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domingo, 19 de outubro de 2008

Lisboa não merece e os lisboetas também não...

Lisboa é uma cidade lindíssima, cheia de luz e de mar, carregada de história, rica em património e tradições, pitoresca no seu bairrismo e com muitas outras coisas bonitas a que a sensibilidade e o bom gosto não deveriam resistir em reconhecer.
A situação geográfica de Lisboa faz dela uma cidade com encanto muito especial. O estuário de rio que nela se espraia numa extensão de cerca de 14 km oferece a Lisboa um espaço público único para os seus habitantes e visitantes o desfrutarem e gozarem.
Deveria ser considerada uma localização privilegiada e a sua utilização deveria ser tratada com “pinças”, não só porque temos obrigação de conservar e apreciar a beleza que a natureza tão generosamente nos ofereceu, como também temos a obrigação de garantir que a zona ribeirinha é dos lisboetas e que Lisboa tem uma “sala de espera” que faz o encanto dos seus visitantes.
Não há muitas cidades que desfrutem desta vantagem, mas aquelas que a têm sabem dela tirar partido, oferecendo um espaço público aberto aos cidadãos. A zona ribeirinha nas mãos da nossa vizinha Espanha, para não irmos mais longe, há muito que seria um espaço de recreio e cultural de elevada qualidade.
Se é verdade que Lisboa tem muitos encantos, é preciso não esquecer que Lisboa também é uma cidade feia, desfigurada por verdadeiros atentados urbanísticos e vítima da degradação de espaços públicos antigos e de atropelos às suas tradições.
Lisboa está por estas razões mais pobre. Fizeram-se ao longo de anos coisas muito mal feitas e algumas delas deixaram marcas previsivelmente impossíveis de apagar e outras tantas coisas não se fizeram e deveriam ter sido feitas. Já era tempo de não continuarmos a estragar o que de bonito Lisboa ainda tem e de respeitarmos o que por “herança” lhe pertence.
Considero, por isso, escandalosa e vergonhosa a decisão de transformar uma parte central da zona ribeirinha, mais precisamente Alcântara, num gigantesco porto de carga e descarga de contentores de mercadorias que irá ocupar 1,5 km de extensão, mandando embora para Santa Apolónia o actual terminal de cruzeiros considerado um ponto turístico de referência para os turistas que chegam e para os lisboetas que gostam de os apreciar.
Porquê interromper a reabilitação paisagística que, embora muito lentamente, tem vindo a ser feita na zona ribeirinha devolvendo-a aos cidadãos?
Com aquela operação, mata-se mais um bom bocado de Lisboa, adultera-se uma das zonas mais bonitas, desfigura-se o recorte paisagístico e confisca-se aos lisboetas um espaço público que por "direito" lhes pertence, tudo em nome de uma plataforma logística de carga e descargas de contentores.
Miguel Sousa Tavares denuncia este fim-de-semana em “Assalto a Lisboa” no Expresso que “Tão absurdo projecto só pode ser fruto de uma imbecilidade inimaginável ou… de uma grande, grandessíssima, negociata” entre o governo e a Liscont/Mota Engil, “perante o silêncio atordoador de António Costa, presumido presidente da Câmara de Lisboa”.
Seja o que for, o que me preocupa agora é saber que esta barbaridade pode ir mesmo para a frente e que depois não haverá nada a fazer...

21 comentários:

Tiago Moreira Ramalho disse...

O Blog Catita desta semana é o Quarta República. É um dos blogues mais lidos e mais respeitados da blogosfera nacional, com um painel de contribuidores de meter inveja a qualquer blogue e com uma qualidade nos textos que, de tão rara, é de aplaudir. Esteticamente é muito interessante, com o seu estilo "sombrio" de cores pesadas, mas ainda assim, muito bonito.

abraço,

TMR

mafegos disse...

O problema deste país é que quem denuncia,também deve estar calado.
Ninguém duvida que existe uma grande negociata,não é por acaso que o dito senhor PS foi para a MOTA-ENGIL.
Somos um país de corruptos e o Tavares,que escreve livros,que nunca se esqueça que existiu um caso Dopa ,cujo julgamento nunca chegou ao fim e "os bandidos"ficaram a ganhar e os que perdem com as actuais "negociatas"foram os mesmos que ficaram a perder com o "tal caso".
na minha terra diz-se,quem tem telhados de vidro ,não deve atirar pedras aos vizinhos.

Anónimo disse...

Meu caro Tiago Moreira Ramalho, muito obrigado pela distinção que o 4R mereceu no seu http://oafilhado.blogspot.com/. É sempre bom ler palavras como as que nos dirigiu. São um grande estímulo, creia.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Tiago Moreira Ramalho
O José Mário Ferreira de Almeida já fez os agradecimentos da "casa" mas ainda assim não quero deixar de lhe expressar um muito obrigada e a vontade que temos de continuarmos a ser um "Blog Catita".

Anónimo disse...

Muito pertinente o seu post e sempre actual.
A capacidade de atracção de Lisboa merece mais do 4R. Até numa prespectiva económica, mesmo de crescimento, Lisboa e o seu estuário, podiam fazer a diferênça. Portugal não é só Lisboa, mas o resto da paisagem beneficiaria da visibilidade da capital.
Sobre os contentores, sugiro uma viagem nocturna pelo tejo. A beleza é brutalmente interrompida pela parede verical que os contentores erguem. A luz da cidade deixa de chegar ao rio, é uma zona morta, triste.

antoniodasiscas disse...

Cara Margarida
Este desaforo fica mal a quem quer que seja e ainda mais criticável é quando é uma " equipa de luxo, de verniz chucha ", com altos dignatários do urbanismo internacional - procurem na vereação - que permite, se quiserem, viabiliza, se quizerem ainda, dá continuidade, a esde desmando cujas consequências vão demorar certamente séculos a emendar. Com coelhos salgados ou bons de sal, com costas altas ou diminutas, a pouca vergonha é a mesma e tanto faz tratar-se deste ou daquele usufrutuário, para que os responsáveis desta vergonha, passem à história da cidade como figuras tétricas - belo eufemismo, não é - de alto coturno.

jotaC disse...

Valha-nos algumas pessoas livres e sem medo que denunciam estas e outras barbaridades que se vão praticando por este país fora, alertando desta forma as consciências para uma tomada de posição... Apesar de vivermos em democracia cada vez mais as pessoas parece terem medo de se manisfestarem e dizerem o que pensam, fazendo lembrar tempos passados.

Cognoscitur disse...

IV ENCONTRO DE BLOGUES
Universidade Católica
Mais em: http://vialatina.files.wordpress.com/

Bartolomeu disse...

Esta decisão, é sem dúvida e no mínimo, aberrante, escandalosa como a nossa estimada autora a adjectiva e imbecil, segundo MST.
Contudo, aquilo que achamos mais chocante nesta decisão, é o facto de os turistas que nos visitam, serem "atirados" para uma zona da cidade que viu passar ao lado, as requalificações que tímidamente têm sido feitas pela cidade.
Imagino que os argumentos encontrados pela edilidade para tentar justificar a decisão, possam ser a facilidade nas manobras de atracagem, assim como a centralidade do local, relativamente à cidade e às principais vias de acesso que a ligam ao resto do país.
Compreendo estes motivos, se pensarmos que pouco mais à frente, existe quase que uma barreira à navegação comercial, que é feita pelos navios das carreiras de transportes, e se pensarmos que o tráfego de navios porta-contentores, deve ser significativo, e se juntarmos a tudo isto, as difíceis condições meteriológicas que sobretudo na época de verão dificulta a navegabilidade, devido à agitação das águas do rio, às fortes correntes, e aos frequentes nevoeiros, entendemos com facilidade que, colocando os navios de carga a atracar em xabregas, aumentam as possibilidades de acidentes.
Por outro lado, é fácil tambem de compreender que, receber visitas, convidando-as a entrar por este maravilhoso Tejo, como tão magistralmente a Drª Margarida descreveu e depois leva-los a desembarcar naquela zona degradada; é similarmente, como convidar-mos alguem para visitar a nossa casa, que por sinal é uma maravilhosa moradia, com jardim, alpendre, piscina, etc. e depois, fazemo-los entrar pela porta da arrecadação, onde guardamos os trastes velhos, partidos e sem serventia. Duvido que aquelas visitas guardem vontade de regressar à nossa casa.
Alternativa?
Para terminal de contentores, acho aquela zona muito apropriada, para cais de desembarque de turistas, acho que poderia ser feito um bonito cais na zona de Algés, ou da Cruz Quebrada.

Bartolomeu disse...

Errata: A meio do 4º parágrafo, onde escrevi verão, deveria ter escrito inverno. Estou em crer que este teclado tem uma estranha vontade-própria.
:(

Anónimo disse...

Há aqui duas questões a considerar:

1) Queremos ter ou podemos dispensar um porto comercial de mercadorias em Lisboa? É que as implicações de Lisboa deixar de ter porto são muito vastas ao nível de toda a economia regional e com impactos mais além. A partir do momento em que se responde a esta pergunta, à qual muito dificilmente se responde negativamente por tudo o que isso implica, não temos volta a dar senão com a ampliação do porto de Lisboa e a passagem dos navios de cruzeiros para Santa Apolónia. Porque não passarem os de carga? Para certos navios, apenas naquele cais em frente à Gare Marítima é possivel a acostagem dadas as profundidades requeridas. Em Xabregas era inviavel manter essa possibilidade. A outra alternativa, claro, era assumirem-se os prejuízos financeiros e, sobretudo, económicos, de abdicarmos da existência dum porto comercial em Lisboa.

2) A outra questão aqui é o prazo da concessão à Tertir/Liscont/Mota Engil. Vejamos. É intenção do governo promover a ligação ferroviária subterrânea entre as linhas de Cascais e de Cintura, obra muito necessária, atrasada vários anos e que nem sei se será desta que é feita dadas as questões de maior endividamento. Mantendo-se o porto onde está e com esta concessão, a Mota Engil paga uma parte da obra. Doutra forma teria o Estado que arcar com os custos integrais duma obra já de si caríssima e com uma complexidade técnica razoavel.

Anónimo disse...

Meu caro Zuricher, creio que pôs o dedo noutra ferida, sem que a entrada da Margarida Corrêa de Aguiar perca o que quer que seja da sua inquestionável pertinência. De facto, a questão prévia é a de saber se o País pode dispensar um porto de águas profundas em Lisboa. Dá-se por assente que não pode. Mas não pode mesmo? Setúbal ou mesmo Sines não têm essa capacidade, sendo certo que muitas das mercadorias não se destinam á região de Lisboa e podem seguir, sem grande acrescimo de custos, para parques logisticos situados quase à mesma distância de Lisboa?

E já agora. Em tempos que já lá vão os grupos de interesses ligados ao sector portuário (aliás, poderosos) chegaram a estudar e a propor que o porto de águas profundas e o parque de contentores se situassem entre Algés e a Cruz Quebrada, mais propriamente ali onde se situavam a velha fábrica da Cimianto e a dos Fermentos Holandeses (em frente ao complexo do Estádio Nacional).
Não seria uma alternativa mais válida para os navios de cruzeiro do que Santa Apolónia, como sugere o caro Bartolomeu, aproveitando de resto para qualificar aquela zona em adiantado grau de degradação?

Um último apontamento. Percebo que o impacto financeiro da obra de enterramento da linha férrea tenha motivado o governo à prorrogação do prazo da concessão, convencionando (ou esperando convencionar) uma comparticipação nos seus custos por parte da concessionária.
Pergunto-me, porém, se não se pagará um preço bem maior pela perda de um bem dificil de substituir como o é a frente única do rio Tejo em Alcântara. Sobretudo se existirem alternativas.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Agitador
Pois tem muita razão quando diz que Portugal não é só Lisboa. Temos muitos problemas e desafios para resolver de norte a sul do País. O turismo é estratégico para Portugal. Lisboa sendo a capital é um "cartão de visita". A sua localização geográfica ímpar e o seu património fornecem-lhe excelentes condições para ser uma cidade turística. Construir um porto de contentores no meio da cidade, numa das zonas mais bonitas de Lisboa, é um atentado.

Caro antoniodasiscas
Não conheço os contornos da operação, os termos do negócio, as contrapartidas económicas e financeiras que responsabilizam o Estado e as entidades privadas envolvidas, assim como não conheço qual é o valor económico e social do projecto.
Seria bom que tudo isto fosse do domínio público e muito bem explicado. A Câmara Municipal de Lisboa remeteu-se ao silêncio e ainda não deu uma satisfação aos lisboetas sobre o projecto e os benefícios/prejuízos que gera para Lisboa.
Com mais ou menos negociata, certo é que o que vai ser feito vai estragar Lisboa.

Caro Bartolomeu
O seu teclado sabe o que é bom! Inverno? Não, o Verão é bem mais agradável!
É interessante a sua intervenção na busca de encontrar uma solução nobre para atracar os cruzeiros. Também concordo consigo que levar os turistas para Santa Apolónia não é solução. Sendo certo que um porto de cruzeiros em Algés seria muito mais bonito, o problema da construção de uma mega logística de contentores no centro de Lisboa é um absurdo. Já hoje o movimento de contentores naquela zona, que se pretende justamente ampliar, rouba à zona ribeirinha a fruição de um espaço público vocacionado para o recreio, a cultura, para tudo menos uma actividade industrial em plena Lisboa.
Caro Bartolomeu a ideia de os turistas desembarcarem na Crua Quebrada é preferível a Santa Apolónia, mas o problema dos contentores em Alcântara fica por resolver.

Caro Zuricher
Não sendo especialista em infra-estruturas portuárias e de caminhos-de-ferro, questiono-me sobre se foram estudadas outras soluções para a localização do porto comercial. Não seria outra localização que impediria o Estado de estabelecer, se tal provasse ser vantajoso para os contribuintes, as condições da exploração da concessão - prazo e preço - mais convenientes para o interesse público.
Não ponho em causa a necessidade de um porto comercial, mas entendo, no entanto, que a decisão da sua localização não deve estragar uma das zonas mais bonitas de Lisboa, também ela necessária para a qualidade de vida dos seus habitantes e muito importante para o turismo. O futuro de Lisboa, a sua sustentabilidade, passa, de acordo com responsáveis políticos e economistas, passa pelo turismo. Ora, se assim é, seria bom não inviabilizarmos o que tem valor turístico.

Anónimo disse...

Caro Ferreira de Almeida, uma muito pequena parte da carga contentorizada que se movimenta no porto de Lisboa não se destina à região. Dadas as acessibilidades existentes, o hinterland do porto de contentores de Lisboa é de curta/média distância, apenas marginalmente excedendo a região de Lisboa e vale do Tejo e a Peninsula de Setubal. Por comparação, o hinterland do porto de Sines alcança Madrid com vastas áreas em que se sobrepõe aos hinterlands dos portos de Algeciras e Valencia. E não nos podemos esquecer, também, que o porto de Lisboa movimenta mais contentores do que Sines ou Leixões. Em 2007 os valores foram de 557147 TEU em Lisboa, 446398 TEU em Leixões e 150038 TEU em Sines. Por estes números vemos a dificuldade de mudar o porto de contentores para Sines, Leixões ou mesmo outra localização (Setúbal? Peniche?). Obrigaria a investimentos elevadissimos em qualquer desses sítios, não apenas na construção/ampliação do porto mas também das suas acessibilidades, bem como na instalação de capacidade (comboios e camiões) para o transporte e plataformas logísticas na região de Lisboa. Há a contar também com os custos acrescidos de transporte para os importadores/exportadores, com o aumento do número e distância das deslocações de camiões e comboios e os impactos de tudo isto na economia regional.

A grande questão aqui é o porto de contentores em Alcântara portanto podemos abstrair-nos do resto do porto, os terminais de graneis sólidos e liquidos, os terminais multipurpose, etc, etc.

Mudar o porto comercial de passageiros para Algés / Cruz Quebrada, sinceramente não lhe sei responder a isso assim directamente dado nunca ter estudado o assunto. Todavia, construir um porto nessa zona levanta, logo de antemão várias questões complexas. Começa logo pela questão das ondulação que é bastante mais forte aí do que em Alcântara ou Santa Apolónia com os problemas que traz não tanto à acostagem dos navios (ainda assim a acostagem seria inviavel nalguns dias do ano) mas sobretudo ao movimento dos passageiros. Depois há uma questão de hidraulica muito complexa que é, para onde vai a água que é empurrada pela construção dos cais de acostagem. Apenas com um estudo muito aturado sobre isto se poderia chegar a alguma conclusão mas temos as lições aprendidas com a construção do actual terminal de Alcântara donde podemos beber alguma experiência. Foi precisamente por causa dessa construção que a Cova do Vapor praticamente desapareceu e que a Costa da Caparica diminuiu de tamanho. A água empurrada dali para algum outro lado vai e é importantissimo saber-se para onde e como vai. Serão estes dois motivos suficientes para inviabilizar a construção dum porto para passageiros na zona Algés / Cruz Quebrada? Não posso dar certezas mas o meu feeling é que, mesmo que não outros, apenas estes dois, seriam suficientes para causar engulhos muito grandes a essa localização. Estas questões não se colocam mudando o terminal de passageiros para Santa Apolónia dado já aí existir o cais de acostagem.

Portanto termino exactamente como comecei. A questão aqui é optar-se pela vista ou por um porto de contentores quantificando-se os benefícios e prejuízos duma coisa e da outra.

André Tavares Moreira disse...

Cara Margarida,

Já há muito tempo não comentava os seus posts, mas voltei!

Antes de assumir a minha paixão incondicional pelo Porto, confesso que Lisboa sem benfiquistas estaria ao nível. Hehe. Penso que caro Pinho Cardão concordaria!

Falando de coisas mais sérias e num tom bastante mais sério, considero que o caso da Mota Engil começa a dar um ar de América Latina a esta situação. Desde a nomeação de Jorge Coelho para a empresa tem sucedido uma série de episódios tristes e de claro "clientelismo". Ainda ontem ouvi no programa eixo do mal, que a liscont tinha renovado pro mais 27 anos uma concessão, sem concurso público.
Como aluno do curso de direito, desde cedo fui obrigado a interiorizar a definição de interesse público. Nesta situação, dá-se uma total subversão do interesse público perante o interesse privado. Quando será que esta triste realidade, deixará de ser prática corrente num país que se diz de primeiro mundo?

Anónimo disse...

Cara Margarida, sabe, há uma coisa muito interessante neste assunto. Em todo o mundo cidades com portos comerciais têm esta mesmissima discussão, este mesmissimo problema, exactamente o mesmo dilema: aproximar o rio das pessoas ou permitir que em certos locais da fachada marítima ou fluvial haja um porto comercial.

É uma discussão muito antiga e universal. Mas, saliente-se, nem por isso menos meritória porque, por vezes, de discussões destas sai a luz!

Bartolomeu disse...

É sempre grande o interesse com que leio os comentários do nosso amigo Zuricher.Pela forma e pelo conteúdo que se baseiam sempre num conhecimento que me parece vasto, coerente e despretencioso.Ao jeito do favoritismo Bartolomeunesco. ;)
Vamos ao quintressa.
Relativamente a Algés, (terra onde nasci e morei até aos trinta e tal anos) e ao problema que aponta, relativamente ao estado do mar em determinadas épocas do ano, com especial relevância para aépoca das mares altas, que no inverno com os períodos de maior pluviosidade, está prevista a construcção de um quebra-mar desde a catástrofe que ocorreu nos anos setenta, a qual não ocorreu ainda.
Relativamente ao problema da conquista de espaço às águas, posso garantir-lhe caro Zuricher, que a praia de Algés, que eu conheci perfeitamente, quando ela era ainda uma das boas praias da linha, não alcançava o espaço que está hoje ocupado pelos aterros que foram ocorrendo ao longo das décadas. Nesse sentido, penso que, retirando terras, construíndo o quebra-mar previsto, que seria lançado da zona da foz do rio Jamor, seria restituído ao estuário do tejo um espaço importante e o novo porto turístico teria um enquadramento paisagístico suberbo. Apesar de como realça o Dr. José Mário, estarem garantidos os acessos às zonas nobres da costa tanto no sentido de Cascais, como de Lisboa, quer pela marginal, quer pela auto-estrada.
So desejo acrescentar uma nota a este comentário: Apesar de ser natural de Algés e de ter usufruído daquela praia, não possuo terrenos naquela zona ribeirinha. :)
(tens sempre de dizer uma parvoíce, Bartolomeu, Irrra!)

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro André
Pois seja muito bem reaparecido!
Passei recentemente um fim-de-semana prolongado no Porto e fiquei agradavelmente surpreendida com a mudança para melhor que está a acontecer na cidade. Está mais cuidada, com espaços bem arranjados para fruição pública, as zonas antigas estão aos poucos e poucos a ser reabilitadas, vi mais zonas verdes. O mesmo não se passa em Lisboa, infelizmente...
Vamos, então, a coisas mais sérias. Também li que a renovação da concessão de exploração do porto por mais 27 anos foi atribuída sem concurso público à actual concessionária, a Liscont. Não sei que fundamento poderá ser legalmente invocado para justificar, num caso como este, o ajuste directo!? O Caro André, aluno de direito aplicado, tem resposta que nos ilumine sobre a questão?

Caro Zuricher
Acrescentaria que a discussão não se fez, numa matéria da maior importância, como muito bem refere no seu anterior comentário.

Caro Bartolomeu
Uns “terrenozitos” em Algés até que seria um bom investimento! Quem é que não gosta destas "parvoíces"?

Anónimo disse...

Agradecido pelos seus esclarecimentos, meu caro Zuricher.

jp disse...

Era uma vez uma cidade que decidiu reabilitar uma zona outrora industrial, Alcântara de seu nome.

Ele era um PDM de pormenor, eles eram arquitectos de renome e projectos de autor. Tudo em nome de criar, depois da expo, o novo espaço urbano de Lisboa onde o cidadão privaria com uma envolvente exemplar e com o tejo pela frente.

E foi com este lindo sonho que foi inaugurado o Alcantara Rio, um projecto de Valssassina, designado pelo Presidente da CML de então como um exemplo de recuperação urbana e premiado com o prémio Valmor.

Cinco anos depois, a realidade é dura e cruel. O plano de reabilitação foi interrompido. As discotecas "licenciadas" violentam noite após noite os pacientes moradores. As operações dos comboios de mercadorias, frequentemente noturnas e a altas horas da madrugada, fazem questão de acordar, com silvos assustadores a vizinhança e arredores. Para completar o pesadelo de quem vive nesta zona, as inundações sempre que chove 1/2 hora um bocado mais que a conta. Lembram-se dos 200 carros para a sucata Em Fevereiro? No último sábado por sorte os moradores sairam ilesos. Mas, quando pinga do céu, dormem com um olho aberto à espera novamente do pior.

E agora, o tejo vai ficar tapado pela barreira de contentores. Fala-se que são cinco anos de obras mesmo ali à frente no fim da Av. de Ceuta. Para mal dos seus pecados, quem aqui mora não teve a lucidez de comprar casa em Algês. Porque assim já teria direito a confrontar-se com um cais de embarque de paquetes. Assim fica com os comboios e os contentores e contente-se com a desvalorização galopante do seu património para que outros patrimónios se valorizem, provavelmente noutras zonas mais nobres de Lisboa.

Do Presidente da Câmara e seus vereadores, face a todas estas desgraças e arbitrariedades, as suas preocupações para Lisboa são, ouvimos recentemente, criação de pistas para ciclistas.

Ora bolas. Não podiam ter ido para outro lado criar um monstruoso centro de logística. Logo num sitio tão simpático?

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro politicoacidental
É imperdoável o erro que vai ser cometido.
É difícil ficar insensível à construção de um edifício de vários andares de contentores em cima da Frente Ribeirinha!