Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

"A anarquia mansa que nos tolhe"

Há muito que ando para prestar uma homenagem sentida à beleza lapidar e poder inspirador do lema, ou mote, do 4R. Faço-o agora; não sei bem porquê!

Hoje, as taxas de juro das obrigações do tesouro (OTs) a dez anos superaram 7,6%, o valor mais elevado desde a criação do euro (obrigando o BCE a voltar a comprar dívida portuguesa, segundo o Financial Times). Tal marca resultou do aumento das taxas de juro à escala global, mas sobretudo, do agravamento dos prémios de risco exigidos pelos investidores para deter dívida pública portuguesa. A que devemos atribuir, desta feita, o mau feitio dos mercados? A resposta: a anarquia mansa que grassa por aí, consubstanciada na falta de progresso material nas políticas que se impõem para resolver o excesso de endividamento - externo e público – e o défice de competitividade. Os mercados já se cansaram de grandes proclamações, como a que ontem, com grande alarido, prometia uma execução orçamental de 2011 mais próxima do objectivo tendo por base o forte crescimento homólogo das receitas fiscais em Janeiro.

Para acreditar na solidez financeira de Portugal, não chegam medidas pífias, “para português ver”. Os investidores querem ver reduzido o peso do estado, implementadas reformas estruturais que flexibilizem o mercado de trabalho e libertem os sectores económicos mais fechados e regulamentado. Sobretudo, esperam um sentido de urgência e responsabilidade totalmente ausente da actuação do governo desde a eclosão da crise europeia na transição de 2009 para 2010. Basicamente, os investidores querem Portugal “Longe da Anarquia Mansa que [o] Tolhe”.

Enquanto assim não for, o custo da dívida pública continuará a subir até que alguém se disponha a “arranjar-nos” uma utopia que nos retire do limiar do abismo.

2 comentários:

Suzana Toscano disse...

Sempre fomos uns incompreendidos, caro José Maria, eles não compreendem estas especialidades...

Bartolomeu disse...

Santana Lopes, entrevistado acerca deste assunto das taxas de juro, aponta o dedo à instabilidade política e à infantilidade dos partidos, ao alimentarem a ideia de uma moção de sensura ao governo, a prazo. Ou seja... ambos estão a prazo, por aquilo que se percebe, o governo e a moção, resta perceber se a moção é que dita o prazo ao governo, ou se a oposição, não sente ainda a confiança necessária, para emitir a ordem de despejo ao governo.
No seu livro "Mudar de Vida", Luis Marques Mendes, opina duas soluções para este estado de coisas... aquelas a que já todos chegámos; ou a resignação, ou a mudança, de olhos postos no futuro.
Falta-nos o lider, parece que a crise, não é só económica, é também de carismas...