talvez aí sim merecesse o título de Comendador!

Desta forma mais não é do que um aproveitador dos tansos (nós) que pagam impostos para ganhar mais umas coroas, e como retribuição dá uns dias de borla para os visitantes e manda umas larachas a dizer que o Sr.Sócrates é um grande PM e que alguém tem de mandar...

Entretanto vão-nos fechando hospitais, serviços e aumentando as taxas moderadoras etc. e tal... Parece-lhe bem?

Pudera, a encher os bolsos assim até eu dizia bem do Sr. Sócrates!