Julgo que todos valorizamos, uns por umas razões e outros por outras, a presença de jardins e de espaços verdes em geral nas cidades. Com efeito, os jardins para além da sua beleza e da função de bem estar social que desempenham, são também elementos de equilíbrio e conforto urbanísticos e fontes de saúde ambiental.
A história de Lisboa deixou-lhe um legado importante de jardins, mandados construir com um forte sentido cultural e estético, que fazem de muitos deles verdadeiros museus ao ar livre, não apenas pelas espécies vegetais – em variedade e raridade – aí plantadas, mas pela sua elegância e riqueza arquitectónica, de que a título de exemplo saliento os coretos, os caramanchões e os lagos.
É inqualificável a degradação a que estão votados muitos dos jardins de Lisboa e é chocante a insensibilidade dos serviços camarários ao seu valor.
O abandono dos jardins é o caminho para a sua destruição, começando por se tornarem locais de entulho, depois pseudo parques de estacionamento e finalmente darem lugar a promoções imobiliárias.
É, também, inconcebível a ausência de uma política activa de construção de arranjos exteriores nas novas urbanizações.
Vem tudo isto a propósito do artigo que o Expresso publicou ontem sobre o que pensam alguns dos candidatos à Câmara de Lisboa sobre os espaços verdes e que dispensam mais comentários, por agora, sobre a triste realidade VERDE em Lisboa:
- Sá Fernandes – O Plano Verde de Gonçalo Ribeiro Telles é uma prioridade da cidade. É possível abrir o Convento da Graça para o espaço público e arborizar muito mais ruas.
- Ruben de Carvalho – O sistema ecológico ficará inviabilizado quando se concretizarem os projectos imobiliários para a zona do Parque Periférico e do Vale de Chelas ou o "Campus " em Campolide... Proponho suster as agressões aos corredores verdes e a Monsanto.
- Helena Roseta – É preciso reconciliar o sistema construído de Lisboa com o sistema biofísico que o suporta. É o grande objectivo do Plano Verde de Ribeiro Telles. Para o pôr em prática são necessários novos modelos de gestão, revendo a politica de substituição do pessoal municipal por concessões.
- António Costa – É prioritário revitalizar os grandes parques da cidade...Mas também desenvolver uma politica de plantação de árvores, de limpeza e preservação dos jardins actuais e de abertura de novos, aproveitando o interior dos quarteirões. Há que integrar o Plano Verde no PDM.
- Carmona Rodrigues – Os espaço verdes públicos de proximidade constituem um privilégio de aprendizagem, lazer e convívio dos lisboetas, sendo factor de equilíbrio e de integração das pessoas mo meio que as rodeia. Mantém-se actuais medidas, medidas como promover actividades culturais, desportivas e científicas nos jardins;
- Fernando Negrão – Os espaços verdes são fundamentais por uma razão: solidificam a coesão social. Cada bairro tem que ter um ponto de encontro, um jardim com infra-estruturas do século XXI. E há duas zonas onde podemos avançar com estes espaços verdes: uma na Baixa Lisboeta, no Campo das Cebolas, e a outra em Telheiras...
- Telmo Correia – Defendemos para Lisboa uma lógica de responsabilidade ambiental. Não obstante a criação de novos espaços verdes, consideramos essencial a monitorização e manutenção dos já existentes e a revitalização de Monsanto.
Fiquei ainda a saber que em Lisboa a “cedência de parcelas de terreno para espaços verdes pode ser substituída por uma compensação aos municípios”. Este dispositivo é, no mínimo, perverso porque a “tentação” do dinheiro é enorme e depois sabe-se lá o destino que lhe é dado!? Lá se vão os jardins e os arranjos exteriores!
Mas sobre este assunto, politicamente relevante, os candidatos nada disseram!
Sensibilidade VERDE precisa-se…
A história de Lisboa deixou-lhe um legado importante de jardins, mandados construir com um forte sentido cultural e estético, que fazem de muitos deles verdadeiros museus ao ar livre, não apenas pelas espécies vegetais – em variedade e raridade – aí plantadas, mas pela sua elegância e riqueza arquitectónica, de que a título de exemplo saliento os coretos, os caramanchões e os lagos.
É inqualificável a degradação a que estão votados muitos dos jardins de Lisboa e é chocante a insensibilidade dos serviços camarários ao seu valor.
O abandono dos jardins é o caminho para a sua destruição, começando por se tornarem locais de entulho, depois pseudo parques de estacionamento e finalmente darem lugar a promoções imobiliárias.
É, também, inconcebível a ausência de uma política activa de construção de arranjos exteriores nas novas urbanizações.
Vem tudo isto a propósito do artigo que o Expresso publicou ontem sobre o que pensam alguns dos candidatos à Câmara de Lisboa sobre os espaços verdes e que dispensam mais comentários, por agora, sobre a triste realidade VERDE em Lisboa:
- Sá Fernandes – O Plano Verde de Gonçalo Ribeiro Telles é uma prioridade da cidade. É possível abrir o Convento da Graça para o espaço público e arborizar muito mais ruas.
- Ruben de Carvalho – O sistema ecológico ficará inviabilizado quando se concretizarem os projectos imobiliários para a zona do Parque Periférico e do Vale de Chelas ou o "Campus " em Campolide... Proponho suster as agressões aos corredores verdes e a Monsanto.
- Helena Roseta – É preciso reconciliar o sistema construído de Lisboa com o sistema biofísico que o suporta. É o grande objectivo do Plano Verde de Ribeiro Telles. Para o pôr em prática são necessários novos modelos de gestão, revendo a politica de substituição do pessoal municipal por concessões.
- António Costa – É prioritário revitalizar os grandes parques da cidade...Mas também desenvolver uma politica de plantação de árvores, de limpeza e preservação dos jardins actuais e de abertura de novos, aproveitando o interior dos quarteirões. Há que integrar o Plano Verde no PDM.
- Carmona Rodrigues – Os espaço verdes públicos de proximidade constituem um privilégio de aprendizagem, lazer e convívio dos lisboetas, sendo factor de equilíbrio e de integração das pessoas mo meio que as rodeia. Mantém-se actuais medidas, medidas como promover actividades culturais, desportivas e científicas nos jardins;
- Fernando Negrão – Os espaços verdes são fundamentais por uma razão: solidificam a coesão social. Cada bairro tem que ter um ponto de encontro, um jardim com infra-estruturas do século XXI. E há duas zonas onde podemos avançar com estes espaços verdes: uma na Baixa Lisboeta, no Campo das Cebolas, e a outra em Telheiras...
- Telmo Correia – Defendemos para Lisboa uma lógica de responsabilidade ambiental. Não obstante a criação de novos espaços verdes, consideramos essencial a monitorização e manutenção dos já existentes e a revitalização de Monsanto.
Fiquei ainda a saber que em Lisboa a “cedência de parcelas de terreno para espaços verdes pode ser substituída por uma compensação aos municípios”. Este dispositivo é, no mínimo, perverso porque a “tentação” do dinheiro é enorme e depois sabe-se lá o destino que lhe é dado!? Lá se vão os jardins e os arranjos exteriores!
Mas sobre este assunto, politicamente relevante, os candidatos nada disseram!
Sensibilidade VERDE precisa-se…
8 comentários:
Um bom apontamento, Margarida. O estado a que deixaram chegar os jardins e outros espaços verdes da cidade é dos sinais mais impressivos da sua degradação.
Estive há dias em Madrid, cidade que lançou com enorme sucesso um grande programa de arbotização de avenidas e ruas, de introdução de elementos naturais em pequenos espaços, desses que todos nós frequentamos. Onde não precisamos de "ir" porque são os sítios de vivência ou de passagem quotidiana, na imediata proximidade de quem vive ou trabalha na cidade.
Mas os candidatos só falam em grandes projectos "ambientais", no sempre evocado corredor verde de Ribeiro Telles, apresentado como a panaceia para todos os problemas ecológicos de Lisboa, como uma espécie de paraíso verde. Projecto que não sendo uma utopia, pode bem ceder, em prioridade e nesta conjuntira de aperto financeiro, ao arranjo dos espaços que existem e à criação de novos, em velhas e novas urbanizações, repondo exemplares de árvores que a falta de cuidado matou ou que as constantes obras liquidaram.
Porque não se lembram os candidatos de proporem uma coisa simples e barata como seria uma campanha de arborização da cidade, uma árvore por cada cidadão de Lisboa? Será por pensarem que estas coisas simples não rendem votos? Se é assim, estão a meu ver, enganados.
Quanto à possibilidade que a lei abre de serem substituídas as cedências de terrenos para espaços verdes por contrapartidas em dinheiro, o risco que a Margarida refere é real sobretudo numa Câmara falida onde a tentação pelo recurso financeiro fácil será grande. Faço só notar que a lei só permite que isso aconteça quando a urbanização se localize em local servido de infra-estruturas e equipamentos a que se destinariam as cedências, o que se me afigura, em tese, correcto. E só neste caso.
Por isso não se compreende o silêncio dos candidatos sobre isso a não ser pela razão prosaica da falta de conhecimento. Que aliás manifestam a propósito de outros temas...
A manutenção dos espaços verdes existentes na cidade requer um orçamento ustúpidamente elevado. Não conheço, mas posso fácilmente projectar um número abjecto, que cubra somente as despezas relacionadas com pessoal operário. Se continuar a tentar contabilizar e passar para as máquinas utilizadas, manutenção e combustíveis da mesmas, fácilmente chegarei a outro número obsceno. Se continuar ainda e quizer somar a estes, os valores necessários para manutenção de canalizações, esgotos, iluminações e possívelmente mais um sem número de item's, chegarei certamente a números que nos farão vacilar, quanto á uma decisão efectiva e necessária. Sem dúvida absolutamente alguma, uma cidade precisa de espaços verdes, de locais onde os cidadãos urbanos, descomprimam do stress citadino e onde recobrem algum equilíbrio físico e mental. Um local onde possam respirar algo diferente de dioxido de carbono, onde possam usufruir de um contaco com um espaço natural.
Na minha perspectiva, conferia mais mérito e crédito ao discurso de um candidato a autarca que propuzesse a cumplicidade dos reformados que povoam os jardins da cidade, num projecto de revitalização. Tantas daquelas pessoas, convenientemente orientadas por recem-formados em engenharia ambiental, em arquitectura paisagísta e de ambiente, etc.
Conte com a minha assinatura Margarida.
:)
José Mário
Não é novidade, mas apetece-me dar-lhe os parabéns pela sua sensibilidade VERDE. Somos tão poucos!
Os candidatos à Câmara de Lisboa, como tantos outros a tantos outros cargos políticos e públicos, não esquecendo os nossos governantes que também não fogem à regra, salvaguardando obrigatoriamente as honrosas excepções, julgam que pensar "grande" é anunciar, num exercício de doentia megalomania e de profunda utopia, grandes e faraónicos projectos. É para impressionar, para deslumbrar, para fazer crer que estão no âmago das preocupações, desejos e ambições dos cidadãos, que tocam a sua sensibilidade, que agora é que vai ser... Por serem tão grandes e tão desnecessários acabam, quando mal se iniciaram, em muito pouco.
Fazia-lhes bem viajar, apreciar e ver como na Europa, nem é preciso ir mais longe, é preservado e cultivado o gosto pelos espaços verdes, pelos parques, pelos jardins, pelas árvores, pelas flores.
A degradação dos jardins de Lisboa não pode ser desculpada com falta de recursos financeiros. Muito simplesmente o que acontece é que os destinos de Lisboa têm passado pelas mãos de pessoas muito mais interessadas em construir betão do que em aproveitar a sua riquíssima história e a sua ímpar situação geográfica. É desolador! Somos realmente únicos, não pela obra feita mas pela incompetência de conciliar o passado com o futuro! É isto tão simplesmente o que se passa…
Caro Bartolomeu
Belíssima achega a sua...
Existindo vontade política e o necessário mapeamento técnico e de gestão, teríamos muitas instituições privadas e muitos cidadãos – jovens e reformados – disponíveis para o exercício de uma cidadania VERDE. Seria possível conciliar vários interesses e objectivos, o que nem sempre é fácil. A Câmara de Lisboa apostaria num programa de voluntariado e na responsabilidade social para viabilizar uma política activa de espaços verdes, com importantes economias de custos, envolvendo os cidadãos e as empresas em algo que lhes está próximo, devolvendo aos habitantes de Lisboa o usufruto de espaços que são seus.
Caro Bartolomeu, como refere no seu apontamento, os reformados seriam os primeiros a aderir, porque os jardins são espaços naturais de fruição de convívio e de contacto com a natureza, que os reformados se habituaram no passado a admirar e a sentir e que agora é uma dor de alma ver a sua degradação.
"É inqualificável a degradação a que estão votados muitos dos jardins de Lisboa e é chocante a insensibilidade dos serviços camarários ao seu valor."
Aliás, é um atentado à saúde pública! Não são poucas as crianças que neles brincam, tal como não são poucos os restantes cidadãos que por eles passam e os apreciam.
Há pequenos jardins na cidade que são autênticos depósitos de lixo. Jardins esses que os animais domésticos também frequentam, podendo contrair doenças ou serem intoxicados com os lixos que cheiram e mordiscam - o que já aconteceu aos meus animais. (E por estes lados, apanham-se as fezes do chão com o respectivo saco de plástico)
E sou pelo debate de uma política para os arranjos exteriores das urbanizações - novas ou velhas.
Sorte minha que, da minha janela, contemplo diversas aves e acordo com os passarinhos a cantar, em Lisboa.
Caro Zenix
Muito bem vindo a esta reflexão VERDE. Infelizmente, este é mais um tema em que a nota é negativa!
Tem muita razão com a sua indignação. De facto muitos dos nossos jardins são verdadeiros depósitos de lixo no sentido mais lato do termo, com um grau não negligenciável de perigosidade para a saúde pública.
O privilégio de que desfruta poderia e deveria ser um denominador comum em Lisboa. Só a total insensibilidade das nossas (pretensas) autoridades camarárias não torna possível aos lisboetas disporem de mais e melhor vida ao ar livre. Não sei, muito sinceramente, que noção de qualidade de vida é que defendem!?
Cara Margarida
Tem toda a razão em se insurgir contra o divórcio entre uma boa parte dos nossos autarcas, uma fatia deles sem qualquer preparação para possuirem a tal sensibilidade, e o cuidado que lhes deveriam merecer as zonas verdes,tão pouco estimadas entre nós. A ajudar à missa, temos também de nos queixar da nossa inconcebível falta de civismo,facto que abandalha, destrói e emporcalha essa áreas que muito pelo contrário,deveriam ser defendidas,se necessário pela aplicação de coimas, de actos profundamente chocantes,alguns deles a rondar a selvajaria. Entretanto,passando à construção de novas zonas verdes em novas urbanizações, é evidente e deixando agora de parte as tradicionais polémicas que tais decisões induzem na opinião pública, não se percebe como é que se é complacente, estou-me a referir a muitas entidades licenciadoras, com o facto dos promotores de tais actividades, não cumprirem com o próprio cláusulado dos alvarás, furtando-se a implantar devidamente, porque o que lhes dá dinheiro são os futuros imóveis, os arranjos exteriores estipulados nos próprios alvarás como não podia deixar de ser. Observam-se todavia excepções.Há pelo menos uma câmara que não permite a edificação autorizada pelo estudos aprovados,sem que primeiro se achem contemplados os trabalhos complementares previstos,desde arruamentos às sempre benvindas zonas verdes .Mas pergunto eu: que tem feito a inspecção-geral do M.A.I.,nos inúmeros casos conhecidos em que se desenham cenários idênticos ao referido,com total desrespeito pelo contratado e pelas populações em geral ? Em resumo, aterra-me pensar no atrazo deste povo em matéria de cultura e civismo.
Caro antoniodasiscas
Pertinente a sua interrogação sobre o "que tem feito a inspecção-geral do M.A.I."?
Em matéria de cultura cívica estamos, estou de acordo, muito atrasados. Não admira, portanto, que autoridades camarárias e entidades licenciadoras tenham comportamentos que reflectem o nível de educação e formação do País.
Não cuidar das zonas verdes, não respeitar os seus usos, não cumprir com a lei e deixar que a lei não se cumpra são comportamentos condenáveis que prejudicam, e muito, o desenvolvimento e o bem estar colectivo. Certo é que são comportamentos tolerados, sinal de irresponsabilidade e de falta de exigência...
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