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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Ri-te, ri-te, que na volta cá te espero!...

Depois dos habituais Sindicatos, dos diversos porta-vozes dos diferentes Blocos, do PCP e dos Verdes, chegou agora a vez de o Partido Socialista ocupar a vanguarda e exigir a demissão do ministro Nuno Crato, responsabilizando-o pelo fracasso do concurso da colocação de professores, e fazendo-o com uma violência e ferocidade que só se estranharia se não nos tivessemos já habituados a ela. 
De facto, Nuno Crato foi responsável pela centralização do concurso, decisão discutível, mas a que teoricamente colocava todos os interessados em igualdade,  e foi responsável pela definição e valoração dos requesitos que estabeleciam a ordem da classificação dos candidatos. Mas a tradução informática de tais requesitos por certo que não lhe pertenceu, mas sim aos técnicos e burocratas do Ministério. Não era obviamente função do Ministro operacionalizar a decisão política. 
Pois, nesta guerra política ao Ministro, ninguém ainda atribuiu um mínimo de culpa que fosse aos responsáveis directos pela asneira, incompetentes na tarefa que lhes era pedida e tinham a obrigação de cumprir com zelo e rigor. 
Claro que há dezenas de anos que se repetem erros técnicos e burocráticos de natureza semelhante, qualquer que seja a etiologia dos ministros, sejam do PS ou do PSD e os fizeram tombar. Os burocratas, aliados aos sindicatos dos professores, sabem bem que eles ficam e são os donos, mesmo se no caminho vão trucidando os desgraçados ministros que lhes caem pela frente.
Por isso, mete dó a atitude do PS, cujos ministros tão fustigados foram, indistintamete pelas virtudes que evidenciaram (mas desagradaram aos poderes burocráticos e sindicais), ou pelos erros que cometeram. Mete mesmo dó que o PS não queira distinguir erros políticos de erros técnicos, culpando exclusivamente o ministro por uns e outros.
Perante esta atitude de idiotismo útil, claro que muitos já estão a pensar, se não mesmo a dizer: ri-te, ri-te, que na volta cá te espero!...

5 comentários:

Bartolomeu disse...

Não tenha dúvidas, caro Dr. Pinho Cardão,«... muitos já estão a pensar, se não mesmo a dizer: ri-te, ri-te, que na volta cá te espero!...».
E se o Senhor não percebe porque o pensam e o dizem, basta que faça uma retrospetiva do que têm sido e como têm sido os governos, após a revolução de Abril.
O "na volta cá te espero" que antes era afixado em toscos cartazes à porta das tabernas que se localizavam no percurso que conduzia aos cemitérios, passou a ser palavra de ordem dos partidos que estão na iminência de deixar de ser governo, dirigida aos que já antes o foram e não fizeram menos merda que eles e perfilam para ascender ao lugar que lhes permite baixar as calças e descarregar a tripa sobre as cabeças daqueles que nem direito têm a ter cu.
Ah; e a propósito de "volta" lembrei-me dos carroceis da antiga feira popular, em que os "animadores" anunciavam estridentemente e em tom de feira: maaaiiiis uuuma voltinhaaaa, eeeestaaa jááá teerrrminou!

Rita disse...

Problemas na colocação não são novos. O que é novo é implicarem alterações tão profundas já um mês depois do início das aulas, depois de uma garantia pública do Ministro de que as alterações só afectariam um número reduzido de professores e que a solução sugerida pelo SE aos professores prejudicados seja recorrerem ao tribunal. A gravidade disto não se compadece com comparações com o passado. Choca em especial com o discurso do Ministro, sempre com exigência, rigor e disciplina na ponta da língua.
Mãe do ensino público (o orçamento não dá para privado)

Pinho Cardão disse...

Cara Rita:
Eu também atribuo responsabilidade ao Ministro, quanto mais não seja responsabilidade moral e política. Mas a responsabilidade objectiva e operacional foi da tecno-burocracia que criou um programa informático com erros manifestos. Essa tecno-burocracia tem que ser responsabilizada, sob pena de erros similares se repetirem, aliás a exemplo do passado, e os ministros continuarem a ser trucidados. Mas sindicatos, professores, associações de pais, etc, etc, alguém critica os burocratas? Não, só se critica o Ministro. Até parece que os erros são uma bênção para essa gente.
Quanto à gravidade dos efeitos, claro que é indiscutível. Como também foi no passado.

Pedro disse...

1- "(...)a solução sugerida pelo SE aos professores prejudicados seja recorrerem ao tribunal(...)" --> alguem sabe dizer como está o funcionamento dos tribunais, neste preciso momento ???

2 - "(...) Choca em especial com o discurso do Ministro, sempre com exigência, rigor e disciplina na ponta da língua (...)" --> perante o discurso do Ministro "Matematico" Crato, é suposto termos então tolerancia e condescendencia com o Ministerio e o seu responsavel maximo ?

3- Neste momento, em Portugal, 2 dos pilares do nosso Futuro comum - Justiça e Educação - estão a atravessar momentos altamente disfuncionais e de visivel desnorte... e o que devemos é apontar o dedo aos criticos ?

É caso para agora eu dizer: "Não sejam piegas", deixem lá os criticos criticar, pois que os responsaveis "irrevogavelmente" aguentam! "ai aguentam aguentam !"

João Pires da Cruz disse...

Tudo isto é consequência da mentalidade "republicana" de se assumir que o estado somos todos nós e que o estado manda (tão presente nos discursos do PR - tinha que meter alguma culpa nele...).

A verdade é que "alguém" conseguiu que se visse um ministro como um obreiro daquilo que o estado faz e não um protector daquilo que o povo quer. E o ministro tem que perceber disto e daquilo, e tem que fazer isto e aquilo e, no fim do dia, o estado, o conjunto de criados que existem para nos servir, são os únicos que estão dispensados de o fazer....

O estado não "somos todos nós". "Todos nós" é o ministro. O estado é a demais criadagem que está lá para fazer. Não fez aquilo que o ministro mandou então dizer que a culpa é do ministro é uma estupidez, porque implica que a culpa seja nossa. E "nós" não resolvemos porra nenhuma do problema.

Culpa de um ministro é a bodega do imposto sobre o "storage" para pagar direitos de autor porque é um político a funcionar como protector do estado em vez de se portar como protector do povo.


Mas vá-se lá meter isto na cabeça de gente que até acha bem que os seus criados façam greve...