Está realmente instalada a ideia de que o acto de governar se mede pela produção legislativa. Fazer decretos-leis e publicar portarias é sinónimo de governar. É o primado da quantidade sobre a qualidade. Muito à portuguesa. Gostamos de números e estatísticas e descoramos a qualidade. Faz parte da nossa cultura. A qualidade é mais difícil de obter e medir. Não impressiona os cidadãos. Nada como os números e as estatísticas e a manipulação das décimas e centésimas, ora para cima, ora para baixo, para explicar o inexplicável, quando convém.
Um dos nossos problemas é justamente legislarmos demais. Por aqui também se avalia a costela intervencionista do Estado e se percepciona uma cultura desresponsabilizante. É um sinal de falta de maturidade.
Tal é a diarreia legislativa, que de vez em quando, para dar uma de eficiência executiva, nada como varrer o lixo de legislação que se vai acumulando pelos cantos da governação. Tudo a bem da quantidade legislativa...
Um dos nossos problemas é justamente legislarmos demais. Por aqui também se avalia a costela intervencionista do Estado e se percepciona uma cultura desresponsabilizante. É um sinal de falta de maturidade.
Tal é a diarreia legislativa, que de vez em quando, para dar uma de eficiência executiva, nada como varrer o lixo de legislação que se vai acumulando pelos cantos da governação. Tudo a bem da quantidade legislativa...
5 comentários:
Tocou num aspecto muito interessante, cara Drª Margarida; o da absoluta necessidade de demonstrar numérica, estatística e percentualmente, aquilo que qualquer patego já tinha percebido, pelos sinais evidentes que lhe rasgam a pele. Seja no custo de vida, no desemprego, no aproveitamento escolar, no défice, etc, o mais isolado camponês do nosso país, da mesma forma que olha para o céu, fareja o ar e percebe se vai chover ou gear, reconhece que a "coisa" escurece, dia para dia, cada vez mais.
Agora... o que é bom e importante, o que realmente poderá representar melhoria de vida para os portugueses, que são as medidas necessárias, as ideias sérias, determinadas, justas e ajustadas aos reais problemas da nossa população... isso, todos os grandes estatístas e estrategas, deixam pomposa, ética e aristocráticamente ficar, para o ha-de vir.
Lembra-me a parte do sketch de Raúl Sonado "A história da minha vida" em que ele conta que; como continuavam a ser muito pobrezinhos a mãe, abandonou-o à porta de uns marquezes muito ricos... lá em casa tinham sopa gravatas e tudo... mas uns marquezes proletários...
;)
Oportuno e certeiro, Margarida.
Este artigo do i prova bem como a opinião é feita. Sempre ao contrário.
Comprei o I e aproveitei na tabacaria do Aragão (ao MDN), para rejubilar em voz alta.
Estamos a melhorar. Quanto menos fizerem nestes ministérios/Governo, melhor para o país.
Veja-se o caso belga, sem governo há meio ano.
Pouco trabalho, menos asneiras, menos crimes políticos e económicos.
Caro Bartolomeu
Vivemos na "ditadura" dos números!
Bem lembrada a "História da minha vida".
José Mário
É isso mesmo!
Bmonteiro
O seu comentário fez-me lembrar uma graça que aqui há tempos ouvi de um amigo. Estávamos em pleno verão e o governo estava a banhos. Dizia ele que no verão se governa melhor, porque nesta época o governo não toma decisões…
Contado assim a granel é impressionante, mas teria graça verem quantas leis foram realmente inovadoras, quantas foram revogadas antes de produzirem efeitos úteis, quantas foram emendadas por serem asneira...e quantas mais valia não terem sido feitas.E se lembrarmos que a ignorância da lei não desculpa o infractor podemos imaginar a dificuldade dos cidadãos.
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