O presidente da Comissão Europeia veio dizer, finalmente, que é tempo de parar para pensar.
Já começava a ser tarde, porque de há muito que era óbvio que a Europa lá que corria, corria, mas sem pensar onde a desenfreada correria a levava. Por isso o mais avisado é mesmo parar de correr. E pensar.
O reiterado discurso de que os não francês e holandês criaram efectivamente um problema, mas que seria importante que todos os Estados se pronunciassem sobre o assim chamado tratado constitucional europeu, ameaçava assemelhar-se a autismo.
Não é saudável pensar e agir como se o tratado, o processo que a ele conduziu e o projectado aprofundamento da união política não estão em causa. Estão-no, como está, igualmente, a questão da democraticidade das instituições europeias. Não o entender e forçar mais cidadãos europeus a pronunciar-se só teria como provável consequência que aquilo que até agora não esteve em causa - a união económica e monetária - começasse igualmente a ser questionado.
Já tivémos, aliás, indícios disso mesmo, com o tal ministro italiano a reclamar pelo regresso da lira, culpabilizando a moeda única pelas dificuldades actuais da Itália.
A declaração de José Manuel Barroso, se demonstra sensatez - tardia, mas sensatez - tem porém o significado de preparar não o Conselho Europeu, mas o que virá depois dele.
Barroso limitou-se a repetir o que Tony Blair dissera um dia antes. Desalinhou, mais uma vez, das posições de Schroeder e Chirac. Saiu do "eixo", mas prepara the day after ao mais que certo flop do próximo Conselho Europeu.
Fê-lo, estou convencido, porque um passarinho lhe terá cantado ao ouvido que Blair se assumirá como lider efectivo da Europa nos próximos tempos. Não só porque é a vez de o Reino Unido presidir à União. Sobretudo porque sabe que o braço de ferro é entre um lider europeu forte, de um Estado a crescer economicamente e recentemente legitimado, e dois lideres enfraquecidos pelas cada vez mais audíveis oposições internas e inapelavelmente algemados ao insucesso da estratégia europeia dos últimos tempos e à sua delibilidade económica.
É, pois, um caso clássico a comprovar a actualidade de Maquiavel: ou se é forte ou se está com os fortes...
Já começava a ser tarde, porque de há muito que era óbvio que a Europa lá que corria, corria, mas sem pensar onde a desenfreada correria a levava. Por isso o mais avisado é mesmo parar de correr. E pensar.
O reiterado discurso de que os não francês e holandês criaram efectivamente um problema, mas que seria importante que todos os Estados se pronunciassem sobre o assim chamado tratado constitucional europeu, ameaçava assemelhar-se a autismo.
Não é saudável pensar e agir como se o tratado, o processo que a ele conduziu e o projectado aprofundamento da união política não estão em causa. Estão-no, como está, igualmente, a questão da democraticidade das instituições europeias. Não o entender e forçar mais cidadãos europeus a pronunciar-se só teria como provável consequência que aquilo que até agora não esteve em causa - a união económica e monetária - começasse igualmente a ser questionado.
Já tivémos, aliás, indícios disso mesmo, com o tal ministro italiano a reclamar pelo regresso da lira, culpabilizando a moeda única pelas dificuldades actuais da Itália.
A declaração de José Manuel Barroso, se demonstra sensatez - tardia, mas sensatez - tem porém o significado de preparar não o Conselho Europeu, mas o que virá depois dele.
Barroso limitou-se a repetir o que Tony Blair dissera um dia antes. Desalinhou, mais uma vez, das posições de Schroeder e Chirac. Saiu do "eixo", mas prepara the day after ao mais que certo flop do próximo Conselho Europeu.
Fê-lo, estou convencido, porque um passarinho lhe terá cantado ao ouvido que Blair se assumirá como lider efectivo da Europa nos próximos tempos. Não só porque é a vez de o Reino Unido presidir à União. Sobretudo porque sabe que o braço de ferro é entre um lider europeu forte, de um Estado a crescer economicamente e recentemente legitimado, e dois lideres enfraquecidos pelas cada vez mais audíveis oposições internas e inapelavelmente algemados ao insucesso da estratégia europeia dos últimos tempos e à sua delibilidade económica.
É, pois, um caso clássico a comprovar a actualidade de Maquiavel: ou se é forte ou se está com os fortes...
1 comentário:
Concordo consigo, Ferreira d'Almeida, e receio bem que essa seja uma opinião já muito generalizada. Lá diz o ditado "que a luz alheia não te fará claro se luz própria não tiveres" e é essa falta de "luz própria" que encandeia os cidadãos e lhes retira a confiança nos que eram supostos liderar os destinos da Europa
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