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domingo, 26 de junho de 2005

O sufoco da despesa pública

Fez bem Marques Mendes ao classificar de “escândalo” o orçamento rectificativo apresentado pelo Governo à Assembleia da República. A barreira psicológica dos 50% foi finalmente ultrapassada: a despesa pública equivale a um pouco mais de metade do produto nacional.

Decerto que os assessores do Governo já estão a trabalhar no argumentário para o debate e quase certo também será a invocação do modelo nórdico tão do agrado do Primeiro-ministro.

Na Dinamarca, Finlândia e Suécia, o peso da despesa pública total no PIB, para qualquer dos três países é superior a 50%. A estes países poderemos ainda juntar a Grécia, a Áustria, a França, todos eles com valores acima da barreira psicológica.

O que geralmente não se diz é que a tendência registada nos países nórdicos é para uma diminuição progressiva desse peso: Dinamarca (61,6% em 1994, 56,3% em 2004), Finlândia (62,9 e 50,7), Suécia (70,9 e 57,3), Noruega (54,1 e 46,4). Se olharmos para os países que têm conseguido escapar à crise essa tendência é marcante. A título de exemplo, Espanha (45% em 1995, 40,5 em 2004), Irlanda (44,4% em 1994, 34,3% em 2004), Reino Unido (45,3 e 43,9), Áustria (56,2 e 50,7).

O que aconteceu em Portugal? Em 1994 o peso da despesa pública equivalia a 46% do PIB, em 2004 a 48,4% e para 2005 anunciam-se 50,2%.

Este é que é o problema e o “escândalo”.

Fonte: Eurostat, Indicadores estruturais

2 comentários:

O Reformista disse...

Mas os hospitais precisam de lavatórios e muitas coisas mais. (Parece que as listas de espera não param de aumentar)
Os polícias de carros, armas, computadores.
Inglês no básico. Aulas até mais tarde, etc,etc...

A lógica de cada serviço é desenvolver-se. Aumentar, prestar mais e melhores serviços. A escalada é imparável.

Por isso continuo a pensar que o Estado deve sair das áreas mais pesadas como a Educação e Saúde.
Como: Entregando cada unidade e transformando a rede pública numa rede convencionada bismarkianas.

Vantagens: O Estado só paga os serviços prestados e não o desperdícío. Acaba-se a burocracia e os problemas dos concursos públicos. Possibilita-se a iniciativa e o investimento privado. A oferta ajusta-se à procura.Existe diversicação. Existe competição.
Mais.Para além de preços convencionados o Orçamento do Esatado dispõe para estas área pode ser congelado. Há medida que os gastos aumentam a parte suplementar passará a ser paga pelas pessoas (sem prejuizo de o estado subsidiar mais os que têm menos recursos diminuindo, na exacta medida, os que têm mais)

Esta deve ser a linha de diderenciação entre o PS e PSD.

Mas esta é uma discussão que tem que ser primeiro travada no PSD

Anónimo disse...

O problema é totalmente diferente do que é focado.
Nós estamos na União Europeia e, pelo facto de estarmos, temos um crescimento constante das responsabilidades do Estado. Todos os dias os senhores da Comissão inventam novas resoluções, recomendações, eu sei lá, que têm de ser implementadas em todos os Estados membros.
Claro que todo este lixo legal tem custos.
Portanto, crescendo as responsabilidades do Estado, deverá também crescer a despesa em números absolutos.
Os valores apresentados são em percentagem do PIB e, aqui é que está a solução. Tentar limitar o crescimento da despesa juntamente com um aumento do PIB.
Infelizmente a nossa adesão à CEE/EU, limita as taxas de crescimento da economia, isto é, a economia não cresce nem irá crescer. Como resultado a única coisa que nos resta é apertar o cinto... para sempre...