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sábado, 18 de outubro de 2008

A questão

Volta a pergunta:
Quase no final da legislatura, está o País e estão os portugueses melhores do que quando este governo iniciou funções?

18 comentários:

Rui Fonseca disse...

Depende de que portugueses estamos a falar.

Se pensarmos nos portugueses que lêm este blog, a maioria dirá que está muito pior. E eu não tenho a certeza que seja assim.

Se pensarmos nos portugueses em geral, relativamente aos quais as sondagens anunciam que o governo está outra vez à beira da maioria absoluta, a opinião da maioria vai no sentido que estão melhor ou a alternativa seria (e será) pior.

A verdade é que, decidindo-se as eleições em função do passado (as oposições não ganham eleições, são os governos que as perdem) parece que que se o passado não foi brilhante para o futuro ninguém se apresenta melhor.

E é aí que está o nó das nossas angústias colectivas. Que ninguém, ao que parece, sabe desatar.

Tonibler disse...

Ao contrário do rui fonseca, acho que depende da perspectiva. Mal estão todos, pior depende da perspectiva que se tinha na altura e agora. Mas estão tão mal que a pergunta se coloca em termos de legislatura.

Anónimo disse...

Percebo a sua perspectiva, meu caro Rui Fonseca. A questão, porém, não é se a alternativa ao governo é melhor ou pior, mas se o saldo da actuação deste governo exige uma alternativa.

Anónimo disse...

Meu caro Tonibler, a questão tem de se colocar em relação à legislatura. Não entendo como se tolera que este governo entenda que nas eleições que se aproximam são ainda os governos de Barroso ou de Santana Lopes que estão a ser julgados. Não podem estar. Por isso é fundamental que as pessoas percebam que é indispensável pensar nos saldos da governação.

Rui Fonseca disse...

Caro Ferreira de Almeida,

Admitamos que o saldo é negativo, muito negativo até, se quiser.

Precisamos de alternativa.

Onde está ela?

Tonibler disse...

Eu falei da legislatura porque se um país depende da qualidade dos políticos que coloca no parlamento então está mesmo condenado e, nesse aspecto, se está melhor ou pior é quase irrelevante. Está mau o suficiente.

jotaC disse...

"Por isso é fundamental que as pessoas percebam que é indispensável pensar nos saldos da governação."

Dá que pensar este conceito que o caro Drº Ferreira de Almeida introduziu aqui...
A meu ver a questão resume-se realmente a isto...excelente.

Bartolomeu disse...

Se fosse fácil isolar num único sentido, ou em multiplos sentidos, mas todos perfeitamente defindos entre si, as diferentes prespectivas de avaliação do que tem sido a actuação deste governo desde que foi eleito, acredito que se pudesse chegar à cómoda conclusão da inevitabilidade. Na prespectiva de portugueses que assistem à degradação sistemática, ao desmoronamento constante e imparável do edifício Portugal, em toda a sua estructura, desde os alicerces à cobertura, motivadas pela incapacidade da gerência de condomínio... penso.
Não será melhor deixar o edifício ruir por completo e nessa altura, avançar então com uma taskforce, capaz de edificar um novo edifício, criando estructuras apoiadas em conceitos e estéticas adequadas, planeadas para funionar?
Estou a recordar-me do ano de 1755, Novembro e de um homem Sebastião e Melo...

Anónimo disse...

Já é um começo, meu caro Rui Fonseca, já é um começo concluir-se que é necessária uma alternativa!

A verdade, meu caro Tonibler, é que os sucessos ou insucessos da governação dependem muito da qualidade, inteligência e espírito de serviço público dos políticos. Não há volta a dar-lhe. Mas também aqui, deixe-me que lhe diga, não transitou em julgado qualquer condenação do País que o leve a ter, para sempre, dirigentes mediocres. Creio que todos poderemos fazer algo, por pouco que seja, por ajudar à exigência na "selacção" futura. As suas críticas, os seus comentários, as suas entradas no Tonibler (o blogue), quando justas e acertadas, são isso mesmo, formas de participação activa para que isto melhore. Outros o tentam fazer também. Água mole em pedra dura...(para quem acredita).

Meu caro jotaC, seria um exercício importante que, com objectividade, se fizesse um balanço entre o que de positivo resultou das políticas deste governo e os seus falhanços. Sei bem que não é fácil fazê-lo, porque pressupõe afastar aparências e virtualidades que magistralmente a Maioria tem criado e que perturbam a percepção das coisas.
Caberia em primeira linha à Oposição fazê-lo. Ainda há tempo...

Pois é, meu caro Bartolomeu. O problema é que dentro desse edifício a ruir estamos todos nós. Vê hipótese de sobreviver algum Sebastião José se, como sugere, deixarmos que não fique pedra sobre pedra?
Olhe que é melhor não arriscar...

Carlos Monteiro disse...

Caro Ferreira de Almeida,

A forma como coloca a questão é um tanto ou quanto naif. Primeiro porque se a intenção da sua pergunta é fazer-nos reflectir sobre o mandato e levar-nos a concluir que estamos pior, o resultado poderá ser o contrário. Temos hoje melhores contas publicas, as reformas na administração publica começaram a sério, foram feitas reformas na SS, na Justiça e sobretudo o sistema de ensino foi revolucionado, assim como a Saúde. Este governo enfrentou e levou a cabo lutas contra lobis que antes ninguém enfrentava.

Agora, se esperávamos outra coisa com mais qualidade, sim. Mas temo que o Rui Fonseca tenha razão. Não há alternativa.

O meu caro Ferreira de Almeida precisa ter cuidado com estes posts ou ainda vai dar maioria absoluta ao Sócrates :)

Bartolomeu disse...

Perdoe-me a insistência prezado Dr. José Mário F.A., mas sem querer armar-me em profeta da desgraça, parece-me que o estado calamitoso a que chegámos, não deixa hipotese viável a qualquer alternativa que possa surgir. Essa será uma "phenix" que se imolará, mas que não renascerá das cinzas.
No cenário actual, ja estão ultrapassadas todas as hipoteses de, governando democráticamente, ou seja, observando com rigor tudo aquilo que a nossa constituição consagra. As alternativa, no estado em que o país se encontra, é so uma, a ditadura.
Prefiro o "abanão"!

Carlos Monteiro disse...

O meu caro Bartolomeu certamente será recebido de braços abertos em Cuba, na Coreia do Norte ou em Myanmar, já que aprecia tanto o género de regime...

Anónimo disse...

Verifico que os comentários do meu caro cmonteiro dão afinal razão às minhas últimas notas.

As contas públicas estão melhores? À custa de quê? À custa da redução da despesa como se esperava, ou antes por causa da permanente agressão fiscal ao contribuinte? Não nego que se tenham dado passos positivos neste campo, continuando trabalho do passado no sentido de melhorar a eficácia da máquina fiscal, o que é apreciável, mesmo que a Maioria omita que, na base, está um modelo por outros concebido e por outros iniciado. Mas que isso se tenha traduzido em melhorias na vida das pessoas, não tenho qualquer dúvida que não se traduziu.
A sua percepção é a de que as reformas da administração começaram a sério? Isso é assim porque o meu Amigo acredita na propaganda oficial, ou porque tem experiência pessoal de contacto com a Administração?
A reforma da Administração empreendida por este Governo é o maior sucesso, isso sim, da aposta nos métodos de ilusão, muito para além do discurso político. Mas a realidade traduz-se, meu caro, num enorme ´flop´. Excepção, há que reconhecê-lo, para as medidas de introdução das novas tecnologias sobretudo nos domínios das relações entre os cidadãos com a Administração, se descontados os manifestos abusos no que há invasão da privacidade das pessoas diz respeito.
Reformas na justiça, meu caro?! Quais? As que vão atrás das conjunturas, ou as que assentam no método tentativa-erro, catastróficas para uma das mais relevantes funções da soberania interna?
Pode o meu caro Monteiro dizer-me que alguns tribunais foram aliviados de pendências. Mas isso traduziu-se em melhor justiça para o cidadão e sobretudo para as empresas? Se está convencido disso, está o meu Amigo redondamente enganado. Esse resultado foi obtido á custa da supressão de milhares de processos de cobrança de créditos dos Tribunais ou dos estímulos negativos à litigância, como foi o caso da subida absurda das custas judiciais nos processos de massa!
Veremos em breve o resultado. E veremos na economia real, não na economia dos estudos, dos prognósticos ou das previsões que orienta tudo o que vem sendo feito neste País!
Reforma da saúde? Qual reforma da saúde? Espero que tenha tido a felicidade de não necessitar de recorrer a uma unidade de saúde pública nos últimos tempos. Veria em que é que se traduz a ideia que prepassa pelas políticas neste sector de que a saúde deve ser tratada como um negócio.
Pergunte às pessoas, às pessoas concretas do interior, que viram encerrar hospitais e centros de saúde, substituidas por ambulâncias que têm de percorrer dezenas e dezenas de quilómetros para fazer chegar casos urgentes, de uma população envelhecida e cada vez mais abandonada à sua sorte, em sítios que também são Portugal.

Bom, quando li que o meu Amigo considera que o "ensino foi revolucionado" tive dúvidas se o seu comentário não era, afinal, um exercício de fina ironia, como outros que tenho lido de si. Tive de reler a sua nota de cima a baixo para concluir que não me parece que o seja. Pelo que, pese embora o reconhecimento - que creio ser geral - da boa vontade e do esforço feito pela Ministra no propósito fazer ver que a melhoria do sistema educativo não depende de atirar mais dinheiro para cima dos problemas, depende sim de enfrentar corajosamente o problema qualidade dos recursos humanos ao serviço da educação, é verdade pouco se vê como resultados. E alguns dos que se viram, designadamente a aposta no facilitismo a benefício das estatísticas ou no virtualismo das "Novas Oportunidades", não são de molde a poder elogiá-los.

Dou-lhe razão em dois aspectos. Na reforma da Segurança Social,do ponto de vista da sustentabilidade financeira. Há que reconhecer que a reforma atingiu, ao menos no curto prazo, os objectivos que a fundamentaram. Eis um exemplo de que não é necessária a propaganda, pois não há necessidade de iludir.

O outro aspecto em que lhe dou razão é a coragem com que o governo iniciou o mandato enfrentando os lobis. Fez bem, efectivamente, e todos beneficiamos disso.
Sócrates, aí, aprendeu com Guterres. Percebeu que nunca iria a lado algum se não afrontasse os interesses corporativos, rompendo com a tradicional defesa intransigente, que fazia parte de uma treta socialista, a intangibilidade dos direitos das classes trabalhadoras, que agora descobriu tratar-se de interesses das corporações.

A forma naif com que coloco a questão, meu caro, permite contudo perceber o que é fundamental que se perceba. E as suas observações, dão-me razão (os naif também são filhos de Deus e têm direito a ter razão). Esta Maioria quer furtar-se ao julgamento. Percebe que se as pessoas compararem as expectativas criadas e a realidade do dia-a-dia não será tão fácil a conquita do poder. Sócrates sabe como é volátil a política!
É clara a estratégia de colocar em julgamento quem não ia ao volante e por isso não pode ser responsável pelo acidente. Ora, porque isso não é politicamente honestos, a meu ver não deve ser tolerado.

Como o meu Amigo vê, pelos exemplos dados, mesmo naif, a questão permite as respostas que se impõem. E o debate à volta delas.

Anónimo disse...

Meu caro Bartolomeu, não sendo tremendista, não acredito nas vantagens das situações extremas, salvo naturalmente em condições extremas. Sou, por convicção, um reformista. Creio na capacidade dos sistemas se regenerarem e prefiro mil vezes que se reabilite o que necessita de reabilitação do que se recontrua após um terramoto.

Carlos Monteiro disse...

Estimado Ferreira de Almeida,

O meu Amigo esmagou-me. Vou tentar 'desencarquilhar-me'; Por naif quis dizer-lhe que a maioria do eleitorado não olha para o que foi feito, mas ao mal menor. É triste mas é verdade.

Podia tentar rebate-lo ponto por ponto, mas obviamente que reconheço no meu amigo maior conhecimento dos temas que abordou, do que eu. Ainda assim tenho alguns apontamentos:

- Sim, dirigi-me ao Hospital S.José há 3 semanas atrás. A última vez que lá estive foi há 10 anos. Claras melhorias. As boas noticias foram que havia uma clara melhoria nas instalações. As más foi que fiquei a saber que uma ressonância magnética está com mais de um ano de marcações. Estamos melhores ou piores. Eu acho que estamos mal, mas aquilo é tão fraco que deve estar melhor!

- As contas públicas: Os impostos já lá estavam, caro Ferreira de Almeida. O que se passa é que estão a ser cobrados...

- Temos melhor qualidade de vida? Qual a responsabilidade da situação internacional, aquela que o governo não controla, no nosso modo de vida actual?

- A Educação; caro Ferreira de Almeida, se calhar "revolucionário" não será a melhor forma de classificar a actuação do governo, mas podemos ver claras melhorias: Os alunos não passam o dia na rua, há aulas, há aulas de substituição, os estabelecimentos de ensino têm hoje uma vocação para o aluno como nunca tiveram. Lembro-me como eram as coisas no meu tempo, caro Ferreira de Almeida, e consigo comparar... Os professores foram obrigados a trabalhar aquilo a que são obrigados. Houve facilitismos nos exames? Tirando um estudo do meu camarada Toni - publicado na VIsão - que me veio provar que o problema não é a matemática, é ela ser ensinada por pessoas que não gostam dela, os dados indicam que há melhores notas em outras disciplinas (que o meu camarada Toni despreza e que não foram objecto do estudo dele), e sobre as quais ninguém disse haver facilitismo.

Mais: Aquilo que Sócrates tem feito no domínio da informática, tanto com o Magalhães para as crianças do primeiro ciclo, como com a possibilidade de nos ciclos seguintes poderem comprar-se portáteis a preço efectivamente acessíveis é uma verdadeira revolução que trará frutos no futuro. Bem pode Sócrates ser ridicularizado com o Magalhães, mas aqui o termo "revolucionário" da sua aposta nas novas tecnologias ao alcance de todos aplica-se na sua plenitude.

Concedo-lhe que na Justiça as coisas não estão como vendem, e obviamente o meu caro tem infinito conhecimento sobre o assunto, mas ainda assim tenho a opinião que um Tribunal estar atafulhado com dívidas de telemóveis não é providenciar justiça para todos. É precisamente o contrário...

De qualquer modo, se lhe apraz, eu não votarei Sócrates. Acho que de facto há razões para não votar nele, mas não as que o meu caro refere. As minhas são um pouco mais radicais e têm a ver com a importância que deve ser dada a um programa de Governo. É neste capítulo que acho que é chegado o tempo de a classe politica credibilizar-se ou sair. Obviamente que esta minha posição, sendo partilhada pelo Garcia Pereira, perde imediatamente credibilidade...

Mas se analisar os factos à sua luz, Estimado Ferreira de Almeida, as razões para não votar em Manuela Ferreira Leite são tantas, que só posso mesmo votar em Sócrates.

Anónimo disse...

Meu caro cmonteiro, se está acompanhado de Garcia Pereira, deixe-me que lhe diga que está muito bem acompanhado. É alguém que prezo, descontadas obviamente as suas idiossincrasias e posta em relevo a inteligência que lhe devo dizer que é muita.
Aqui volto somente para deixar uma nota em relação ao que escreveu.
É óbvio que vemos as coisas de forma diferente quanto ao saldo da governação. Seja como for, a questão não deve ser posta como o meu Amigo e o prezado Rui Fonseca a põem: PARA PIOR JÁ BASTA ASSIM e tudo o que de conformismo e de falta de exigência (para com o governo e para com a oposição) essa postura significa.
Não é nessa postura que me coloco porque, antes de avaliar a alternativa (sendo certo que compreendo bem que alguns entendam que já deveria ter surgido), há que fazer uma análise séria dos resultados das políticas anunciadas e das políticas praticadas ao longo deste período em que o PS teve o poder. Exige-se que o mundo pule e avance, e confesso-lhe com toda a franqueza que nesse plano Portugal, com este governo, pulou muito mas não avançou nada. Julgo porém que só afastando o ruido e a poeira da propaganda que muitas vezes não deixam ver ou ouvir a realidade, mesmo para os espíritos menos naífes, se conseguirá chegar a esta conclusão.
Sempre a considerá-lo, meu caro cmonteiro. E grato pelos seus estimulantes comentários.

Anónimo disse...

Esquecia-me do Magalhães, cmonteiro.
Esse artefactozito electrónico, essa expressão mais elevada da revolução tecnológica que nos foi prometida no início da legislatura (choque tecnológico, não era?) condenado a ficar obsoleto daqui a uns tempos como sabe, antes de as crianças deixarem de o ser.
Para já o Magalhães (o pecêzito, não o outro, da segurança interna que também já foi pecêzito, mas deixou de ser), rendeu a Sócrates mais horas de aparição em horário nobre que as intervenções públicas sobre o desemprego, o endividamento ou a crise financeira todos juntos!
Espero sinceramente que o sucesso da política de educação não se meça somente pela introdução do Magalhães nas escolas, que aliás, tem aspectos em que vale a pena refletir.
Mas estou consigo. É um ponto a favor da governação, sim senhor, a opção por levar às escolas a inovação. Disso não tenho qualquer dúvida. Do que duvido é que a primavera seja feita só desta andorinha, repetindo que nesse plano, os problemas o sistema de ensino estão longe do alcance de quem governa. Embora quem governa tenha uma palavra decisiva na mudança.

Carlos Monteiro disse...

De uma coisa estou certo, pelo menos: O que resta dos "debates" consigo é invariavelmente um nova e muitissimo válida perspectiva sobre os assuntos, o que constitui uma mais-valia.

Muito Grato, meu caro Amigo :)